INTERRUPÇÕES TERAPÊUTICAS


Segundo um estudo as pessoas com HIV que abandonam a terapia antirretroviral (TARV) e que passado algum tempo, a retomam, estão propensas a apresentar um aumento na contagem dos CD4 mais reduzidas do que quando começaram a terapia pela 1ª vez.
As piores respostas imunitárias foram observadas nos participantes com maior idade e cuja a contagem dos CD4, foram menores durante a interrupção do tratamento.
O estudo de observação utilizou dados de CASCADE, uma grande rede europeia de investigação que realiza o follow-up do estado de saúde de mais de 17.000 pessoas infectadas pelo HIV. Os autores segmentaram 216 participantes da dita rede que tinham interrompido o tratamento depois de um período inicial de, pelo menos 90 dias, e que depois o reiniciaram após uma pausa média de 14 dias.
A conclusão mais surpreendente foi quando os pacientes retomaram a TARV, a contagem dos CD4 aumentaram ao princípio como tinha acontecido durante o 1º período de tratamento, mas passados 3 meses, o aumento dos CD4 foi mais moderado.
A média de duração da interrupção do tratamento foi de 6,2 meses, dispondo de uma contagem dos CD4 numa média de 19,4 meses (faixa interquartílica 8,5-37,8) depois da nova adesão à terapêutica.
Ao comparar a taxa de aumento mensal dos CD4 à do 1º período de 3 meses com TARV e ao do 2º, comprovou-se o equivalente a um aumento de 106 células/mm3 (88 a 123) durante o 1º período de tratamento contra as 99 (74 a 119) células/mm3 depois nova adesão à terapêutica. Aos 6 meses, estes valores foram de 119 (101 a 137) contra 107 (88 a 127) células/mm3, respectivamente, 145 (126 a 165) contra as 125 células/mm3 (105 a 144) aos 12 meses, 200 /170 a 230) contra as 160 (135 a 185) células/mm3 aos 24 meses e 258 (213 a 302) contras as 197 (162 a 231) células/mm3 aos 36 meses. Em todos os casos os parêntesis, reflectem a margem de confiança de 95% [IC95%].
A equipe de investigadores também analisaram o aumento dos CD4 depois da interrupção do tratamento, comparando os CD4 durante o período da dita interrupção. Conclui-se que só esperando uma contagem de CD4 superiores a 500 células/mm3 nos indivíduos que interromperam a medicação, poderiam alcançar o nível quase normal destas células, em 3 anos.
As pessoas com mais de 40 anos, demonstraram um aumento menor dos CD4 durante os primeiros 3 meses depois de retomarem a TAVR, igual àquelas que voltaram a tomar os mesmos protocolos antirretovirais.
As respostas viro lógicas durante os dois períodos de tratamento foram similares, diminuindo a carga víral para menos de 500 cópias/ml. em 82% nos casos dos indivíduos que iniciaram A TARV pela 1ª vez e em 87% dos indivíduos que retomaram a terapêutica depois da interrupção da mesma. Durante o 1º período de tratamento, foi necessária uma média de 13,6 semanas (11,9 a 16,2) para que a carga víral diminuísse para menos de 500 cópias/ml em comparação com as 12 semanas (11 a 15) necessárias durante o segundo período de terapia.

A equipa de investigadores atribuiu o aumento pronunciado inicial dos CD4 depois do reinício da TARV à libertação dos CD4 que se encontravam na cadeia dos nódulos linfáticos quando a carga viral era alta. O mesmo mecanismo que é responsável por aumentos significativos na contagem destes linfócitos quando os indivíduos começavam a TARV pela 1ª vez. Requer mais tempo no desenvolvimento de novos CD4 e assim, espera-se que a velocidade deste aumento seja mais lenta passados 3 meses.
De todos os modos, os autores referem: "Ignora-se em grande parte o mecanismo biológico subjacente nas diferenças observadas nesta faixa posterior de um aumento dos CD4 durante [a retoma do tratamento] (...)". Não crêem que a explicação destes resultados seja uma resistência do vírus não detectada no 1º período de tratamento, já que inclui pessoas que mantiveram umas respostas viro lógicas mantidas em ambas as ondas de terapia, experimentavam uma resposta dos CD4 piores depois de uma interrupção do tratamento.
Inúmeros investigadores começaram a analisar os efeitos das interrupções de tratamento planificada (também conhecidas como interrupções estruturadas da terapêutica) depois de um estudo datado de 1999, apresentava que as possibilidades de que os pacientes poderiam tirar resultado dos benefícios da TARV ao mesmo tempo que "descansavam" da toma de medicamentos. De qualquer forma, grandes estudos clínicos em que se examinaram várias estratégias de interrupção do tratamento, não só conseguiram confirmar a sua eficácia, como levantaram preocupações sobre a segurança destas interrupções.
Ainda parece pouco provável que as interrupções planificadas sejam alguma vez recomendáveis do ponto de vista médico, a complexidade e toxicidade dos protocolos antirretrovirais, leva a que muitas pessoas infectadas abandonem o tratamento. Os autores deste estudo CASCADE sobre a interrupção da terapia, recomenda que se realize um cuidadoso acompanhamento e seguimento clínico das ditas interrupções, em casos de pacientes com mais de 40 anos e que tenham apresentado uma contagem baixa dos CD4 no passado.

Fonte: Grupo Tratamentos VIH

Tradução Composiçãp : P. Serrano

5 comentários:

alex disse...

Amigo
De paragens planificadas realmente é a primeira vez que recebo informação sobre este assunto.
Mas o que me foi dado a ver no dia a dia, é que mts amigos meus toxicodependes que começaram o tratamento e depois interrompiam e voltavam a começar , deram-se todos bastante mal, mas consumiam, portanto estamos a falar de um universo diferente.
Obg por mais estas informações preciosas
bjx

Fatyly disse...

Apesar da sua complexidade, acho muito importante a tua divulgação deste estudo CASCADE que eu desconhecia por completo.

Mas enquanto não é um dado certo, mais vale prevenir do que remediar e nunca deixar a medicação, embora muitos a abandonem por diversos factores.

Aprendi mais um bocado e obrigado Raul por isso.

Uma beijoca e espero que estejas mais ou totalmente restabelecido.

sideny disse...

Ola Raul

Muito bom este post.
é sempre bom sabermos estas coisas.

beijocas

Odele Souza disse...

Muito importante e útil estas informações Raul.

Abraço pra ti e boa semana.

f@ disse...

Olá Raul,
é bom saber... mas juro que já me baralhei toda e tenho de voltar a ler...

Adorei a imagem...

todo de bom grande abraço e beijinho das nuvens