Uma das minhas preocupações é com a prevenção, para que as novas infecções diminuam ao máximo quer do HIV quer das hepatites virais.
Das duas vias principais de infecção ou sejam o contacto com material infectado, e relações sexuais não protegidas vou aqui focar em especial a última.
Deixo a primeira bem entregue, à distribuição dos kits de seringas e á troca de uma seringa usada por uma nova. Reconheço no entanto que este programa tem muitas lacunas e precisa de ser implementado, mas isso envolve salas de chuto, programas de substituição, apoios ao tóxico dependentes, prisões e muito mais e temos de caminhar devagar para estarmos seguros.
Começo pelo titulo deste texto “Quem infecta quem?”. Recomendo a leitura do texto Medos para melhor compreenderem o desenvolvimento do mesmo.
Uma pessoa para infectar outra tem de obrigatoriamente ser seropositiva ao HIV, isso todo o mundo sabe, e não é preciso ser génio para o compreender.
A questão que se põe é se a pessoa que infecta sabe ou não sabe que é seropositiva.
Aqui alargamos a perspectiva a dois pontos. Vamos analisar o ponto em que a pessoa sabe que é portadora do HIV, e deixamos a que não sabe para a parte final desta minha opinião.
A pessoa, que sabe e que faz testes regularmente e toma ou não conforme as necessidades medicação retroviral de grande actividade (TARGA ,Tri –terapias) é pouco infecciosa, com excepção para as falências terapêuticas e grandes carga virais. Com a medicação atingem-se cargas virais indetectáveis (normalmente definida como abaixo de 50 cópias por mililitro de sangue). Cientificamente está provado que quanto menor for a carga viral menor é o risco de transmissão do vírus. Recentemente um cientista de nome Bernard Hirschel, declarou ao mundo que se a carga viral é indetectável e não há vírus no sangue não se transmite a infecção. (leia o post Digam ao povo em 7Dez2007).
A primeira conclusão que podemos tirar, é que neste grupo de infectados há muito menos risco em transmitirem o vírus a outras pessoas nas relações sexuais desprotegidas.
Mas há mais considerações a fazer. A classe médica avisa para o perigo de reinfecções ou seja uma nova infecção por outro vírus HIV de estirpe diferente, ao do que o portador já tem no seu corpo o qual pode vir a comprometer a eficácia do tratamento e agravar o desenvolvimento da doença. Portanto o infectado tem medo, e procura a sua própria protecção sabendo até onde pode ir com risco inexistente ou mínimo, para ele mesmo.
Passamos a analisar o grupo que não sabe se está infectado. Sem saber que está infectado, pode pensar que o não está, e isso pode levá-lo a mais livremente ter sexo desprotegido, mesmo com o cônjuge ou parceiro/a habitual. Sem tratamento retroviral a carga viral tende a aumentar e consequentemente os riscos de transmissão do vírus são maiores. A carga viral pode mesmo atingir valores altíssimos antes do sistema imunitário estar completamente destruído, e as doenças oportunistas surgirem. A pessoa pode continuar a pensar que não está infectada, não ter qualquer sintoma físico, mas é um portador que apresenta grandes riscos para o parceiro sexual com quem tiver relações sexuais não protegidas.
A opinião aqui expressa, é apenas uma teoria com base no número de novos infectados, que só vem a saber da sua doença, tardiamente e já num estado avançado da mesma. Normalmente estes doentes têm um número de células CD4 (Defesas do organismo) muito baixo e cargas virais muito altas. Aqueles que vêm a saber através de exames ao HIV, requeridos pelas empresas onde trabalham ou exigidos por companhias seguradoras na altura em que necessitam de um seguro de vida ou outro serviço, podem ter a sorte de serem diagnosticados numa altura precoce, o que tem vantagens na qualidade de vida futura com tratamentos, mas há os que já chegam numa altura tardia e a sua recuperação é mais difícil.
Assim e em tipo de resumo, mesmo que valha apenas como opinião, ou teoria sem o suporte de estudos aprofundados aqui fica:
"A esmagadora maioria de transmissão do HIV via sexual, é feita através de pessoas que têm desconhecimento do seu estado serológico para o HIV."
Há necessidade de incentivar a população a efectuar o teste ao HIV (SIDA)e ao HCV (Hepatite C) e os mesmos deveriam ser incluídos em todos os exames de rotina, tipo check-up que as pessoas fazem regularmente. É discriminatório o teste ao HIV, necessitar de consentimento do presumível doente. Ele terá de ser um exame de rotina, tal qual a diabetes, o colesterol, ou os electro ou eco cardiogramas, bem como as radiografias aos pulmões (Creio que aqui não perguntam ao doente se autoriza).
São necessárias políticas de prevenção eficazes, as quais têm obrigatoriamente de passar pelo apoio social aos infectados, com menos recursos e pelo combate à descriminação e injustiças em todas as áreas desde o emprego, seguros de vida e empréstimos bancários.
Os medos desenvolvidos pelo comum cidadão em fazer o teste estão relacionados directamente com o que pensa a sociedade em relação à SIDA. Faz parte da prevenção, o combate ao estigma e á descriminação e exclusão social. Faz parte da prevenção o combate contra as injustiças, como o despedimento de empregos com base na condição do estado serológico para o HIV.
A Educação sobre a SIDA, é essencial na forma como a mesma se propaga e o povo tem de saber que as pessoas infectadas não apresentam perigo para a sociedade. Ela tem de começar nas escolas em crianças antes do inicio da sua vida sexual, as quais podem levar para casa e aos pais essa informação tão necessária.
Enquanto a mentalidade do povo não for mudada e os medos desaparecerem, vamos assistir a um constante aumento de novas infecções. Haverá novas vítimas todos os dias e os custos humanos e económicos devido ao aumento de casos, poderá ter como consequência a ruptura dos serviços de saúde com graves perdas para o país.
Andar com uma pistola no coldre tipo cowboy, que toda a gente vê, não representa perigo e nós sabemos que o seu portador tem força usando-a, mas temos a noção até onde podemos ir sabendo os limites de aproximação.
O perigo existe quando a pistola está camuflada ou escondida nos bolsos ou nas botas, e nós não temos a noção dos limites e corremos o risco de ser surpreendidos com um tiro, que era o que menos esperávamos. Normalmente estas pistolas são de grande calibre e a sua carga provoca danos irreparáveis ou mesmo a morte.
Das duas vias principais de infecção ou sejam o contacto com material infectado, e relações sexuais não protegidas vou aqui focar em especial a última.
Deixo a primeira bem entregue, à distribuição dos kits de seringas e á troca de uma seringa usada por uma nova. Reconheço no entanto que este programa tem muitas lacunas e precisa de ser implementado, mas isso envolve salas de chuto, programas de substituição, apoios ao tóxico dependentes, prisões e muito mais e temos de caminhar devagar para estarmos seguros.
Começo pelo titulo deste texto “Quem infecta quem?”. Recomendo a leitura do texto Medos para melhor compreenderem o desenvolvimento do mesmo.
Uma pessoa para infectar outra tem de obrigatoriamente ser seropositiva ao HIV, isso todo o mundo sabe, e não é preciso ser génio para o compreender.
A questão que se põe é se a pessoa que infecta sabe ou não sabe que é seropositiva.
Aqui alargamos a perspectiva a dois pontos. Vamos analisar o ponto em que a pessoa sabe que é portadora do HIV, e deixamos a que não sabe para a parte final desta minha opinião.
A pessoa, que sabe e que faz testes regularmente e toma ou não conforme as necessidades medicação retroviral de grande actividade (TARGA ,Tri –terapias) é pouco infecciosa, com excepção para as falências terapêuticas e grandes carga virais. Com a medicação atingem-se cargas virais indetectáveis (normalmente definida como abaixo de 50 cópias por mililitro de sangue). Cientificamente está provado que quanto menor for a carga viral menor é o risco de transmissão do vírus. Recentemente um cientista de nome Bernard Hirschel, declarou ao mundo que se a carga viral é indetectável e não há vírus no sangue não se transmite a infecção. (leia o post Digam ao povo em 7Dez2007).
A primeira conclusão que podemos tirar, é que neste grupo de infectados há muito menos risco em transmitirem o vírus a outras pessoas nas relações sexuais desprotegidas.
Mas há mais considerações a fazer. A classe médica avisa para o perigo de reinfecções ou seja uma nova infecção por outro vírus HIV de estirpe diferente, ao do que o portador já tem no seu corpo o qual pode vir a comprometer a eficácia do tratamento e agravar o desenvolvimento da doença. Portanto o infectado tem medo, e procura a sua própria protecção sabendo até onde pode ir com risco inexistente ou mínimo, para ele mesmo.
Passamos a analisar o grupo que não sabe se está infectado. Sem saber que está infectado, pode pensar que o não está, e isso pode levá-lo a mais livremente ter sexo desprotegido, mesmo com o cônjuge ou parceiro/a habitual. Sem tratamento retroviral a carga viral tende a aumentar e consequentemente os riscos de transmissão do vírus são maiores. A carga viral pode mesmo atingir valores altíssimos antes do sistema imunitário estar completamente destruído, e as doenças oportunistas surgirem. A pessoa pode continuar a pensar que não está infectada, não ter qualquer sintoma físico, mas é um portador que apresenta grandes riscos para o parceiro sexual com quem tiver relações sexuais não protegidas.
A opinião aqui expressa, é apenas uma teoria com base no número de novos infectados, que só vem a saber da sua doença, tardiamente e já num estado avançado da mesma. Normalmente estes doentes têm um número de células CD4 (Defesas do organismo) muito baixo e cargas virais muito altas. Aqueles que vêm a saber através de exames ao HIV, requeridos pelas empresas onde trabalham ou exigidos por companhias seguradoras na altura em que necessitam de um seguro de vida ou outro serviço, podem ter a sorte de serem diagnosticados numa altura precoce, o que tem vantagens na qualidade de vida futura com tratamentos, mas há os que já chegam numa altura tardia e a sua recuperação é mais difícil.
Assim e em tipo de resumo, mesmo que valha apenas como opinião, ou teoria sem o suporte de estudos aprofundados aqui fica:
"A esmagadora maioria de transmissão do HIV via sexual, é feita através de pessoas que têm desconhecimento do seu estado serológico para o HIV."
Há necessidade de incentivar a população a efectuar o teste ao HIV (SIDA)e ao HCV (Hepatite C) e os mesmos deveriam ser incluídos em todos os exames de rotina, tipo check-up que as pessoas fazem regularmente. É discriminatório o teste ao HIV, necessitar de consentimento do presumível doente. Ele terá de ser um exame de rotina, tal qual a diabetes, o colesterol, ou os electro ou eco cardiogramas, bem como as radiografias aos pulmões (Creio que aqui não perguntam ao doente se autoriza).
São necessárias políticas de prevenção eficazes, as quais têm obrigatoriamente de passar pelo apoio social aos infectados, com menos recursos e pelo combate à descriminação e injustiças em todas as áreas desde o emprego, seguros de vida e empréstimos bancários.
Os medos desenvolvidos pelo comum cidadão em fazer o teste estão relacionados directamente com o que pensa a sociedade em relação à SIDA. Faz parte da prevenção, o combate ao estigma e á descriminação e exclusão social. Faz parte da prevenção o combate contra as injustiças, como o despedimento de empregos com base na condição do estado serológico para o HIV.
A Educação sobre a SIDA, é essencial na forma como a mesma se propaga e o povo tem de saber que as pessoas infectadas não apresentam perigo para a sociedade. Ela tem de começar nas escolas em crianças antes do inicio da sua vida sexual, as quais podem levar para casa e aos pais essa informação tão necessária.
Enquanto a mentalidade do povo não for mudada e os medos desaparecerem, vamos assistir a um constante aumento de novas infecções. Haverá novas vítimas todos os dias e os custos humanos e económicos devido ao aumento de casos, poderá ter como consequência a ruptura dos serviços de saúde com graves perdas para o país.
Andar com uma pistola no coldre tipo cowboy, que toda a gente vê, não representa perigo e nós sabemos que o seu portador tem força usando-a, mas temos a noção até onde podemos ir sabendo os limites de aproximação.
O perigo existe quando a pistola está camuflada ou escondida nos bolsos ou nas botas, e nós não temos a noção dos limites e corremos o risco de ser surpreendidos com um tiro, que era o que menos esperávamos. Normalmente estas pistolas são de grande calibre e a sua carga provoca danos irreparáveis ou mesmo a morte.
7 comentários:
Em resposta à pergunta do teu título: a Veganinha a mim. Antes de ontem insistiu em dormir comigo na minha cama e estava meia constipadita. Passou a santa noite toda a respirar pela boca para cima de mim. Conclusão, os bicharocos sairam felizes e contentes do corpo dela e passaram para o meu, sendo certo que nunca percebi porque no meu fazem sempre muito mais estragos que no dela.
Curiosidades da vida...
Mais um post com informações preciosas para teus leitores.
Um abraço.
olá!
Concordo quando dizes que o teste do VIH deveria ser pedido pelo médico como outro qualquer teste sem necessitar de consentimento informado. No entanto acho que este teste (pelas consequencias que podem advir de um resultado positivo) deveria sempre ser acompanhado de aconselhamento pré teste e pós teste!
Conheço muitas pessoas que fazem a "asneira" de ir doar sangue para que lhes façam o teste VIH sem fazer perguntas e vivem durante meses a angustia de esperar pela cartinha a dizer que o sangue foi aceite! Para muita gente a ida ao CAD ainda é muito dificil.
biby:Gostei do teu comentário.Mesmo sem que o blog seja um forum,eu questiono a razão do medo.É por isso que eu acho que a prevenção tem de passar pela educação e pela desmistificação da SIDA. O monstro aterrador, o papão com que as crianças eram amedrontadas (neste caso adultos, o policia,ou qualquer personagem que cause terror, têm de desaparecer na mentalidade comum em relação à SIDA. O HIV é uma infecção chata, mexe com toda a gente devido ao passado e à maneira como foi mostrado ao mundo,e se quisermos resolver o problema da pandemia em relação a novas infecções o "Papão" não pode continuar a fazer parte das mentalidades, das pessoas menos informadas. Bjs.
Olá RU2X,
Boa tarde.
Realmente o modo como esta infecção foi "publicitada" ao mundo deu origem a toda a discriminação que continua a acontecer ...
não sabia que era necessária a autorização da pessoa para fazer o teste ...
há vários anos atrás, fui dar sangue para uma pessoa que precisava ... e a 1ª coisa que fizeram foi fazerem-me um corte no dedo ... e retiraram-se ... com a lamela com umas gotinhas de sangue...
voltaram passado um tempo e disseram-me assim: fomos fazer o teste para ver se tinha sida ... mas autorização não me pediram nenhuma .... mas já lá vão uns 12 anos talvez ...
bjs
O conhecimento é a base para uma prevenção eficaz.
Muita gente continua com aquela sensação estupida de que as coisas só acontecem aos outros.
A virus HIV não coloca um selo na testa da pessoa infectada, por isso mais vale prevenir e fazer sempre sexo seguro.
Fala-se muito do preservativo como combate à gravidez e muito pouco como protecção às doenças sexualmente transmissiveis.
marinheiroaguadoce a navegar
Ru
Antes demais os meus parabéns por este magnífico texto elucidativo, onde tentas desmistificar o "medo da SIDA"! Medo que apoquenta qualquer um que enfrenta outra coisa qualquer com significado MORTE, tal como o cancro, a Hepatite C, a cirose, etc, etc.
Depois ter medo de vir aqui comentar, opinar com medo que PENSEM que são infectados???? Ai meu amigo como é que se pode evoluir com um povo a pensar assim? Ou será que também pensam que se infectam através da tela do PC? Para esses digo apenas que além de colocarem o mesmo no coiso, que coloquem outro no PC e outro no cérebro. Valha-me deus:)
Tenho acompanhado e lido muito sobre o assunto. O que me espanta é que com tanta informação ainda há quem não use a prática do sexo seguro ao iniciar uma vida sexual ou até a que pode ocorrer numa noite, num dia, ou numa bela tarde de sol. Sexo é bom, mas é bom precavermo-nos para não provocarmos mais vitimas ou até sermos vitimas.
Já o disse que sou dadora de sangue há 30 anos e na década de 79/80 começaram a aparecer na minha folha (quase um caderno) onde ficam registados todos os resultados do exame feito ao sangue umas análises que nunca constaram. Como tal foi de facto passo-a-passo que começamos a ter conhecimento de algo que desconheciamos e a bomba estourou em 80/81 onde por falta de informação...até o dar a mão, as lágrimas etc, etc. seriam um motivo para a contaminação. Mas não só em Portugal, porque a ciência é feita de passos milimétricos mas o certo é que trabalharam 24 sobre 24 horas e começaram a ter respostas e medicamentos. Por indago-me...quantos morreram no mundo com o "diagnóstico - morte desconhecida, infecção pulmonar"?
Acredito que mais breve do que pensamos será descoberta a vacina.
Julgo que os testes já são incluidos nos exames de rotina sem autorização prévia. Aliás qualquer ferido ou doente que entre num hospital é feito de imediato o teste e não lhe pedem autorização nenhuma. Há uns anos esperava-se um pouco mais pelo resultado(mas não tanto como referido por biby) e hoje é tão rápido. Depois quem é portador não é o Sr. ou Srª. é o nº. X e Y, porque a confidencialidade existe em todos os hospitais. Só não existe confidencialidade nas marcas do corpo que referiste num post, mas quem padece de cancro do pulmão, que eventualmente tenha retirado um e não é bem sucedido, o rosto fica precisamente igual ( as nádegas não sei porque nunca vi).
Já falei demais não foi?
Que a sociedade seja menos cretina.
Que a sociedade seja mais precavida e informada
Que a sociedade acima de tudo seja mais HUMANA!
Beijocas desta velhota:)
A nossa sociedade continuar a pôr de lado, além dos infectados pelo HIV, os cancerosos, os deficientes, os tuberculosos, os que têm lepra, e se me dá dó ver a descriminação sobre um jovem ou adulto fico completamente fora de mim ver que uma criança portadora de algo não ser aceite - não pelas outras crianças - mas pelos pais delas, pelos directores de colégios que não querem perder "lucros". Perante isto só penso: que a burrice e estupidez natural atravessa todas as classes da população.
Força
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