HIV E TRANSPLANTES RENAIS


Durante os últimos anos, a base do protocolo ou protocolos da terapia antirretroviral de grande actividade (TARGA), os transplantes renais em indivíduos portadores do HIV, deixaram de ser uma utopia com uma pouca e marcada previsão de êxito, constituindo uma opção terapêutica com um resultado positivo comparável, ao alcançado pela população não infectada. Em Espanha, realizam-se transplantes renais desde 2001 e ainda que não atinjam o número de transplantes hepáticos (em 2006, foi publicado um trabalho que revelava 10 casos), a eficácia e segurança destes, foi francamente satisfatória. As novas terapias antirretrovirais conseguiram diminuir a taxa de mortalidade pelo HIV em aproximadamente 80%. Hoje em dia, as pessoas infectadas pelo HIV, morrem pelas mesmas causas que a população em geral, ou seja, por doenças crónicas, na grande maioria dos casos. Os problemas renais representam muito menos de 10% das mortes associadas ao vírus da imunodeficiência humana. Com o objectivo de avaliar a sobrevivência a longo prazo (tanto do paciente como do órgão) em indivíduos infectados que se submeteram a um transpalnte renal e comparando com a população em geral, um grupo de investigadores da Universidade Johns Hopkins em Baltimore (EUA) decidiu avançar com uma investigação sobre esta matéria.Foi avaliada uma taxa de sobrevivência do rim, assim como do paciente, durante 1 ano após o transplante em 36.492 pessoas e em 100 indivíduos infectados pelo HIV. Os dados tiveram origem pela UNOS (Rede Unificada da Doação de Orgãos), que regista as doações de órgãos nos EUA. O estudo revela dados compreendidos entre Janeiro de 2004 e Junho de 2006. Foram excluídos deste estudo, os pacientes com uma idade inferior de 18 anos e todos os outros que tinham realizado e recebido mais do que um órgão. As taxas de sobrevivência do órgão no 1º ano, foram de 94,6% em indivíduos não infectados e de 87,9% nos infectdos pelo HIV. A taxa de sobrevivência medida em 12 meses dos pacientes foi equivalente em ambos os grupos (atendendo que os indivíduos que rejeitaram o transplante, podem sobreviver através da hemodiálise). Quando se analizaram os dados, observou-se que alguns transplantes renais em indivíduos infectados pelo HIV, demoravam mais do que o normal na sua funcionalidade. Este quadro, denominado de função de enxerto retardado (DGF), reduziu a sobrevivência do rim em 30%. De facto, evidenciou-se que esta era a causa diferencial na sobrevivência do órgão entre os portadores de HIV e os indivíduos não infectados, tendo em atenção que ao eliminar os dados dos pacientes que experimentaram um DGF da análise, esta foi equivalente em ambos os grupos. Os investigadores referiram que a probalidade da função de enxerto retardado (DGF) pode reduzir-se segundo o control de certos factores de risco, como por exemplo, a idade avançada do dador e um determinado tempo prolongado do órgão sem fluxo sanguíneo (também caracterizado como tempo de isquémia fria prolongado). Estudos como este, tornam-se importantes para a detecção de factores que permitam a melhoria dos procedimentos de transplante em indivíduos com HIV. Uma melhor e apurada eficácia dos tranplantes, permitiría uma maior sobrevivência de função do órgão, como da pessoa que recebeu o transplante, permitindo desta forma, uma redução nas listas de espera de transplantes, melhorando assim o prognóstico dos indivíduos infectados pelo HIV e que esperam ansiosamente por uma oportunidade de transplante.
Fonte: Grupo de Tratamentos-VIH
Composição e Tradução: Pedro Serrano

5 comentários:

Fatyly disse...

Muito interessante este artigo e já aprendi mais alguma coisa que desconhecia.
Oxalá que continuem numa evolução positiva.

Beijos e um bom fim de semana

alex disse...

Aprendo sempre alguma coisa qd passo por aqui.Hoje não foi excepção.Tudo o que se possa fazer para prologar com qualidade a vida das pessoas infectadas c/ o maldito vírus é de suprema importância e máxima prioridade.
Vamos ter esperança e acreditar
que a cura está próxima.
Eu acredito

Beijo
amigo

Elvira Carvalho disse...

Um post interessante que me ensinou várias coisas sobre transplantes.
Um abraço e uma boa semana

Maria Dias disse...

Oi Raul...
Interessante o tema abordado aqui(muito bom mesmo).Vc sempre surpreende nos falando de tudo um pouco.Fico espantada com a medicina cada dia mais avançada.E seu coração vi bem?rs...

Beijinhos

Maria

Arnaldo Reis Trindade disse...

Venho aqui pedir desculpar pra tí Raul e pra Lídia que apesar de ausente no momento, deve estar a nos espiar por aí, pela minha ausênia ultimamente e creio que em breve terei mais tempo para visitar-los

abraços e que continuem sempre na luta e nos trazendo novidades, se possível sempre novidades boas.