A DOENÇA DA SAÚDE


26 DE JANEIRO - PARABÉNS FATYLY, UM FELIZ ANIVERSÁRIO E VOTOS DE MUITOS MAIS ANOS REPLETOS DE FELICIDADE. BEIJOS DA EQUIPE SIDADANIA QUE TE ADORA POR SERES QUEM ÉS
Ao longo dos séculos, o progresso na saúde foi sem dúvida espectacular e o sucesso bem visível a nível de medicamentos que revolucionaram a medicina e transformaram doenças aparentemente fatais em curáveis ou tratáveis melhorando a qualidade de vida e aumentando a esperança de vida. A inovação foi sempre a essência do progresso.
Hoje, a própria saúde parece estar doente. Vivemos numa era em que a corrente de pensamento tende a considerar a saúde como mercadoria colocada no balcão de compras e vendas e o medicamento que é um bem essencial passa a ser um bem comercializável. Como se a doença por si só não representasse já um dano à quase totalidade da existência, o ser humano tem de despender somas que muitas vezes nem possui para obter a qualidade de vida que é seu direito. Infelizmente as decisões e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) são colocadas na dependência das agências financeiras e no espaço político discutem-se cada vez mais aspectos que parecem afastar-se do lema “saúde igual para todos”. Porquê? Porque o sistema universal de cuidados de saúde tornou-se um peso para o Estado e um impedimento ao crescimento da riqueza. Daí o panorama que se verifica nos nossos dias, diante dos nossos olhos e perante a nossa incapacidade de protestar. Além do encerramento dos centros de saúde, a administração dos hospitais deixa muito a desejar quando o objectivo a cumprir é reduzir despesas e obter mais lucro e as farmacêuticas também se encontram a viver esta vaga que tudo afasta dos valores fundamentais. Em que sentido a vida se ordena nesta corrente de acção? É que tudo parece ser definido por uma maneira de pensar. Esquece-se que o importante sobretudo é continuar a viver.
Se o objectivo é melhorar os serviços de saúde e reduzir os gastos, porque será que os investimentos feitos nos nossos hospitais públicos não são aproveitados ao máximo? Porque se continua a permitir que certos senhores detenham postos de trabalho em diversas instituições não cumprindo os horários de trabalho nos nossos hospitais e tantas vezes apenas aparecendo por lá por curtos períodos de tempo e uma vez por semana ou menos como que a justificar o chorudo ordenado que vai esvaziando os cofres do estado?
Porque as nossas salas cirúrgicas estão às moscas a maior parte do tempo sem serem utilizadas, com milhares ou milhões de euros investidos em maquinaria que dentro de poucos anos serão obsoletas para a prática clínica, sem que o seu uso pagasse o investimento feito, e se fazem protocolos e contratos com hospitais privados para que as listas de espera diminuam, não tendo o doente um seguimento conveniente após qualquer cirurgia por haver um desfasamento nos cuidados de saúde pós operatórios tão importantes para o sucesso das mesmas.
Calar o povo que sente algo não estar bem, parece ser a prioridade das prioridades. Convencer com embustes que tudo melhorou para garantirem a cruz num voto que permitirá ganhar eleições que por sua vez lhes darão a garantia de poderem perpetuar este estado de coisas, divertindo-se nos seus parques de diversões em que o parlamento parece ser o local onde se tiram grandes sonecas, ou o lugar ideal para peixeirices em que o valor de acções positivas é menosprezado ou as propostas de algo que poderia ser de grande utilidade vão directamente para o cesto dos papéis.
A saúde está doente mas não só. Todo um país e o seu povo, as suas indústrias e a sua economia estão doentes também. Somos a imagem do anão em bicos de pés a querer mostrar ao mundo que somos grandes. Iludimo-nos mostrando a grandeza que não temos, massajando um ego desfeito por sucessivos desaires dos governos passados, em que o bom nunca existiu e em que iniciativas válidas de crescimento e bem estar são esmagadas quando um novo governo entra, para que os louros do progresso nunca possam ser atribuídos a quem as começou.
A honra, a honestidade, os valores da família e a humildade para reconhecer nos outros as suas capacidades, é algo que desapareceu nos dias de hoje. Assim não iremos a lugar nenhum e o resultado está à vista. Somos um país novelo em que não encontramos uma ponta por onde se pegue, e por incrível que pareça temos tanta gente capaz de fazer coisas maravilhosas, mas teimamos em escolher aqueles que são capazes de nada fazer ou fazer aquilo que seria melhor que não o tivessem feito.

7 comentários:

Fatyly disse...

Este teu texto com bastantes interrogativas, inquietante e actual espelha muitissimo bem o estado doente de uma nação e de um povo que come e cala preferindo sempre agarrar-se ao fado do que provocar a mudança.

"Somos a imagem do anão em bicos de pés a querer mostrar ao mundo que somos grandes" infelizmente a atitude dos governos sucessivos e da maioria do povo português que tem garra mas não agarra "os ventos de mudança" a não ser picados e arrastados por outros que têm mais garra.

Os hospitais são uma mina cujos mineiros enchem-se, salvo raras excepções que funcionam a 200% e tudo é controlado, aproveitado e o doente é tratado como ser humano e não como gado.

Muita coisa mais poderia dizer, mas ficaria demasiado extensivo e cansativo.

Subscrevo e parabéns por este teu "pensar".

Beijos

Fatyly disse...

Só mais isto: para qualquer governo a melhor coisa que pode ter pela frente para manuzear a seu belo prazer e em proveito próprio extensível a familiares e comparsas é TER UM POVO DESANIMADO, TRISTE, RESIGNADO, SEM ACÇÃO...DOENTE!

Beijos Raul

alex disse...

Tantas perguntas pertinentes!
O que aconteceu à igualdade de oportunidades?
À solidariedade?
A saude está doente a educação também.
Vivemos na era do capitalismo selvagem, das grandes riquezas nascidas da especulação.
Qual o caminho de um país em que doentes , jovens e velhos estão sempre em último lugar nos interesses dos sucessivos governos.Nada melhor para os senhores governantes do que ter um povo,desalentado e ignorante para manobrar a seu belo prazer.
Obg. raúl por existires
um beijo

Eme disse...

O Estado, os Hospitais, os administradores, os fulanos e os beltranos dos capitalistas andam a dar-nos cabo da saúde. É o que é.

Nela disse...

Excelente texto. E inquietações muito inquietantes...
Enfim desabafos e pensares de seres que não se sentem enquadrados no actual estado de coisas...

f@ disse...

Pois é Raul... um dia deste fui ao médico e tive que vir embora sem consulta... mas tive de pagar logo antes de ser consultada... nos centros de saúde é assim primeiro pagas depois logo se vê...nem é pelos 2 euros mas é um serviço que humilha as pessoas...temos de esperar horas e horas até que se acabe a paciência...
Quem sabe? quem gere? quem compra e dita a investigação?
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E na A R discutem temas sobre burla e outros assim ou piores sem que isso leve á punição dos verdadeiros culpados... e todos nós ouvimos e vemos que quanto maior é o erro ou o roubo menor é a pena e o maior vigarista tem uma cela na cadeia com direitos que mto poucos trabalhadores têm...
e ... o melhor é eu estar calada... que não percebo nada de nada... ando nas nuvens...
beijinhos e abraço gigante

Unknown disse...

olá, venho convidar para conhecer o meu espaço novo.
Conjuga fotografias com textos... espero que goste de me visitar.
Comecei hoje mas espero poder andar por estes sítio muito mais tempo.
Beijo.
Marta.
http://marta-essence.mine.nu