Um dia a professora chega à aula e diz:
- Meus meninos acabo de tomar conhecimento duma descoberta científica que prova, sem margem para dúvidas, que as pessoas loiras e de olhos azuis são muito melhores pessoas e muito mais inteligentes que as de olhos castanhos.
Aliás, eu sou professora, inteligente e boa pessoa porque sou loira e de olhos azuis.
Bom, e perante uma descoberta cientifica absolutamente comprovada, vou começar a organizar a aula de acordo com os conhecimentos que acabo de adquirir.
E, perante a perplexidade dos alunos, divide a turma em duas facções distintas: a dos loiros de olhos azuis e a dos morenos de olhos castanhos. Também para que não se misturassem no recreio, pôs braçadeiras de cores diferentes a uns e a outros.
Sempre que um garoto de olhos azuis respondia acertado às matérias da aula, a professora incentivava-o dizendo: - ele é bom e sabe muito mas dum garoto de olhos azuis não poderia ser de outra forma.
Porém se um garoto de olhos castanhos falhava a resposta a professora dizia: - que se pode esperar de alguém com cabelo e olhos castanhos senão que diga asneiras e que seja mau?
Se um garoto se comportava mal e tinhas olhos castanhos logo a professora atribuía a essa característica genética a razão do mau comportamento.
E se até então havia bons alunos, tanto entre os garotos de olhos azuis como os de olhos castanhos, esta estigmatização de uns e a elevação de outros, veio alterar profundamente os resultados.
Os de olhos castanhos tornaram-se mais agressivos, indisciplinados e desmotivados e os resultados caíram por igual, enquanto os de olhos azuis melhoraram a performance em todas as matérias.
Esta mesma experiência foi também feita com adultos numa escola da marinha francesa e o resultado foi exactamente o mesmo.
Quando foi explicado aos alunos duma e doutra escola que se tratou duma experiência eles contaram (os de olhos castanhos crianças e adultos) o quanto sofreram com esta estigmatização sobre algo que não podiam mudar, que os manietava e humilhava impedindo-os de viver e desenvolver naturalmente as suas aptidões. Reconheceram quanto por vezes foram cruéis para outros colegas e consideraram ter sido uma grande lição esta que aprenderam.
O ser humano acompanha as expectativas e os preconceitos que temos em relação a ele. Muito dificilmente alguém, duramente estigmatizado, consegue ter confiança em si próprio e acreditar que será bem sucedido.
O indivíduo estigmatizado é levado a pensar que, faça o que fizer, não mudará o que os outros pensam dele e, portanto, mais vale não mudar. Se é mau ainda será pior porque mesmo que o não seja ninguém acreditaria.
Em contrapartida incentivar e levar a uma boa auto-estima pode operar milagre porque, também aqui, o indivíduo procurará corresponder só que desta vez pela positiva.
Notas Soltas em Comentários:
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