VIHver


Palavras como coragem, beleza e grandeza de alma, força e vontade de viver, ocorrem-nos a todos sempre que um testemunho é atirado, como uma pedrada num charco de insignificâncias, para um espaço de partilha.
A reacção mais humana quando lemos testemunhos vindos de pessoas às quais, antes, não tínhamos atribuído significados tão profundamente chocantes é simplesmente ficarmos absortos em pensamentos. No essencial somos “boas” pessoas. Deixamo-nos comover e gostaríamos de poder fazer qualquer coisa.

Verdadeiramente, não importa quem somos. Uns mais beneficiados, outros menos (na pobreza e na riqueza, na doença e na saúde... mas onde é que eu já ouvi isto?), todos temos momentos de suprema felicidade e alegria e momentos de profundo desalento e tristeza. Se pensarem muito bem é, até, às pessoas das quais menos esperaríamos que se deixassem cair no desespero que mais vezes vamos valendo com a nossa amizade e solidariedade. A perda e o sentimento horrível da perda, toca-nos a todos. Uns conseguem viver com isso. Outros não.

A morte e a dor da morte, presente em cada momento das nossas vidas, tem que servir um propósito sublime e nobre. Tem que servir para nos despertar, em cada segundo, para a dádiva da vida. Seja em que circunstâncias forem. Não importa se estamos doentes, não importa se nos encontramos completamente vencidos pelo desaparecimento de um ente querido, não importa se atravessamos um período de imensas provações e privações. Estamos vivos.

Em cada derrota temos que buscar forças para o próximo combate, em cada vitória temos que nos alimentar de alegria e bem-estar e acordar sempre para o facto, insubstituível de estarmos vivos! Apreciem cada momento bom como se fosse o último, vivam cada mau bocado agarrando-se à suprema dádiva de continuarem vivos. E vivam como se devessem algo à vida e nunca como se a vida nos devesse algo.


Ratito (Correspondente Sidadania em Paris)

6 comentários:

Fatyly disse...

Isto é o que chamo "um tiro alvo" certeiro e humano que nos faz carregar baterias. Fantástico e como me soube bem ler e agradeço a Ratito as suas palavras e a ti Raul por a publicares.

Beijos

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Grande aquisição do Sidadania este correspondente de Paris. Não conheço o Ratito mas que sabe produzir mensagens que acertam no alvo, e se adequam a várias realidades em análise, disso não tenho dúvidas.
No essencial há que não subestimar o valor da vida mesmo quando estamos cansados por esta ou por aquela razão.
Gostei do texto.


Abraço

Maria Dias disse...

Oi amigos...

Cá estou de volta das férias e as atribulações do fim do ano passado, querendo saber mais de vcs(espero q todos estejam muito bem).E vc Raul como está?Sem mais dores?E a vida dá voltas...E o mundo corre...E nós envelhecemos um pouquinho e chegamos no ponto de partida sempre!

Um ano de sucesso para vcs!

Maria

f@ disse...

Dever difícil tantas vezes entender o valor da vida… este belo texto do Ratito é um estimulo á alegria e motivação de vida… Parabéns

Basta-nos olhar em redor para percebermos o preciosidade que temos nas mãos…

Lembro-me sempre nos dias piores que cada um de nós tem a sua forma de galgar as barreiras por + altas que sejam… como se de um desafio se tratasse… mas a vida é mto mais do que isso – inestimável, e mto + bela.

Beijinhos das nuvens

Eme disse...

o Ratito é daquelas pessoas sábias que tira o máximo partido da vida e até dos seus desaires. Daí ele conseguir textos com esta capacidade de nos trocar profundamente e convidar à reflexão. Cada linha que se lê é um desafio e acaba por tornar-se impossível não concordar com ele.

Um beijo.

sideny disse...

Muito realista e verdadeiro este post.
Parabéns ao ratito, não conheço.
beijo