Rastreio do VIH a menores

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Foi deveras importante a abordagem no post anterior sobre os testes ao VIH a menores de idade. A preocupação e a consciência cívica dos nossos leitores revelaram-se em diferentes pontos de vista, todos eles válidos merecendo de facto uma atenção e meditação sobre o assunto.

Teve tanto impacto, que até em Árabe alguém quis chamar a nossa atenção para outras causas também elas importantes e que nos chocam, mas que não se enquadram na nossa luta focalizada na prevenção e redução de riscos relativos à disseminação do VIH.

Seria injusto aqui reproduzir partes de alguns comentários e deixar outros de fora tal a importância que cada um tem e a visão de cada um dos nossos comentadores.

Pessoalmente, sou a favor do despiste ao HIV a todas as pessoas desde que iniciam a sua vida sexual até à idade de avozinhos, em que pensar que aquele respeitável ser humano de cabelos brancos não possa ter relações sexuais é na realidade um absurdo.

Tendo como ponto focal os mais jovens e a importância do rastreio a partir dos 14 anos deixo algumas reflexões para apreciação dos nossos leitores. Fique claro que não sou a favor da obrigatoriedade de testes seja qual for a idade. Devem sim ser feitos em consciência e por desejo expresso, pese a importância das campanhas de sensibilização que desmistifiquem o estigma que marcou esta doença e a sua contribuição para a mudança de mentalidades sobre a problemática do VIH.

Durante seis anos após o inicio da vida sexual, quantos parceiros diferentes poderá ter cada jovem? Consideremos apenas um parceiro diferente por ano. Este pressuposto basta para fazer pensar os nossos leitores.

Num estudo efectuado pela Drª K.E. Safire e publicado na revista cientifica “Continuing Medical Education”, a mesma afirma: “Se você tiver um parceiro por ano durante 6 anos, e assim também todos os seus parceiros, virtualmente você terá tido contacto sexual com 45 mil pessoas”.

Longe de querer fazer comparações com a vizinha Espanha, a verdade é que há 15 anos, face à galopante progressão do VIH entre adolescentes o ministério da saúde espanhol lançou uma intensa campanha de despistagem e prevenção denominada “Conoce la nueva cara del VIH”, que deu frutos.


E por cá:
Passados 15 anos, neste jardim à beira-mar plantado, constata-se mais uma vez a derrota da saúde pública pelo tacanho e medieval moralismo lusitano, com influência ao mais alto nível do Poder, em pleno séc. XXI.”

Creio ser importante pensar no assunto e termos todos a nossa opinião formada tendo em conta acima de tudo aquilo que é melhor para os nossos jovens. O VIHlão não tem preconceitos nem se importa com a idade das vítimas. Ataca e deixa nelas a sua marca indelével todos os dias, pelo resto da vida.


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9 comentários:

Fatyly disse...

Raul
O médico pergunta ao doente quer fazer análises ao cócó, xixi, diabetes, colesterol, glicémia etc, etc e as não menos importantes Hepatites A,B,C,D???
Porque não incluir os da sida, conforme incluem toda aquela enormidade de exames? e claro os velhos também, ora essa a sexualidade termina quando morrem ou se têm algo incapacitante.
A meu ver é neste ponto fulcral que começamos mal, (embora eu "não acredite" que quem entra de urgência num hospital, com o mais variado quadro clínico "mais para lá do que para cá" os testes não são feitos na hora),porque desta forma poderiam "ajudar" muitos mais.
Também concordo que se faça uma campanha de prevenção "in loco", mas com cabeça, tronco e membros, junto dos miúdos jovens e dos jovens miúdos!

Unknown disse...

Raul,
Estou completamente de acordo com o que a Fatyly aqui comenta e que aliás foi um dos pontos que foquei no post anterior.

Beijinhos,
Ana Martins

Elvira Carvalho disse...

Absolutamente de acordo. Se os médicos mandam fazer outras análises para despiste de outras doenças, porque raio tem que pedir autorização ao doente para o HIV?
Um abraço e uma boa semana

O Árabe disse...

É importante pensar no assunto, sim; e fazer algo neste sentido. É importante defender a vida! Boa semana, amigo, meu abraço.

Laila Braga disse...

Acredito ser valida todas as movimentações que são em favor da vida e da melhoria da mesma...

Odele Souza disse...

Minha opinião é de que os exames para detectar o virus do HIV fosse visto com a mesma normalidade dos demais exames de saúde. E não importa se o indíviduo tem 8 ou 80 anos.

Abraço.

José Pires F. disse...

Caríssimo Raul, confesso que tenho alguma dificuldade com as imposições de Estado, mas este estudo da Dra. K.E.Safire revela que estamos perante um caso de saúde pública (coisa que há muito se sabe e se reconhece nos meios oficias). Por esse motivo e assim como em todos os casos que de saúde pública se trata, em minha opinião, as despistagens obrigatórias são necessárias e devem ser acompanhadas de maciças, agressivas e continuadas campanhas que acabarão por entrar no nosso quotidiano e fazer parte de uma necessária consciência cívica colectiva.

Hoje a Ciência, transformou “uma doença com uma letalidade elevadíssima numa infecção com curso crónico, por enquanto incurável mas compatível com vida de qualidade” como se pode ler no sitio do Alto Comissariado da Saúde, mas é estranho que, quase já não se ouça falar da SIDA e quando aparece uma iniciativa como as Unidades Móveis do programa ‘Cuida-te’ que é gratuito, anónimo e confidencial como deve, tantos se apressem a contestá-lo argumentando com a questão da idade (a partir dos 14 anos) quando, sabemos que hoje a actividade sexual começa por essa idade senão pelos 13 anos.

Não sei se a derrota tem a ver com o “tacanho e medieval moralismo lusitano”, mas sei que tem a ver com educação.

Forte abraço, caríssimos.

Branca disse...

Olá Raul,

Há vários dias passo por aqui sem grande tempo para me debruçar em assunto tão importante, por isso hoje pousei propositadamente para ler em pormenor o que dizes e meditar...melhor dizendo para concordar absolutamente com tudo o que dizes.
Surpreendeu-me que pela primeira vez fosse um médico idoso no âmbito da cirurgia geral que propusesse a uma jovem de família a realização da análise de detecção de HIV, juntamente com toda a panóplia de análises gerais, surpreendeu-me por ser um médico que à pertida seria mais preconceituoso que outro qualquer, mas afinal não era, afinal a sua proposta subtil, porque se baseou em nada, outro não acharia necessário, mas foi dizendo: a acreditar que não tem namorado, não lhe pedirei outra análise que pediria nessa circunstância, isso levou a que a jovem despertasse para a questão e pedisse ela própria para a fazer, uma vez que nunca o tinha feito, isso despertou-me também a mim para o fazer e tenho a consciência que devia repetir nas análises anuais, no entanto não voltei a repeti-la e já lá vão uns dois anos ou mais.
Seria realmente importante que todos tivessem a consciência que não custa nada fazê-lo, desde os profissionais de saúde que a podem requisitar até aos utentes que têm o dever de preservar a sua saúde e a dos outros.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Passei. Deixo um abraço e votos de que tudo esteja bem.