As pessoas co-infectadas com os vírus da SIDA e da Hepatite C, evoluem mais rapidamente para uma situação clínica crítica do que os doentes infectados somente com o vírus da Hepatite C.
Este facto é reconhecido pela comunidade médica internacional, a qual também reconhece que o sucesso nos transplantes de fígado é semelhante em pacientes mono infectados com o HCV, e doentes que estão também concomitantemente, infectados com HIV.
Em ambos os casos, é normal que o órgão transplantado mais cedo ou mais tarde, esteja de novo infectado pelo HCV, mas isso vai permitir ao transplantado se tudo correr bem mais alguns anos de vida, já que é esse o objectivo da intervenção cirúrgica.
Em 2006, numa conferência na qual um cirurgião espanhol apresentava os dados de sucesso do transplante hepático em doentes co-infectados estava também na mesa um notável cirurgião português perito em transplantes deste órgão. Na sessão de perguntas e respostas, ao ser inquirido acerca da razão pela qual em Portugal ainda não se tinha feito nenhum transplante em co-infectados no nosso país, falou em não haver casos urgentes e finalizou referindo que por estarem infectados com o HIV, isso não era razão para qualquer prioridade em relação aos doentes mono infectados.
Lembra-me, o cirurgião espanhol referir que os portugueses co-infectados podiam ir a Espanha fazer o transplante, não sabendo se as suas palavras mostravam o seu desacordo com a postura do colega português.
Já este ano numa conferência em Espanha na qual estive presente e relacionada com este assunto, na qual estavam activistas de França, Itália e Espanha para além dos Portugueses, vi com certa vergonha (como português) serem apresentados números de transplantes de sucesso contados às centenas nos outros países. É certo que este ano, já se fez um transplante num doente co-infectado em Portugal, operação que correu muito bem, embora o doente tenha vindo a falecer, devido a um deficiente follow-up no período pós-operatório segundo se diz.
Segundo sei, o transplante efectuado num doente que estava também infectado com o HIV, foi feito devido à pressão de activistas que estranhavam o facto de não haver pessoas co-infectadas a necessitarem de um transplante.
Sendo o objectivo de qualquer intervenção cirúrgica salvar vidas, e tendo todos os médicos feito o juramento de Hipócrates, em que se comprometem a cumprir este desígnio, não será de maneira nenhuma aceitável que doentes com HIV sejam excluídos deste tipo de intervenções que podem salvar as suas vidas, ou mesmo postos numa lista secundária de prioridades e constitui descriminação para com os mesmos, de uma classe da qual isso não seria esperado.
Numa altura em que em todo o mundo se luta para que seja dada prioridade a doentes em risco de uma progressão mais rápida da doença no que se refere ao transplante de fígados, e fazendo os co-infectados parte desse grupo, qual será a posição que os nossos médicos vão tomar em relação a este assunto?
Se a taxa de sucesso nos transplantes é semelhante em ambos os grupos, e se os doentes co-infectados têm um maior risco de evolução para um estado clínico critico é de bom senso dar prioridade a estes doentes, na lista de transplantes.
Temos uma legislação de colheita de órgãos das mais avançadas do mundo em que todo o cidadão em caso de acidente é um potencial dador salvo se por escrito declarar não o querer ser. É certo que há falta de equipas para a colheita de órgãos, mas temos que lutar contra esta lacuna nos nossos serviços médicos.
Muito me orgulharia, ver no futuro em conferências internacionais, Portugal ser apontado como um exemplo a seguir. Afinal o que é que nos falta? Falta-nos vontade senhores… aquela vontade direccionada a causas nobres e úteis para todos, em contraste com a vontade para registarmos o nosso país no Guinness Book de Recordes, fazendo assadores de castanhas gigantes para depois ver o povo a atropelar-se e a saltar por cima dos outros para ter umas castanhas à borla, numa demonstração clara de civismo.
Este facto é reconhecido pela comunidade médica internacional, a qual também reconhece que o sucesso nos transplantes de fígado é semelhante em pacientes mono infectados com o HCV, e doentes que estão também concomitantemente, infectados com HIV.
Em ambos os casos, é normal que o órgão transplantado mais cedo ou mais tarde, esteja de novo infectado pelo HCV, mas isso vai permitir ao transplantado se tudo correr bem mais alguns anos de vida, já que é esse o objectivo da intervenção cirúrgica.
Em 2006, numa conferência na qual um cirurgião espanhol apresentava os dados de sucesso do transplante hepático em doentes co-infectados estava também na mesa um notável cirurgião português perito em transplantes deste órgão. Na sessão de perguntas e respostas, ao ser inquirido acerca da razão pela qual em Portugal ainda não se tinha feito nenhum transplante em co-infectados no nosso país, falou em não haver casos urgentes e finalizou referindo que por estarem infectados com o HIV, isso não era razão para qualquer prioridade em relação aos doentes mono infectados.
Lembra-me, o cirurgião espanhol referir que os portugueses co-infectados podiam ir a Espanha fazer o transplante, não sabendo se as suas palavras mostravam o seu desacordo com a postura do colega português.
Já este ano numa conferência em Espanha na qual estive presente e relacionada com este assunto, na qual estavam activistas de França, Itália e Espanha para além dos Portugueses, vi com certa vergonha (como português) serem apresentados números de transplantes de sucesso contados às centenas nos outros países. É certo que este ano, já se fez um transplante num doente co-infectado em Portugal, operação que correu muito bem, embora o doente tenha vindo a falecer, devido a um deficiente follow-up no período pós-operatório segundo se diz.
Segundo sei, o transplante efectuado num doente que estava também infectado com o HIV, foi feito devido à pressão de activistas que estranhavam o facto de não haver pessoas co-infectadas a necessitarem de um transplante.
Sendo o objectivo de qualquer intervenção cirúrgica salvar vidas, e tendo todos os médicos feito o juramento de Hipócrates, em que se comprometem a cumprir este desígnio, não será de maneira nenhuma aceitável que doentes com HIV sejam excluídos deste tipo de intervenções que podem salvar as suas vidas, ou mesmo postos numa lista secundária de prioridades e constitui descriminação para com os mesmos, de uma classe da qual isso não seria esperado.
Numa altura em que em todo o mundo se luta para que seja dada prioridade a doentes em risco de uma progressão mais rápida da doença no que se refere ao transplante de fígados, e fazendo os co-infectados parte desse grupo, qual será a posição que os nossos médicos vão tomar em relação a este assunto?
Se a taxa de sucesso nos transplantes é semelhante em ambos os grupos, e se os doentes co-infectados têm um maior risco de evolução para um estado clínico critico é de bom senso dar prioridade a estes doentes, na lista de transplantes.
Temos uma legislação de colheita de órgãos das mais avançadas do mundo em que todo o cidadão em caso de acidente é um potencial dador salvo se por escrito declarar não o querer ser. É certo que há falta de equipas para a colheita de órgãos, mas temos que lutar contra esta lacuna nos nossos serviços médicos.
Muito me orgulharia, ver no futuro em conferências internacionais, Portugal ser apontado como um exemplo a seguir. Afinal o que é que nos falta? Falta-nos vontade senhores… aquela vontade direccionada a causas nobres e úteis para todos, em contraste com a vontade para registarmos o nosso país no Guinness Book de Recordes, fazendo assadores de castanhas gigantes para depois ver o povo a atropelar-se e a saltar por cima dos outros para ter umas castanhas à borla, numa demonstração clara de civismo.
4 comentários:
O que acontece com os co-infectados VIH/VHC é semelhante ao que se passa com os casais serodiscordantes que pretendem engravidar... geralmente são enviados para o fundo da lista. Esquecidos...
As pessoas depois arriscam para conseguir ter um filho porque a maioria não pode pagar clinicas privadas.
Mas o nosso país em matéria de saúde anda muito mal e pelo que vejo a tendência é para piorar.
Activismo e reclamarmos os nossos direitos é algo mais do que necessário.
Quanto aos casais serodiscordantes, embora a lavagem de esperma seja uma miragem, há métodos para levar uma gravidez avante com riscos reduzidos. Terapia PEP, para o conjugue não infectado estar protegido de uma possivel infecção e tratamentos de redução de riscos caso a mãe seja seropositiva.
Como diz o povo "só me apetece chorar",mas isso não é a solução para os nossos problemas.
Imcompreensivel a posiçao da medicina em relaçao aos coinfectados! E se os ditos "normais" de facto forem muito mais irresponsáveis quanto aos pos operatórios tendo atitudes de vida compremetedoras do transplante etc etc.? Nem tudo é mensurável por análises visíveis!
Sou uma potencial condidata e horroriza-me a luta que se irá travar e que perderei sem ter poder para "os convencer"...
Imcompreensivel a posiçao da medicina em relaçao aos coinfectados! E se os ditos "normais" de facto forem muito mais irresponsáveis quanto aos pos operatórios tendo atitudes de vida compremetedoras do transplante etc etc.? Nem tudo é mensurável por análises visíveis!
Sou uma potencial condidata e horroriza-me a luta que se irá travar e que perderei sem ter poder para "os convencer"...
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