O ESTIGMA


Nada é mais doloroso nem mais cruel e injusto do ponto de vista humano. O estigma mata e destrói mais vidas do que a própria morte e deixa no seu percurso milhões e milhões de mutilados.

Porque não há defesa em relação ao estigma. Ele vem de mansinho e rouba-nos tudo, em plena luz do dia, sob o olhar complacente de todos. Ele está em todo o lado e manifesta-se das mais diferentes formas.

As pessoas perdem a identidade e assumem conotações mesmo nas sociedades tidas como mais evoluídas e civilizadas. Aponta-se, por exemplo, o filho dum determinado recluso como sendo o filho do tal fulano que assaltou a bomba de gasolina. Aponta-se a dedo os pais que têm um filho anormal como aquele fulano ou aquela fulana que é o pai ou a mãe daquele indivíduo que é surdo-mudo ou que nasceu sem pernas.

Pior ainda acontece quando determinada característica assume contornos passíveis doutro tipo de especulação. Conheço os pais de uma tóxica dependente que tem passado por processos extremamente penalizantes que vão das tentativas de suicídio ao dormir na rua. Os pais pessoas de bem, estimadas e amadas, chegaram a um ponto que tinham vergonha de sair à rua e desabafavam comigo: toda a gente acarinha uma pessoa com cancro. Nós temos um problema igualmente demolidor, sofremos imenso mas ninguém se compadece. É como se merecêssemos pagar por algo que não fizemos.

Também as crianças, no convívio umas com as outras, se revelam extremamente cruéis. Apontam, sem dó nem piedade, as fraquezas, os ditos defeitos, comprazendo-se em humilhar e diminuir o colega indefeso.

Li, não há muito tempo, na comunicação social que, numa determinada escola, um rapazinho sujeito a quimioterapia, e que perdeu o cabelo, era achincalhado e batiam-lhe, inclusive nas casas de banho, ao ponto da mãe ter que o mudar de escola.

Às vezes interrogo-me que mundo é este que deixamos de herança aos nossos filhos e em que as tecnologias espectaculares, que lhe deram uma nova dimensão, não se fizeram acompanhar por sentimentos desenvolvidos em termos sociais e afectivos.

A comunicação social na sua preocupação de vender bem e/ou captar audiências, procura evidenciar a dor mesmo que para isso humilhe e marque. É frequente ler-se e ouvir-se notícias que começam, por exemplo, assim: indivíduo (s) africanos ou de etnia cigana. Mas as mensagens que alimentam a discriminação são mais que muitas. Estão na publicidade, nos estereótipos do belo e do perfeito e do socialmente aceitável.

Apesar de Portugal ser uma País com boa integração dos imigrantes das suas ex-colónias, ainda tem um longo caminho a percorrer até chegar à igualdade de oportunidades e não-discriminação. É sobretudo na etnia cigana que recaem os principais estigmas. O cigano é, para o português comum, um potencial vigarista e logo alguém pouco fiável para se dar emprego. Nem que seja a melhor pessoa do mundo e a mais capaz. Esta situação conduziu mesmo a uma queixa na Comissão Europeia dos Direitos Humanos e a vários trabalhos sociológicos de que destaco o de Maria Manuel Ferreira Mendes “Nós, os Ciganos e os Outros”. Eu própria me debrucei, em tempos, sobre esta matéria falando com ciganos de várias áreas. Uma rapariga desta etnia, com formação em línguas modernas pelo ISLA, tendo concorrido a um lugar de recepcionista num complexo turístico, viu ser-lhe imposta a condição de não usar trajes tipicamente ciganos para ser aceite. A jovem ficou perplexa e pergunta: As minhas roupas compridas são menos adequadas do que o da jovem com a barriga descoberta e um piercing no umbigo?
Também um comerciante cigano me afirmava: eu sou vigarista porque vendo contrafacção e quem a compra sabendo que é contrafacção o que é?


O estigma, o cruel estigma está em todas estas manifestações da vontade social. E mais do que o vírus do HIV propaga-se irreversivelmente devastando e ceifando vidas. O recluso não pode deixar de ser recluso porque por mais boa vontade que tenha na sua reclassificação a sociedade rejeita-o pelo seu passado. O mesmo acontece ao tóxico dependente e à prostituta. Fazem-se testes e tiram-se informações para os excluir dos concursos e das vagas de emprego.

A sociedade está feita para gente bonita e bem sucedida. Gente que obedeça a certos padrões tidos como perfeitos. Doentes, velhos e deficientes dificilmente são olhados como um potencial humano contributivo para o avanço da humanidade. Uma espécie de estorvos que é preciso eliminar.

Porém, e bem antes que outra morte os leve, damos-lhe esta morte na vida: a de nunca serem olhados como nossos iguais. A de sentirem-se um produto que resta sobrante na escala de valores, demasiado rígida e definida para estas contemplações.

Porém, os algozes mais cruéis que estes grupos fragilizados encontram, não são só os que estão dentro da norma-padrão e se sentem por isso superiores. Também outros igualmente vulneráveis em termos de atributos socialmente valorizados se apresentam como potenciais castigadores por odiarem quem representa as suas próprias feridas.

Esta é, aliás, a teoria do espelho que foi defendida, por alguns psicólogos, no caso da Gisberta, o transsexual assassinado por garotos duma instituição.

Mas porque tudo isto faz parte dum tema que merece ser discutido e que é muito vasto, deixo esta primeira abordagem que continuarei noutras seguintes.

O tema HIV merece uma abordagem específica sobre o estigma e a segregação. Todavia não é possível falar do HIV sem falar de todo este contexto social em que a doença surge e se desenvolve.

Lídia Soares

73 comentários:

. intemporal . disse...

O estigma tem um efeito devastador. O estigma surge numa sociedade tida como egocêntrica e egoísta. Tudo aquilo que aparentemente possa causar transtorno para a sociedade, é estigmatizado. Pretende-se viver em linha recta, visando unicamente o objectivo individual de cada um. Não há lugar a dar a mão a quem se encontre na berma da estrada, seja porque motivo for. As minorias, são esmagadas pelas maiorias hipócritas e crueis. O mundo precisava de parar um bocadinho... e recomeçar de novo, com a proliferação exaustiva daquilo que deveria constituir em essência: O Ser Humano. Abraço

Silvia Madureira disse...

Olá a todos:

Antes de mais quero dar os parabéns ao blog!

Quem é lutador merece sempre ser reconhecido!

Depois quero dizer...que texto tão bem escrito.

Quem não se sentiu retratado numa ou noutra passagem?

Quem?

É a nossa realidade o estigma.

Seja aqui, ali, acolá...com aquele com o outro ...anda por todo o lado...

Quem já não sofreu com a afastamento dos outros sem razão de ser?

É preocupante, até porque se propaga muito rápidamente.

Tema muito pertinente...
É um facto que esta situação começa na escola...

beijo


Mais

SILÊNCIO CULPADO disse...

Paulo
Tu dizes e sentes com uma grande dimensão. É um gosto ler e observar-te a caminhar.
Relativamente ao estigma eu penso que não há ninguém que tenha escapado a ele. Porém é mais sentido em determinados grupos com determinadas fragilidades. Provavelmente, se somarmos toda a população dos grupos-alvo, chegaremos à conclusão que quase todos estamos num desses grupos. Dito por outras palavras, temos pessoas estigmatizadas por outras que também o são.
Vê: quantos estarão fora dos grupos que vou passar a enumerar.
- outras etnias/raças
- pobres e excluídos
- toxi dependentes
- prostitutos
- homossexuais/lésbicas
- reclusos e ex-reclusos
- deficientes
- HIV e outros doentes infecto-contagiosos
- mulheres
- velhos

É bom começarmos já com um ponto assente: os estigmatizados não são a minoria.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sílvia
É isso minha amiga. Todos somos estigmatizados só que uns são mais que outros.
Vamos reflectir ao longo deste debate.
Abraço

Mary disse...

Lídia
Tu tens uma forma de escrever e de interagir que põe as nossas emoções em reboliço.
Leio e releio o que aqui escreves e sinto essa faca que deixa marca percorrer-me o corpo e descubro os sítios onde me feriu e sinto um bálsamo nas tuas palavras.
Há uma explicação para a dor que é a vontade que os outros encontram em humilhar o semelhante e ainda mais esse semelhante que se parece com eles.
Há quem fique mediocre e merdoso com a dor mas também há quem se revele superior a isso mas, nesse caso, não pode reagir de forma abrupta para com os outros sempre que não concorda com isto ou com aquilo.
Que podemos fazer para acabar com o estigma? Não estigmatizar e é fácil depende só da vontade de cada um. É só não apostarmos em sermos mauzinhos.
Bjs

Branca disse...

OLá Raul, Paulo, Lídia,
Acho este tema de uma grande importância.
Na verdade como diz a Lídia os estigmatizados não são a minoria e a sua lista esclerece tudo.
Acho que todos nós temos que meter a mão na consciência para termos a certeza do nosso sentido de justiça.
Aproveito para informar que só hoje me foi possível fazer um texto com uma chamada de atenção para os debates que aqui têm decorrido durante a última semana e para todas as informações que aqui vimos beber.
Gostaria de ser mais rápida nas respostas, mas outro tipo de problemas não me têm permitido fazer muitas madrugadas na blogosfera.
Espero que o Raul continue a recuperar bem das intervenções cirúrgicas que fez e que ganhe novas forças porque o contributo dele para o nosso esclarecimento tem sido precioso e único.
Voltarei breve.
Beijinhos

ARTUR MATEUS disse...

Lídia
Que texto magnífico com esse cunho de emoção que caracteriza a tua escrita.
Efectivamente, todos já sentimos, e continuaremos a sentir, o estigma enquanto a sociedade não evoluir no sentido do respeito mútuo e do amor pelo próximo.
Começa nas escolas e nas famílias a discriminação que arranca a alma e torna a vida uma luta em que se está sempre perdedor. Se somos um produto inferior, se ninguém acredita em nós, como podemos nós acreditar em nós próprios, lutar e resistir?
A esta situação-miséria, mais miserável que todas as pobrezas, não é alheia a sociedade de consumo desvairado, que quer sempre o melhor e o mais perfeito e que vai pisando os que considera mais fracos.
Continuação de bom trabalho.
Abraço extensivo ao Raul e ao Paulo

R.Almeida disse...

O Texto é muito bom e o tema que aborda extremamente complicado.
O complicado do mesmo, tem origem na natureza humana em que cada um tenta ser superior ao seu semelhante e quando de alguma forma o consegue torna-se dominador. De facto de ninguém está livre de ser estigmatizado e já o foi de uma forma ou de outra, e o inverso é igualmente aplicável, no que diz respeito a todos alguma vez na vida estigmatizarem também.
As pessoas julgam superficialmente, seguem a opinião da maioria, acrescentam um ponto e de imediato tornam-se carrascos, sem se lembrarem que de um momento para o outro estarão na posição contrária a serem julgados. O bom senso de alguém parar a bola de neve como no caso da mulher adúltera que estava para ser apedrejada, quando uma voz se ouviu apelando a quem nunca tivesse pecado atirasse a primeira pedra, nem sempre se faz ouvir.
As próprias crianças, seres maravilhosos e inocentes como lhes chamamos, são extremamente cruéis quando há diferenças nos seus colegas e o caixa de óculos, o bucha, o manco, o preto, o china e tantos outros fazem parte das memórias de cada um, em que esses colegas eram alvo da chacota dos outros meninos.
O Grande problema está na intensidade e na dimensão desse mesmo estigma, e nas consequências que daí podem advir. Há que o evitar, para contermos os danos que ele pode originar, pois nas vítimas que naquele momento sofrem a tortura do mesmo, nasce o desejo de vingança, que pode ter consequências terríveis, quando levado à prática. Quem regularmente lê o blogue, poderá entender o citado num texto anterior a moça infectada pelo HIV, cujo prazer era infectar homens através de relações sexuais não protegidas.
Muito haveria para escrever sobre o assunto, mas vou terminar, lembrando que na história recente da humanidade nada conseguiu atingir as proporções do estigma aplicado aos infectados pelo HIV, por toda a sociedade, não olhando a estratos sociais, valores ou carácter dos visados. O rótulo “Infectado”, é permanente, indelével e atrai de imediato outros rótulos tais como homossexuais, drogados, promíscuos, etc. etc. Tenham cuidado e estejam atentos, o perigo espreita em cada esquina.
Espero um debate muito participado, sem tabus, sem medos de ferir susceptibilidades, pois só assim poderemos compreender a raiz deste fenómeno social.

M.MENDES disse...

Aqui está um texto que obriga a uma boa introspecção. Quantos de nós nunca estigmatizaram nem foram estigmatizados? Provavelmente nenhum. É nisto que temos que pensar e centrar as nossas análises.
Muitas pessoas desenvolveram ódios, rancores, vontades de ferir e de apontar porque elas também foram humilhadas e magoadas. Quando se diz que um fulano tem mau feitio, tem pacada ou outra coisa assim porque nos confronta com diferentes opiniões estamos a estigmatizar e quanto mais estigmatizarmos essa pessoa mais essa pessoa nos estigmatiza. É um círculo vicioso que nunca mais pára.
O problema começa logo na família que impinge aos descendentes uma escala de valores e lhes aponta cruelmente as falhas e os desvios em relação aos mesmos.
Convido todos os visitantes a praticarem um exercício simples que é repensarem quantas vezes no dia a dia estão a estigmatizar.
Os infectados pelo HIV e todos os outros que a Lídia citou em comentário anterior também o fazem. TODOS FAZEMOS. É CRUEL! TEMOS QUE MUDAR O NOSSO COMPORTAMENTO. É URGENTÍSSIMO!!!!!

Robin Hood disse...

Lídia-Raul-Paulo

Temos aqui um tema que dá pano para mangas e não sei se as mangas chegam.
O estigma acontece em todas as classes sociais, em todas as culturas e em todas as idades. A violência do estigma fere e deixa cicatriz, muda sentimentos, maneiras de ser e objectivos de vida.
Não há uma justificação plausível para que seres inteligentes, como os humanos, usem uma arma tão torpe na luta competitiva de se sobreporem e irem mais à frente. Quanto mais as sociedades modernas apostam nas grandes urbes e no homem individual mais este homem chora sozinho, se suicida e anda à deriva.
VAMOS PARAR E REFLECTIR E TODOS JUNTOS DIZER NÃO AO ESTIGMA.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

MARY
O estigma é algo de muito terrível mas que depende da vontade do indivíduo acabar com ele. Tão simples quanto isso.
Todos, nós logo pela manhã, deveriamos rezar a oração anti-estigma, que é uma forma de dizer que nos devemos compenetrar para não estigmatizar ninguém durante o dia e, logo à noite, fazer um replay do que fizemos durante o dia e verificarmos se cumprimos esse propósito.
Ao combater o estigma combatemos a dor e o sofrimento. E pensa bem, Mary, ninguém pode mudar a cor da pele, a idade, o sexo, doenças crónicas e até mesmo orientações sexuais.
Apontar o dedo sobre algo que não pode ser mudado é duma crueldade inusitada.
Ocupemo-nos pois dos males que, tal como o estigma, podem ser corrigidos. E teremos um mundo incomparavelmente melhor onde as pessoas podem viver felizes.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

BRANCAMAR
Eu vi o texto e comentei e agradeço em nome do Sidadania.
Sei quanto podemos contar contigo e, assim sendo, mesmo quando não comentas sei que nos lês e estás aqui.
Que deste texto, e dos seus comentários, possas retirar uma mensagem que transmitas a todos com quem privas, sejam virtuais ou não, para que o estigma seja combatido e com ele muito do sofrimento que acarreta.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Subscrevo tudo o que dizes nomeadamente no travão que tem que ser posto a este flagelo humano que se intensifica à medida que as sociedades evoluem no sentido da competitividade.
Terão que ser feitas reclassificações na forma como olhamos a diferença e, sobretudo, no conceito de bem e de mal.
O mal só é mal quando prejudica terceiros. Será que um homossexual me prejudica? Certamente que não. E uma pessoa infectada com HIV? Também não prejudica.O mal é dela porque, de resto, é um cidadão como outro qualquer.
Em relação ainda ao teu comentário não estou de acordo que os portadores de HIV sejam dos grupos mais estigmatizados. Mais que a homossexualidade? Mais que o ser, ou ter sido, recluso? Não me parece. Cada um sente quando a situação lhe toca. O problema não é tanto do HIV como do estigma e dos preconceitos que lhe estão subjacentes e são transversais a muitos outros grupos e situações. O estigma do HIV irá merecer um tratamento específico aqui no Sidadania, com postagens direccionadas, porém o mais importante é dizer não ao estigma, seja ele qual for.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

M.M.MENDONÇA
Já estamos a mudar o nosso comportamento quando comentamos aqui. Porque parámos para pensar.O que é de sobremaneira importante.
Há estigmas que estão associados a características genéticas e outros que foram resultado de características adquiridas (reclusos, prostitutos, etc). Porém, mesmo neste último caso, não nos compete fazer juizos de valor sobre as opções, crenças e práticas de cada um nem sobre erros que, eventualmente, tenham cometido. Para os julgarem temos os tribunais na Terra e, para quem crê, uma entidade divina no domínio sobrenatural.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Robin Hood
Assim mesmo. Vamos dizer não ao estigma. A todos os estigmas.
Vamos pensar em nós no que dizemos e fazemos e na forma como actuamos.
Abraço

C.Coelho disse...

Por que é que estigmatizamos os nossos semelhantes? Porque sempre fomos ensinados que dum lado estão os bons e doutro estão os maus e que são maus todos os que não obedecem às regras-padrão duma sociedade. Nas sociedades ocidentais as regras-padrão são umas, nas sociedades africanas, orientais, islâmicas etc, são outras.
Quem se afasta da norma é desviante e portanto no caso da sida temos os comportamentos promíscuos à luz dos nossos valores, a homossexualidade e a toxicodependência a porem o selo. Digamos que a sida representa uma dupla discriminação. Mas só para se perceber bem do que se está a falar imagine-se uma mulher cujo marido não a satisfaz sexualmente e que, em relações extra-conjugais, contrai o HIV. Conhecem algum caso em que o marido tenha ficado com ela? E sabem porquê? Porque a mulher é discriminada e com mais a discriminação do HIV torna-se lixo indesejável.
Aos homens ainda se permite uma boa margem de desvios o que, naturalmente, eu discordo.
Mas não concordo que haja estigmatização nem de homens nem de mulheres e, por essa razão, não estou a defender que se deva discriminar os homens pelo facto das mulheres o serem. O estigma é um ferrete inadmissível e há que banir esta prática.Devemos aceitar o que não concordamos desde que, como diz a Lídia, daí não venha mal ao mundo.Não tenhamos contudo ilusões sobre a força e a natureza do estigma que fomenta guerras e move multidões.
É a nossa parte lunar e selvagem em acção.
Abraço

Branca disse...

Volto de novo, já que ontem de madrugada não disse tudo quanto poderia dizer sobre este tema. Por coincidência quando o Paulo apareceu no meu blog a propôr a participação nestes debates, eu tinha vindo durante a viagem do emprego para casa a conversar com a filha sobre a discriminação dos portadores de HIV, conversa que surgiu em consequência de um debate que tinham estabelecido durante uma aula de Animação Socio-Cultural, uma cadeira de opção num curso de Teatro que frequenta e que é leccionada por uma Assistente Social, que contacta com alguma dessa realidade. A discussão versou precisamente sobre se o infectado deve ou não comunicar a toda a comunidade, se é um dever seu ou se é um direito guardar sigilo, falou-se sobre a discriminação a que está sujeito, fruto do tal estigma. No fundo estas discussões são frutuosas, mas a maior parte das vezes muito amadoras, pois nem estes técnicos estão preparados nem sabem tanto da matéria como o que o Paulo e o Raul nos têm ensinado. No fundo, apesar da aparente aceitação, fica sempre, ainda que de uma forma subtil um certo receio da infecção e parece-me que as Entidades responsáveis ainda não se deram ao trabalho de desmistificar a ideia inicial e os conceitos que ficaram agarrados a esta doença.
Falei frequentemente com um rapaz que passava por minha casa e que tudo que queria era atenção, nunca teve problema em se assumir portador de HIV desde o primeiro dia. Estava num programa de desintoxicação de drogas e de vez em quando ia sofrendo um ou outro internamento provocado por doenças hospedeiras. Às vezes estava debilitado, mas outras via-o muito feliz por estar a recuperar bem, tudo o que ele mais sentia era pelo quanto fez sofrer a mãe não pela doença ma pelo tempo em que tinha estado dependente das drogas. No entanto sentia que era ela e um sobrinho pequeno os seus grandes esteios e era esse amor que mais o fortalecia,falava deles com um brilho no olhar e nesse brilho estava a vida.
Desta forma, se todos virmos o outro com amor, não haverá estigmatização, sómente vida.
Com amor poderemos proporcionar não só o conforto psíquico, mas a componente física e anímica do doente terá também uma resposta muito mais positiva aos tratamentos, como aliás em qualquer doença.
Beijinhos

Filomena Ferreira disse...

O combate ao estigma passa por uma educação cultural do povo português, mas não apenas, no estigma social, ciganos p.Ex., passa também por uma habituação a uma vivência comum e a hábitos de higiene, que estão a anos-luz.
Abraço
Filomena

Elvira Carvalho disse...

Gostei do texto e da maneira como expõe o grande flagelo da humanidade. A crueldade. A crueldade que leva a guerras, violências fisicas, mas que pior que isso leva a violências morais como são o estigma, e a segregação, seja sobre os sero positivos, seja sobre outras doenças. Tive um tio que tinha psoríase. Uma doença que não é mortal, nem contagiosa como decerto sabem. Mas as pessoas fugiam dele, e até antigos amigos fingiam não o ver. A crueldade começa como muito bem diz na infância. Eu penso que as pessoas no fundo o que têm é medo. Medo da doença, medo do desconhecido, medo da velhice, medo, medo, medo. O medo é a mãe da crueldade. As pessoas usam a creldade para se defenderem do medo.
Eu volto quando puder. Não tenho muito tempo para visitar os amigos, mas aproveito todos os bocadinhos. Vou linkar o seu blog, se me autorizar.
Um abraço

Eternamente disse...

O estigma não faz sentido e, no entanto, tropeçamos nele todos os dias. Crueldade, muita crueldade nesse dedo que aponta e nos retira a alegria e a confiança.
Um texto que vai muito ao fundo e que nos abala porque todos somos vítimas e carrascos.
O HIV tem sido muito conotado com a doença maldita e o castigo de Deus mas o estigma é forte em muitas mais situações.
Tantas que dói só de pensar nelas.
Este debate é ainda mais fundamental porque não diz respeito a uma causa ou a um grupo específicos mas sim a todos nós sem excepção.
Bjs

SILÊNCIO CULPADO disse...

C.COELHO
O absurdo de se estigmatizar alguém cruza-se com outra questão de fundo que é a de nos sentirmos donos da verdade e dos comportamentos alheios.
Afloras algumas questões, como a da desvantagem feminina numa situação de HIV, temas que tenciono abordar noutras postagens. Porém o importante é não nos desviarmos do essencial que consiste em não sermos mais papistas que o papa querendo punir ainda mais quem pela vida já lhe calhou a punição maior. Temos que desenvolver o amor entre as pessoas e não o ressentimento. Cada pessoa tem uma forma diferente de viver a sexualidade e as relações conjugais e familiares. O que poderá ser inadequado para uns é perfeitamente normal para outros. E nós, quer concordemos ou não com a forma como cada um vive a sua sensualidade, não nos devemos intrometer no sentido de criar dificuldades à forma como cada um se expressa. As decisões livres e maduras dizem respeito apenas aos seus autores.
Estigmatizar com base em sentimentos próprios, por vezes não isentos de frustrações e mágoas, é algo que temos que aprender a combater.
Abraço

R.Almeida disse...

Lídia
Ainda bem que estás em desacordo comigo, em relação a eu considerar os HIV+, entre os grupos mais sujeitos ao estigma e descriminação. Não vou neste comentário defender o meu ponto de vista aguardando a publicação do texto sobre o estigma sofrido pelos infectados com o virus da sida para o fazer. Note-se que a minha opinião sobre os HIV+ serem um dos grupos que mais sofre os efeitos do estigma, exclusão social e descriminação não se conota de maneira nenhuma à minha condição de infectado,pois se me pedirem para citar um episódio em que tenha sentido o peso do estigma e da descriminação, e que me marcasse para a vida eu apenas teria para relatar um único caso, e que veio precisamente do médico que me deu a noticia.
Estou lendo atentamente as participações dos nosso leitores, que demonstram o interesse que têm pelo tema, o que é extraordinário.
Um abraço e parabéns

Carlos Rebola disse...

No século passado (anos 50) os leprosos (Rovisco Pais, Tocha que eu conheci) eram marginalizados (estigmatizados) hoje são outros (quase todos, "os desalinhados, só falta mesmo o chip da segregação hitleriana, é duro, mas está próximo... Os nossos universitários só pensam em ganhar dinheiro com os cursos e perícias que lhes pagamos e damos… ninguém procura soluções, apesar de ter as aptidões para tal… procuram recursos individuais, personalizados, imediatos… o jantar de “lagosta suada”, para que a barriga encha e mostre o umbigo…

Um abraço solidário em laço
Carlos Rebola

SILÊNCIO CULPADO disse...

Brancamar
O infectado com virus do HIV, entendo eu, que não tem obrigação de fazer um aviso ao público sobre a sua situação. Deverá sim tomar precauções para não transmitir a doença. Os infectados com hepatite C também não andam a apregoar a sua condição e, no entanto, é uma doença muito mais facilmente transmissível e perigosa. Nesta situação, como em tudo na vida, deve imperar o bom senso que só se consegue com uma boa informação. Para além do bom senso temos também que desenvolver a nossa capacidade humana e solidária para que não façamos um bicho de sete cabeças onde ele não existe e encaremos as situações com uma maior naturalidade. E, sobretudo, não deixar instalar o estigma.
Obrigada, amiga, pelo esforço de colaboração que estás a desenvolver.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Filomena Ferreira
Concordo que é tudo uma questão de cultura mas não só do povo português. Vive-se um período de anti-cultura em que tudo é visto numa cadeia de valor que, ou se integra por sermos detentores de determinados requisitos,ou somos excluídos e marcados. Estive a fazer pesquisa sobre a discriminação sobre portadores do HIV e verifico que em Inglaterra há casos gritantes de discriminação, só para te dar um exemplo.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Elvira, minha amiga, que bom encontra-te aqui.
Tu dizes tudo sobre o tema numa única palavra: crueldade.
Elvira, crueldade não. Tão curta é a vida e tão contingente porque teimamos em ser tão sacanas uns para os outros?
Crueldade não. Por isso o estigma tem que ser erradicado.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Louise
O estigma é transversal a todas as causas, senta-se connosco à mesa, acompanha-nos a todos os lugares, tira-nos o sono e faz-nos sentir tristes e inseguros. Nós somos aquilo em que acreditamos. Baixar a auto-estima de alguém só contribui para que esse alguém ao invés de se aperfeiçoar, perverta as suas naturais qualidades. Bom, mas isso é matéria de que irei falar no próximo texto.
Abraço

MARIA disse...

Queridos amigos,

É extraordinário este texto da nossa Silêncio, complementado com excelência também pelas profundas observações do Raul e os comentários sentidos e bem elaborados do Paulo e dos demais amigos comentadores.
Pouco mais há a acrescentar às vossas ideias.
Na verdade o facto de todos nós entendermos como negativo este fenómeno da diminuição do outro pela sua diferença simplesmente, revela que há espaço para implementar acções formativas e informativas abrangentes, de educação para a cidadania, de valorização do universo emocional do ser humano, tão mal tratado por comparação à preparação que recebemos em regra para o que chamarei o " lado material " da vida.
Digamos que se tivesse que escolher uma única expressão capaz de constituir válida oposição a qualquer tipo de estigmatização eu diria que " humanizar é preciso ..."
Que é verdade que todos nós fomos já de algum modo estigmatizados e mais ou menos inconscientemente estigmatizámos, é verdade.
Porém, parece-me que para alguns o estigma é mais que a mera rejeição social, mais que a diminuição pela mera diferença, mais que a subvaloração social e humana. Para alguns, o estigma assume contornos de tal crueldade que chega a ser EXCLUSÃO pela marginalização .
Confesso que fui particularmente tocada pela argumentação do Raul quando diz que esta é no fundo a situação dos infectados pelo HIV.
Se pensarmos na generalidade da nossa comunidade não podemos deixar de reconhecer-lhe razão, pese embora existam igualmente outros grupos de pessoas em situação muito penalizante .
Recentemente no site aidsportugal.com ( artigo que pode ser visto em http://www.aidsportugal.com/article.php?sid=7023) li um pequeno texto intitulado " O estigma da doença persiste..." e não obstante ter já uma ideia formada a este respeito não pude deixar de me impressionar com os relatos verídicos de quem vive esta EXCLUSÃO do mundo a que afinal todos pertencemos por direito próprio e inalienável.
Ali se diz que infectados com HIV são alimentados pelas próprias famílias a partir de pratos de plástico, um doente viu um familiar próximo deitar fora uma chávena de café por onde havia bebido e que tudo fazem para evitar tocar em objectos que tenham tocado.
É deplorável e revoltante.
Cabe a cada um de nós fazer a sua pequena parte para que se alterem mentalidades, para que se altere este estado de coisas.
Humanizar é de facto preciso.
E penalizando-me pelo muito que já me alonguei quero deixar este espaço com uma nota positiva e de esperança relembrando convosco um homem especial, de grande valor mas que carregou também o estigma que carregam os que têm e expressam ideias próprias.
Falo de José Carlos Ary dos Santos e doseu o poema de título

ESTIGMA

me despeço deixando a todos um beijinho amigo.

"Estigma:
Filhos dum deus selvagem e secreto
E cobertos de lama, caminhamos
Por cidades,
Por nuvens
E desertos.
Ao vento semeamos
O que os homens não querem.
Ao vento arremessamos
As verdades que doem
E as palavras que ferem.
Da noite que nos gera, e nós amamos,
Só os astros trazemos.
A treva ficou onde
Todos guardamos a certeza oculta
Do que nós não dizemos,
Mas que somos."

José Carlos Ary dos Santos
Poema incluído nos livros A Liturgia do Sangue (1963) e Obra Poética (1994)

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Todo o indivíduo adquire um sentimento de pertença a um grupo que o leva a defender esse mesmo grupo quer se trate ou não de situações que tenha experimentado. É natural, pelo teu empenho nas causas do HIV, que vivas mais esses problemas que outros. Já viste, por exemplo, o caso dos homossexuais que pagam impostos, que nem sequer há o risco de contágio, e que o tribunal lhes chega a retirar os filhos por considerar um mau exemplo que os mesmos estejam integrados em famílias não tradicionais? Conheço casos em Portugal e em Espanha. Lembro um caso português em que o pai era economista, competente, dava imenso apoio à filha e estabilidade emocional enquanto a mãe não era competente para cuidar dela e o tribunal retirou-a ao pai por este viver com outro homem.
Sei de bancos que lhes recusaram empréstimos por não considerarem indivíduos do mesmo sexo um casal embora considerassem casal indivíduos de sexo diferente ainda que vivendo em união de facto.
Bom, mas vamos falando em doses pequenas porque o estigma é mau de digerir. Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Carlos Rebola
Não podemos deixar que as conotações firam pessoas. Não podemos deixar que os nossos olhos vejam "desalinhados" com menos amor, respeito e consideração com que olham para outros seres humanos.
Até porque há desalinhados de grande gabarito, que têm dado contributos inestimátimáveis e enriquecido com eles o património da humanidade.
Um abraço

MARIA disse...

:)
Ao reler o meu comentário anterior reparei que troquei a frase do beijinho de despedida, embrulhando-a no poema do Ary inadvertidamente.
Peço desculpa.
É a Maria que já conhecem...
:)
Um beijinho amigo a todos
Maria

SILÊNCIO CULPADO disse...

Maria
Que comentário lindo que tu fizeste. Lindo também o poema do nosso saudoso Ary. É isso, Maria, é preciso humanizar, criar raízes e sentir afectos.
Mas eu acredito que isso é possível especialmente quando encontro pessoas como tu que assim falam e assim sentem.
Abraço

Unknown disse...

Ora aqui está mais um texto que nos «abana».
Pena é que poucos se debrucem, em torno desta temática, com a profundidade com que a Lídia o faz.

O preconceito polvilha a nossa sociedade e desemboca em estigmas que afectam em grande medida a vida de todos aqueles que sentem «na pele» o peso de uma visão reprovadora, castradora ...

Há um longo caminho a fazer, no sentido de obstaculizar o desenvolvimento de princípios estigmatizantes.

Estes textos, preciosos instrumentos de reflexão, poderão tornar-se em grandes dinâmos para a acção.

Um beijinho para a minha amiga Lídia.

José Carreira (www.cegueiralusa.com)

G.BRITO disse...

Sem dúvida um excelente texto de reflexão. Um texto que obriga a reclassificações e a olhares diferentes sobre a forma como nos relacionamos com os outros.
É na escola e na família que se criam os anticorpos a uma vida afectiva saudável. Há que educar e ensinar a não apontar o dedo e a não nos sentirmos superiores a quem quer que seja.A superioridade é uma vantagem falsa que se desmorona ao primeiro sinal.Quem semeia ventos colhe tempestades e, por isso, não estigmatizes para que não sejas estigmatizado. Tem-se perdido muito aquele conceito de família com valores e regras que fazem falta ao indivíduo como princípios que devem estar presentes na sua vida.
Há grupos mais estigmatizados e os do HIV estão entre os mais. Não sei se mais que qualquer outro mas estão dentro os mais. Mas disso falarei quando vier o texto respectivo.
Aqui há um excelente trabalho feito que dá para reflectirmos sobre a nossa conduta.
Abraço

errando por aí disse...

O estigma é uma pena que se cumpre na prisão do nosso ser. "O crime" está, a maior parte das vezes, em característiscas físicas ou comportamentos de familiares sobre os quais não temos qualquer culpa. No entanto essa culpa tem que ser expiada martirizando os seus alvos que deixam de ser boas pessoas e se revoltam transformando-se em carrascos.
Que este post nos ajude a deixar de ser cegos e digamos todos NÃO ao estigma.
Bjs

Teu mais que tudo disse...

O estigma existe, é forte e intolerável na dor que provoca. Os que são alvos do estigma também revidam e fazem-no impiedosamente como se o facto de pertencerem a grupo estigmatizado lhes desse autoridade moral para imporem os seus pontos de vista. Acontece aqui no mundo virtual e acontece no mundo real que é, na prática, um espelho do virtual.
A cultura e a humanização precisam-se mas é fundamental que um por um digamos: eu pecador me confesso e vou emendar-me prometendo respeitar a dor, os reveses e as formas de vida alheias.
Um abraço

JOY disse...

Olá Lidia,

Vivemos numa sociedade com uma necessidade mórbida de rotular compartimentar , levando a que estigmatização seja uma atitude bem presente no nosso dia a dia ,
não respeitamos o direito á diferença ou o ser diferente , alinhamos neste jogo que nos é imposto sem nos aperceberme-nos muitas vezes do sofrimento que é ser estigmatizado na maioria das vezes porque não nos enquadramos dentro dos parametros que a sociedade determina para que sejamos considerados aceites,não interessa o que somos por dentro ,dá-se mais atenção ao acessório ,com as injustiças que isso acarreta,por isso acho este texto um alerta para as consciências.

Um Abraço Forte
Joy

Anónimo disse...

Interessante o teu texto.O estigma merece uma libertação.Se aceitarmos o estigma que casualisticamente nos conotam, seremos "silenciosos culpados"!
Não aceito que um cigano seja estigatizado por ser cigano. Não aceito rótulos. A sociedade precisa de rever a sua visão social. Interessa perguntar: a quem interessa a vitimização do cigano? A quem interessa dar-lhe casinhas e subsídios sociais, quando vendem na feira artigos contrafeitos e não apersentam facturas?Será isto um estigma?Ou será um problema social, que tanto faz que sejam brancos, azuis ou amarelos.Na realidade há quem cometa o estigma ao dizer os ciganos merecem isto, e aquilo?!... Isso para mim é um estigma que deverá ser irradicado por quem governa o país e as cidades. O cigano tem esta vida.Dizem:temos que respeitar.Muito bem e eles respeitam os outros quando em sociedade?O estigma tem dois lados...
É preciso acabar com estes estigmas.São cidadãos que pensam, falam e que estão integrados na sociedade e que não devem ser conotados pela sua origem, cor, sexualidade ou religião.Os cidadãos medem-se pelo exercício da sua cidadania. Se ao lado da minha casa tiver uma família de etnia cigana, para mim são apenas vizinhos.Se provocarem mau ambiente, se traficarem droga, devem ser denunciados independentemente de serem brancos, coiganos, azuis, negros, polícias, ou políticos.

Uma sociedade sem estigmas terá que ser uma sociedade integrada.Coloquem os meninos de etnia cigana em escolas e casas normais. Não se lhes deve dar previlégios por serem assim, ou assado, devem ser apenas aquilo que todos somos:cidadãos, mais ou menos integrados.

Quando um pseudo jornalista escreveu: a cigana apanhou do chão o pael que deixou cair, no restaurante, enaltecendo-as, está apenas, ignorantemente ou propositadamente a dizer que ela é uma excepção, porque se isso fosse geral não seria notícia e merecedora de artigo de opinião.

Saudações e um sorriso sem estigmas

Robin Hood disse...

Rotular pessoas devia ser punido por lei. Talvez assim se aprendesse de uma vez por todas que a discriminação é um atentado à pessoa humana no seu todo podendo causar-lhe danos morais e psiquícos irreparáveis.
Este texto encaixa nos portadores de HIV que são rejeitados em determinados empregos e que, quando são crianças vêm os pais dos colegas de escola retirá-los da sua companhia com receio que os seus ricos filhinhos possam ter contaminados. Mas este texto encaixa em cada um de nós nesta sociedade que se manifesta excluindo aqueles que desconsidera nos seus padrões.
Vejo outro destes textos anunciados e acho um dever de cidadania não só escrevê-los e publicá-los mas também ler e comentar.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Carreira
Bem-vindo amigo. Quanta falta nos fazes!... Sei das tuas ocupações mas é importante que estejamos unidos em objectivos como este.
Preconceitos sem sentido impedem que, algumas vezes, os melhores e mais capazes sejam rejeitados para lugares que lhes pertenceriam por direito.
O estigma é uma inferioridade cultural da qual temos que nos libertar.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

G.BRITO
Concordo com tudo o que dizes. Quanto a uns grupos serem mais estigmatizados que outros penso que é irrelevante a não ser para identificar as causas que temos que combater.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

SHEILA
Tudo isso é verdade mas o post só não chega. É preciso passar a mensagem e é preciso que a mensagem seja lida e interiorizada.
Por todos nós, pelos nossos descendentes e por tudo aquilo em que acreditamos.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

JOSEPH
Ora viste Joseph é isso mesmo. Por isso meu querido amigo podes ir treinando o "eu pecador me confesso" para que outros te sigam e todos juntos olhemos para o espelho e metamos as espadas na bainha.
Porque as pessoas têm outros valores que podem desenvolver sem ter que diminuir os que estão à sua volta.
Claro que não será só isso e, ao longo dos textos que se seguirão, podemos reflectir na base doutras abordagens.
Fica connosco nesta discussão.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

JOY
Dizes bem: uma necessidade mórbida de rotular e compartimentar.
E tudo em prol do acessório porque o verdadeiro ser. que a "embalagem" esconde. está muito para além dos juízos de valor que por vezes se fazem de forma leviana ou baseados em premissas mais que discutíveis.
Um abraço

. intemporal . disse...

Tenho estado a acompanhar o debate acerca do estigma com o maior interesse. Agradeço todos os comentários, assim como, a participação da Lídia, que, apesar de dispensar elogios, é efectivamente aquele ser humano ímpar, que conhecemos melhor a cada dia que passa. Relativamente ao estigma, chego à conclusão que se estigmatiza por duas razões: por tudo e por nada! E estigmatiza-se de duas maneiras: a torto e a direito! Atrevo-me ainda a afirmar que os portugueses têm uma tendência acentuada para esta atitude. Conheço outros países, da Europa e do resto do mundo, e noto que apesar de existir descriminação e estigma, é menos acentuado, na medida em que, as pessoas estão mais preocupadas com a sua própria vida, do que com a vida dos outros no que respeita ao mal que lhes acontece. Trabalho numa grande instituição do nosso país, onde trabalham também milhares de pessoas. Diariamente, deparo-me com colegas de trabalho a serem estigmatizados por outros, pelos mais diversos motivos. Tenho o caso concreto de um colega que sofre de esclerose múltipla e que tem sérias dificuldades de locomoção. É considerado o coxo, aquele que já deveria ter ido para a reforma, aquele que só ali está a atrapalhar. No entanto, este colega é um colaborador cumpridor dos seus deveres e sabe Deus o sacrificio com que os cumpre. Mas cumpre-os! Ninguém pensa que o facto de se manter a trabalhar, ajuda-o a viver melhor, a superar a dor da doença, a não pensar no sofrimento, na morte até. Por isso temo a descriminação e o estigma. Por isso, os portadores de HIV permanecem escondidos e vivem permanentemente em pânico. Associar qualquer sofrimento, causado por uma patologia, ou por uma outra condição qualquer, à resposta que a sociedade oferece é de facto desgastante e causa de grande sofrimento. No entanto, todos temos telhados de vidro e de um momento para o outro, acabamos por sentir na pele também, o efeito devastador do estigma, sem que nunca tenhamos pensado, uma ou duas vezes, sempre que decidimos praticá-lo, desmesuradamente...

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário Relvas
Concordo com o que dizes e relevo "a sociedade tem que rever a sua visão social". Porém é bom que fique claro, e estou a ir de encontro à ideia que expressas, que banir o estigma não é, por exemplo, impôr que, num determinado grupo, faça parte um velho, um preto, uma mulher ou um cigano. Não estigmatizar é não atirar borda fora o velho, o preto, a mulher ou o cigano se estes tiverem condições para para os lugares que desejam ocupar.
Não estigmatizar é olhar as pessoas como pessoas e avaliá-las pelo seu desempenho e não por outros atributos como os que atrás referi mas que podem ser muitos mais.
Não estigmatizar é aceitar a diferença e a livre opinião.Não estigmatizar é não causar dor a terceiros para defesa duma certa visão sempre muito estreita.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Robin Hood
Sê bem regressado. Rotular as pessoas deveria efectivamente ser alvo dum castigo.
Não gosto muito das leis metidas nisto porque nunca se sabe quando pioram ainda mais o que está.
No próximo texto vou exactamente descrever uma experiência feita por uma psicóloga, que lecciona em França, e que conseguiu inver as situações em dois grupos de experiência, de modo a que os que discriminavam passassem a ser os discriminados. Duramente e nas mesmas circunstâncias. Espero, como sempre, o teu comentário sempre atento e sempre pertinente.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Paulo
Eu tive muita sorte em ter-te encontrado e ao nosso Raul, entre outras pessoas maravilhosas que o mundo virtual me propiciou.
É extraordinária a forma viva e apaixonada como falas desse teu colega. O estigma é isso: essa brutalidade cega e desumana que nem parece que vem de gente que parece gente e quer ser gente.
Exactamente por isso temos que insistir nesta tecla: ESTIGMA/DISCRIMINAÇÃO.
Ao fazê-lo estamos a bater-nos pela dignidade e pelos direitos não só dos portadores do HIV mas de todos os grupos que, duma forma ou doutra, são alvo de tamanha desumanidade/aberração.
Abraço

Henriqueseis disse...

Olá silêncio, obrigado por teres visitado o meu http://novos-mitos-urbanos.blogspot.com
gostei muito da tua critica.
este teu blog é muito bom mesmo, tem grandes mensagens,para todos aqueles que estão mais fragilisados, e para aqueles que procuram informação acerca do assunto.aparece sempre.
se quiseres ver mentiras parvas mas com algum sentido passa lá no meu outro http://men-tira.blogspot.com
e dá umas dicas. saudações mitológicas.

René disse...

Há várias ilacções que se podem tirar deste texto nomeadamente a de que ninguém está isento de culpas, numa sociedade cruel, em que se procura deitar as pessoas abaixo ao invés de levantá-las. Há um gosto mórbido por procurar os pontos fracos de cada um zurzindo sem dó nem piedade. Vivemos da maledicência e para a maledicência. É ver a comunicação social. Os políticos também acabam por ser um grupo fragilizado. Não são lá muito credíveis, isso é verdade, mas a forma como são tratados é infame.
Há duas espécies de estigmas: há os estigmas de quem já está na margem do mundo e é o coitadinho absoluto - dorme na rua, não tem aonde cair morto - e há o estigma que se aponta a pessoas que, embora pertençam a grupos vulneráveis, têm uma identidade na escala social. Sobre estes funciona também a inveja que os pretende rebaixar. Há que criar um homem novo com uma nova cultura e uma nova forma de estar.
Abraço

Michael disse...

Um excelente texto que serve aos portadores VIH e a todos os que, por diferentes motivos, se encontram em situação especial. Mas também serve a todos nós enquanto indivíduos destituídos dos valores da solidariedade, impregnados de inveja por aqueles que conseguem o que nós não conseguimos.
Lendo os comentários não posso estar mais de acordo com o que diz o Paulo relativamente a sermos dos países europeus aquele que mais estigmatiza.
Atraso cultural, amigos.
Abraço

R.Almeida disse...

A culpa não morre solteira, e o par ideal parece ter sido encontrado para que o casamento se efectue. Casada a culpa e a causa, aparentemente o problema estará resolvido, e o Estigma desaparece. Não haverá causa para o estigma, e este deixará de existir, e por consequência não existirá culpa. Elementar caro Watson.
Afinal há milhares de anos que andamos, a tentar viver num mundo perfeito sem nunca o termos conseguido. Inventámos deuses e religiões nesta busca de vivermos num mundo perfeito porque desejamos a harmonia e a paz. Fazemos guerras e vitimas para apaziguar a ira dos deuses, e nada resulta. As religiões tornam-se aberrações, e decidem que a solução está em eliminar as forças do mal e aí começamos uma nova guerra, e o círculo vicioso em que sempre haverá vítimas está estabelecido.
Todos falamos da nossa repulsa, e pensamos saber onde está o mal e o bem mas nada fazemos para amenizar esse mal. Inventamos escalas que medem quantitativamente o mal e o bem, como se qualquer um deles fosse mensurável. Somos imperfeitos, e estamos neste planeta em busca da perfeição, para nos aproximarmos do Criador, esse sim um ser perfeito é o que muitos defendem.
Quantos de nós que repudiamos o estigma e que aqui deixamos os nossos comentários com os nossos pontos de vista, chegamos ao fim do dia e temos 15 minutos para reflectir sobre o que durante esse dia fizemos de certo e errado? Certamente se o fizéssemos o mundo poderia ser um pouco melhor.
Contudo, por muito que possamos falar e fazer não encontramos a solução. Uma análise diária não chega e também não é nada de novo, pois há milhares de anos que nos ensinaram a rezar…perdoai-nos senhor as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu , e daí nada resultou.
Temos de admitir que a natureza humana é má e que nos sentimos impotentes para a modificar. Reflectirmos um pouco sobre quem somos e sobre o que poderemos fazer para melhorarmos, certamente não nos irá mudar por completo, mas terá o efeito do pneu que com a sua caixa-de-ar se vai moldando às imperfeições da estrada por onde passa, fazendo com que a viagem seja mais ou menos confortável.
Um Abraço

Arnaldo Reis Trindade disse...

Primeiramente parabens a toda a equipe do blog,parabens a você Lidia por ter apontado e de certa forma,ter se aprofundado um pouco num assunto tão complexo e na maioria das vezes tão contrangedor já que cada pessoa,não só o negoro,ou cigano ou alguém com algum tipo de "defeito"(diferença) enfrenta por causa do estigma mas tamém por fazer cada pessoa,pois cada pessoa por melhor que seja,por mais bela,ou mais inteligente que seja,vai sofrer ou já sofreu por causa disso,esse preconceito que vem cada vez mais destruindo nossas vidas,desde crianças,pois por exemplo aquele garoto inteligente e que tira boas notas no colégio que é intitulado de NErd ou o menino que não se dá bem na escola e é chamdo de Burro,asno e por aí vai,todos sofrem com isso e acho que a melhor maneira de ensinar as pessoas que isto está errado é lembrando a eles que eles mesmos já sofreram com isso,até mesmo dentro da sua própria casa.

Parabens Lidia.

Fatyly disse...

Mais um texto magnífico que subscrevo, porque tenho uma sobrinha com 24 anos com parelisia cerebral, um primo que morreu com HIV, jovens que andam nas ruas da droga e que os conheço desde pequenos porque andei com eles ao colo e dois grandes amigos que são homossexuais.

Por ser mãe e avó, ter criado sózinha duas filhas, nunca fiz diferenças e batalhei sempre contra esses estigmas, incluindo na época dos seus estudos alguns pais terem barrado a entrada de dois deficientes para as turmas delas. Vencemos e todo aquele grupo cresceu, aprendeu com os dois jovens e mais gratificante ainda: uma bela lição que deram aos pais!

Mas também posso dizer seguramente e pelo muito que já vivi e aprendi, que por vezes são os próprios que se marginalizam a si próprios. Aqui poderia dizer imensa coisa, mas se estivermos atentos verão porque ocorrem diante dos nossos olhos.

Os miúdos são cruéis, mas se tiverem um rectaguarda adequada, educativa e permanente, garanto-vos que serão adultos fantásticos.

Um abração sincero, mas sincero mesmo

Odele Souza disse...

Depois deste excelente texto da Lídia e dos comentários que acabei de ler, não sei mais o que poderia escrever que pudesse contribuir com o debate.

Quem sabe eu possa relatar minha experiência pessoal com minha filha
Flavia. Por exemplo: Quando desço com Flavia para o jardim do prédio para que ela tome um pouco de sol, claro que ela está numa cadeira de posicionamento que é uma cadeira de rodas especial e adaptada para suas necessidades de pessoa em coma vigil, portanto sem controle do corpo. Por isso a cadeira talvez por si só já chame a atenção.

Apesar de já estar morando no prédio há seis anos, reparo que quando as pessoas passam, evitam olhar para Flavia ou o fazem com o canto dos olhos. Algumas param para conversar comigo, mas se comportam como se Flavia fosse invisível, não fazendo qualquer menção à sua presença. Raras são as pessoas que fazem contato com Flavia, passando a mão em seus cabelos, elogiando sua aparência ou me perguntando como é que ela está. E quando isto acontece, quase fico grata à essas pessoas e de imediato sinto ternura por elas.

O que é isto? Por que as pessoas agem assim? Estigma, preconceito, falta de informação e claro, um pouco de falta de sensibilidade. Mas é importante não nos revoltarmos contra essas pessoas que tratam todos aqueles que são diferentes, dessa forma tão sem ternura. É importante conviver com isto de forma a não nos magoarmos, a não adicionar sofrimento ao nosso dia a dia. É importante pensarmos numa forma de mostrar às pessoas, de forma gentil claro, que todos os que são diferentes, seja por que têm HIV, câncer, porque são deficientes físicos ou mentais, e tantas outras diferenças, que essas pessoas podem nos ensinar muito sobre a arte de viver.E com elas temos muito, mas muito mesmo que aprender.

Um abraço a todos.

PS. Raul, obrigada pelo destaque de parte do texto do atual post de Flavia.

jorge vicente disse...

um dos momentos mais bonitos que experimentei nos últimos anos, no que diz respeito a discriminação a indivíduos portadores de HIV, foi num seminário de corpo-espelho, que é um tipo de terapia parecida com o reiki.

foi muito bonito toda a parte vivencial, as partilhas, os abraços dados, o convívio. seria tão bom que toda a sociedade fosse assim, com essa ternura e carinho.

um abraço carinhoso a todos
jorge vicente

SILÊNCIO CULPADO disse...

Henriqueseis
Obrigada pela visita que procurarei retribuir dentro do possível. Gostaria que, para além das virtualidades deste espaço, as mensagens que procuramos passar cheguem a destino. Porque é dessas mensagens que fazemos o nosso percurso e nos construímos como pessoas.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Michael
Sempre bem-vindo e sempre oportuno. Concordo com quase tudo menos com essa ideia tua e do Paulo de que nós portugueses somos os piores em estigmatizar. Somos vaidosos e invejosos, isso é verdade, mas também somos profundamente solidários noutras ocasiões.
E deixa-me dizer-te, só a título de exemplo, que os nossos ex-aliados e amigos ingleses são bem piores que nós, por exemplo, na segregação dos portadores do HIV. Mas falaremos disso mais à frente.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

René
Tudo isso é verdade mas o estigma não é uma fatalidade, é algo que depende de nós mudar.
Estamos a identificar as situações não para fazermos uma oração colectiva mas sim para nos conscencializarmos que temos que mudar.
E quem reflecte e opina sobre o assunto já está no bom caminho para que essa mudança realidade.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Se nós fossemos perfeitos seriamos muito imperfeitos porque não seriamos humanos.
Errar faz parte do percurso e ensina o homem a progredir, a reflectir e a amar melhor.
Errar não é um mal quando, se erro foi, foi porque não conheciamos todos os dados. Errar só seria mal se houvesse dolo mas aí eu substituiria o conceito de erro pelo de crime, pecado, ou algo equivalente.
As pessoas levam a vida a desejarem serem mais novas mas com a sabedoria adquirida depois de mais velhas. Porém, e por algum motivo, o desvendar dos mistérios da vida foi concedido ao homem em doses pequenas.
Tu próprio disseste que o HIV te fez uma pessoa melhor e que o teu objectivo de vida é lutar pela causa. Pois se é essa a tua missão, luta e olha em frente. Sem recriminações, com esperança e muito amor pelos outros.
Porque tu tens muito para dar e todos nós temos muito a aprender contigo.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Arnaldo Trindade
Obrigada pelas tuas gentis palavras. É verdade, amigo, que qualquer um, por melhor que seja, é sempre apontado. E a mesma característica pode ser elogiada por uns e apontada por outros. Porque não há verdades absolutas e porque cada vê as coisas com os olhos que tem. O que importa é que, dentro de nós próprios, encontremos motivação para amar a vida, os nossos semelhantes e corrigir o que houver para ser corrigido à medida que formos aprendendo.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Fatyly
Vejo e antevejo em tudo o que dizes de forma tão densa e tão completa, um percurso vivido entre dores repartidas, muita abnegação e também muita mágoa.
De ti, sempre pronta a dar a mão, se abeiraram muitos que dessa mão necessitam e tu revoltas-te sem raivas contra os que não acompanham e ainda estigmatizam.
Que te posso dizer a não ser que estarei sempre aqui e que vou tentando, através da mensagem, que as pessoas sejam menos agrestes? Será que consigo? Sozinha, não, certamente. Mas vejo aqui muito potencial humano que me faz acreditar que é possível melhorarmos como seres humanos.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Odele
Eu para ti não tenho palavras. A tua grandiosiodade comove-me e impele-me a olhar a vida com agradecimento por não ter passado por semelhante provação.
É pior o que acontece aos nossos filhos do que a nós próprios e, por isso, eu avalio o que significa para ti cada minuto da tua vida.
Porém uma MULHER que diz:

"Mas é importante não nos revoltarmos contra essas pessoas que tratam todos aqueles que são diferentes, dessa forma tão sem ternura. É importante conviver com isto de forma a não nos magoarmos, a não adicionar sofrimento ao nosso dia a dia. É importante pensarmos numa forma de mostrar às pessoas, de forma gentil claro, que todos os que são diferentes, seja por que têm HIV, câncer, porque são deficientes físicos ou mentais, e tantas outras diferenças, que essas pessoas podem nos ensinar muito sobre a arte de viver.E com elas temos muito, mas muito mesmo que aprender."

é uma grande MULHER e eu orgulho-me de ser sua amiga.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Jorge Vicente
Continuemos pois essa partilha e criemos outros momentos igualmente bonitos.
Porque é preciso acreditar, porque a vida vale a pena e porque o amor existe.

Abraço

São disse...

E o que é ser "normal"?
A dita normalidade varia segundo a época, não é?
Na época clássica grega a homosexualidade não representava problema algum, nos nossos dias ainda é motivo de vergonha.
Em certa altura , raparigas de treze anos casarem era normalíssimo, agora nem tanto.
Seria bom que todos nós tivessem presentes a necessidade de respeitar cada pessoa como ela é!
Um abraço grande, querida Lídia.

Silvia Madureira disse...

Olá.

Acabei de publicar um texto sobre Sida no meu blog. Não escrevi um texto fantástico, escrevi o que pensava. Tinha prometido e o prometido é devido.

beijo

SILÊNCIO CULPADO disse...

SÃO
Em poucas palavras consegue dizer tanto!...
Respeitar cada pessoa como ela é. Nem mais, minha querida.
Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Sílvia
Tu estás também naquele grupo que me faz acreditar na vida.
Já te vou visitar.
Abraço

Anónimo disse...

Aproveito para dizer que muitas vezes somos culpados pelos estigmas. No caso da deficiência, quantos pais não levam os filhos aos eventos sociais? Não os socializam, desde a ida ao supermercado, à piscina...
Quantos? E assim ajudamos ao estigma.
Quando alguém fica a olhar para o meu filho e vejo que é por ignorância procuro esclarecer as refridas pessoas. Tem resultado. Da ignorância passam ao respeito e ao conhecimento.
Não se pode acabar com os estigmas enquanto houver ignorância, essa sim, estigmatizante que chegue!

Saudações e um sorriso

SILÊNCIO CULPADO disse...

Mário relvas
Tens razão. A ignorância é o grande mal. Aqui também estamos a ser esclarecidos e a procurar que se encarem naturalmente as situações.
Abraço

Valsa Lenta disse...

Lídia Soares

Sei e compreendo do que fala.
Eu mesma "morri" algumas vezes... ou talvez me tenham tentado "matar".
Hoje levanto-me aos poucos. Sou Mulher e luto sempre. De cabeça erguida no dia-a-dia.
Sou homossexual como sabe. E aproveito para agradecer o facto de sempre me respeitar.
Por vezes pensam que mulher homossexual é aquela "camionista"... e no meu caso?! Pois... não tenho aspecto de camionista. Sou mulher feminina que adoro vestidos e saias como tanta mulher.
Mas sou discriminada... até pela família e isso mata e dói demasiado. Se soubessem o quanto os amo (talvez o saibam).
Obrigada por mais um excelente texto

SILÊNCIO CULPADO disse...

Valsa Lenta
Não há regras para as emoções e elas são sempre belas nas suas mais diferentes vertentes.Desde que sejam sinceras e falem de amor.
O amor é um direito que a todos nos assiste, seja ele breve ou duradouro, ninguém se deve envergonhar de amar. A homossexualidade não é um crime nem uma vergonha que se deva esconder. É uma entre as diferentes formas de realização humana e tão digna quanto qualquer outra. Um dia a tua família compreenderá isso.
Morreste muitas vezes? Não! Vive antes muitas vezes.

Eu estou aqui e poderás, se quiseres, contactares-me por mail.
Abraço

sideny disse...

raul
espero que tenha entrado
vou participar no proximo debate
bej