Retrocedendo aos meus tempos de infância em África e ás minhas férias escolares no mato onde o meu pai trabalhava desbravando a floresta e abrindo estradas, lembrei-me de um pássaro que saltava de bissapa em bissapa (arbustos) aproximando-se do ser humano como se quisesse ser agarrado. Quando estendia-mos a mão para o agarrar ele esvoaçava para outra bissapa mais afastada e continuava a piar como que a chamar-nos e a convidar-nos para o seguirmos.
Os nativos experientes conheciam-no e seguiam-no cuidadosamente se estivessem armados ou retiravam-se se não tivessem uma arma e iam chamar mais gente, para a seguir voltarem ao local e seguirem o caminho que o pássaro lhes indicava. No fim do trilho havia sempre um prémio compensador quer para os homens quer para o pássaro.
Resumindo o pássaro alimentava-se de moscas e abelhas e precisava da ajuda do homem para lhe facilitar o acesso ao alimento que necessitava.
Indiferenciadamente, levava-nos a um tronco onde existia um enxame de abelhas cheio de favos de mel, ou a um local onde estava uma onça ou um leão que nos atacaria e nos poderia matar.
O homem destruía o enxame e retirava os favos de mel, deixando milhares de abelhas mortas, ou matava a fera para não ser atacado e deixava a carcaça que em pouco tempo estaria coberta de moscas.
As vezes que o segui acompanhado de cipaios armados (policias nativos, que serviam muitas vezes como guardas pessoais) sempre encontrei os favos de mel, que me deliciavam chupando -os e mascando-os. Era pouco comum encontrar as feras pois estas com a presença do homem por perto, durante o dia embrenhavam-se no mato profundo mas podia acontecer e havia relatos de pessoas que tinham sido mortas.
Em analogia com a SIDA, também através do chamamento sexual nós seguimos os nossos instintos sempre na procura do prazer ou seja o mel em sentido figurado. Baixamos as guardas e não vamos armados protegidos com o preservativo, a arma segura que impede sermos atacados pela fera. Acreditamos que as feras estão longe e vêem-se no meio envolvente facilmente através do aspecto não saudável, das chagas e dos corpos chupados e reveladores da doença. Mas nem sempre é assim e por detrás de uma bissapa frondosa que é um corpo esbelto a fera pode estar escondida e atacar-nos.Os nativos experientes conheciam-no e seguiam-no cuidadosamente se estivessem armados ou retiravam-se se não tivessem uma arma e iam chamar mais gente, para a seguir voltarem ao local e seguirem o caminho que o pássaro lhes indicava. No fim do trilho havia sempre um prémio compensador quer para os homens quer para o pássaro.
Resumindo o pássaro alimentava-se de moscas e abelhas e precisava da ajuda do homem para lhe facilitar o acesso ao alimento que necessitava.
Indiferenciadamente, levava-nos a um tronco onde existia um enxame de abelhas cheio de favos de mel, ou a um local onde estava uma onça ou um leão que nos atacaria e nos poderia matar.
O homem destruía o enxame e retirava os favos de mel, deixando milhares de abelhas mortas, ou matava a fera para não ser atacado e deixava a carcaça que em pouco tempo estaria coberta de moscas.
As vezes que o segui acompanhado de cipaios armados (policias nativos, que serviam muitas vezes como guardas pessoais) sempre encontrei os favos de mel, que me deliciavam chupando -os e mascando-os. Era pouco comum encontrar as feras pois estas com a presença do homem por perto, durante o dia embrenhavam-se no mato profundo mas podia acontecer e havia relatos de pessoas que tinham sido mortas.
O mel que esperávamos encontrar transforma-se em fel e as marcas deixadas são permanentes e ficam por toda a vida.
Deliciei-me com o mel tantas e tantas vezes e inebriado pelo gosto do mesmo, nunca pensei encontrar a fera até que um dia aconteceu. As marcas do desastre estão presentes no meu corpo e na minha alma para sempre.
Acho que tinha que vos contar esta história, não para chorar as minhas mágoas sobre o leite derramado ou para vos dizer que não provem o mel, mas apenas recomendar que devem ir armados e protegidos pois a fera pode aparecer onde menos se espera.
16 comentários:
Amigo Raul
eu é que me deliciei com a tua história de Africa e com a tua analogia com sida.
Podemos sempre provar o mel e seguirmos os nossos instintos sexuais a nossa arma é simples chama-se perservativo.
É tão fácil protegermo-nos e gozarmos em plenitude todo o nosso amor todo o nosso sexo sem medos e sem recriminações.
Adorei a a história voltarei aqui para relê-la em momentos mais depressivos
obrigado
Amigo
Oi Raul,
Passando por aqui para desejar-lhes(a vc e a todos q aqui frequentam)uma feliz Páscoa.A Páscoa q significa passagem,muitos de vcs com o vírus da SIDA passam de um estado para o outro.Muitos nao conseguem ir bem nesta provação(segurar o exame e ter a certeza q estão com o vírus deve ser dificil,a pior das horas,a realidade nua e crua,depois enfrentar as doenças oportunistas ,o medo de um simples resfriado,momentos de dor e de pensar se deve continuar nesta vida ou não.Os que aceitam e permanecem nesta luta para mim sao como hérois.São exemplos.Que todos q infelizmente tiverem q se deparar com esta fera q se chama SIDA ou AIDS nao desistam da vida q lutem até o fim.
Adorei o texto do pássaro esper.A natureza é mesmo sábia!
Beijos
Maria
adorei a história do pássaro esperto.
Não me lmebro do nome do pássaro, mas era pequenino e nervoso, mas o seu som era inconfundível.
A ligação que fizeste foi fantástica e cheia de coragem.
A protecção é fundamental como é óbvio, mas muitas vezes questiono-me que em viagens, de férias, noitadas, etc, etc. se o factor alcool, muito alcool também não será o maior impedidor de se lembrarem do preservativo na hora H.
Gostei imenso e recebe uma mão cheia de amêndoas.
Beijocas
Não li o texto ,mas voltarei com mais tempo ,por enquanto venho desejar uma feliz e santa Páscoa
beijo
(Aproveito para desejar tambem a todos aqueles que o visitam)
Alex[a]
A SIDA não é o fim de tudo, e os infectados têm o direito a viver a sua sexualidade mas com responsabilidade. O tão fácil no que diz respeito à protecção nem sempre o é e muitas pessoas teimam em ignorar o uso do preservativo.
É preciso existir uma consciência colectiva quer pela parte da comunidade infectada quer pela parte dos não infectados. Esperemos que isso seja cada vez mais uma realidade, para o bem de todos nós, até porque o próprio infectado pode correr riscos maiores do que o não infectado no que diz respeito à transmissão de outras IST, uma vez que o seu sistema imunitário enfraquecido pode abrir portas a outras infecções ou mesmo ser reinfectado por outra estirpe de virus. É que nunca sabemos o que o dito não infectado poderá ter.
Maria Dias
Sempre simpática a sua presença. Agradeço os votos Pascais estendendo-os a todos os dias de nossas vidas.
A SIDA é uma doença menor em paises desenvolvidos para aqueles que já estão infectados, contudo ela torna-se num monstro terrivel se pensarmos naqueles que poderão vir a ser infectados pelo virus.É nesse campo da prevenção evitando o alastramento da infecção que devemos trabalhar com todo o nosso empenho.
Um beijo grande e toda a felicidade do mundo para ti, hoje e sempre.
Fatyly
Realmente o piar do pássaro é inconfundivel e fica gravado nas nossas mentes para sempre. Também já não me lembro do nome que os nativos lhe chamavam.
Focas um ponto fundamental na transmissão do VIH, que é o sexo depois de noitadas em que o alcool é um factor que leva a que muitas vezes se descore a importância do preservativo.
As amendoas ainda bem que são virtuais, de qualquer maneira fica o gostinho doce da tua presença aqui. Beijos
meu cantinho
Obrigado pelos votos deixados e obrigado pela sua sinceridade de que não leu o texto. Espero que volte, com um bocadinho de tempo para o ler, até lá fique com a expressão do meu carinho e amizade.
Beijos
Se calhar toda a gente,mesmo inconscientemente trava conhecimento com uma fera uma vez na vida. Talvez joguem ao destino ou limitam-se a deixar um afago no dorso macio. Acredito contudo que a maioria olhe a fera directamente nos olhos e sabendo que nada pode contra ela, deixa-a a vaguear silenciosamente pela selva munindo-se da única arma que pode salvar a vida se um face-a-face for mesmo inevitável.
beijo Raul.
e
conta mais histórias.
Olha Raul
Esta historia devia ser posta em cartaz, nas portas das discotecas, dos bares ,nas escolas e por aí.
Já agora posto em cartaozinhos e dar
nas consultas pois o virus esta a alastrar dos 50 aos 8o anos.
beijocas
gostei:))
Olha venho dizer-te que podias ter posto o passaro todo para eu conhecer,já que nunca estive no mato em africa:(
Só na cidade:))
beijocas e tudo de bom
Olá Raul,
Achei esta tua história linda, uma metáfora belíssima para nos alertares dos perigos de que a maior parte das vezes temos pouca consciência. Por mais que se fale, as pessoas continuam a facilitar.
Beijinhos para ti.
Branca
Oi, tinha perdido o site mas já cá consta nas * outra vez.
Nasci e creci bom bocado em Africa mas não sabia do pássaro. Sei que a vida e a natureza têm muito a ensinar-nos, Basta estar atento aos pormenores.
Posso deixar isto aqui?
Tem a haver com um ensinamento sobre sida e não sei se é permitido coisas destas no blog.
Mas cabe-te a ti veres em primeiro lugar e fazeres o que quizeres.
Um abraço.
http://www.lepoison.com/sidaction/
Jr.
Raul,
Interessante esta analogia feita com o pássaro do mel e a SIDA. E para além do lado triste da história tem a beleza de tuas lembranças de infância.
Beijos.
Boa noite Rudoixis,
Agradeço a sua visita ao Querubim e, digo-lhe que será sempre muito bem recebido.
Agradeço também a sua coragem e espírito de cidadania ao apresentar uma história de vida que poderia ter sido bem diferente se estivesse "armado" antes de provar o mel.
Como diria o meu Amigo Sineiro "porque avisar é preciso..."
Um abraço amigo,
Maria Faia
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