NATAL POPOVO

Vem aí mais um Natal, sem se perceber como, mas vem, mesmo em tempo de crise. Toca a embarcar novamente no espírito desta época, quem o conseguir. Ou quem não se sentir como uma criança a perguntar ao Santa Claus ou São Nicolau: “Acreditas em ti próprio?”, questionando-se sobre a existência do Pai Natal. Deixar de acreditar no homem de fato vermelho e barba branca não é nenhuma tragédia. O que é trágico é relembrá-lo propositadamente sob a forma de riqueza excessiva e de luzes que ofuscam de tal maneira que impedem o exercício da bondade humana precisamente na altura em que se devia acentuar. São Nicolau ou o Pai Natal tornaram-se há muito meros instrumentos de falsa ternura comercial no meio das tempestades que se anunciam por todo o lado: conflitos sociais, greves e protestos, despedimentos, falências, o aumento enormíssimo do custo de vida, a desaceleração económica, tudo tão evidente e irrefutável. Até o tempo anda estranho, ou porque não chove da mesma forma ou porque chove demais, ou porque faz um sol desgraçado nos dias errados. Bem gostaria o mundo que o Natal fosse irreal em lugar de ser o que todos os dias desfila diante dos nossos olhos, seja nas ruas ou nos noticiários… Paz na Terra? Pois sim…
Nos lares e restaurantes apinhados de iguarias que no dia seguinte irão para o lixo, vai acontecer como se nada se passasse e as extravagancias da época aparecem cobertas da neve artificial que maravilha aos olhos e que depois de derreter mostra o mesmo cenário de antes em que pouco ou nada se fez para que houvesse um pequeno Natal para todos. Não tem mal que iluminem as cidades e as casas para celebrar a quadra. Tem mal é que noventa por cento dos presentes e iguarias sejam puro desperdício destinado aos contentores, tem mal é que o tempo de crise não seja aproveitado para gestos gratuitos em lugar de objectos caros. Tem mal quando muitos que afirmam preocupar-se através de discursos que parecem vir de parte nenhuma virem a cara para o lado ao mesmo tempo quando os televisores mostram casas arrasadas, cidades em chamas, catástrofes e cenários de fome e pobreza comprazendo-se na fingida ingenuidade por uns dias. E o tempo não é de ingenuidades, é de graças. De bondade.

LEIA NO SIDADANIA DOIS O VERDADEIRO ESPIRITO DE NATAL. "O NATAL DO JOÃO" É A NOSSA PARTILHA COM TODOS OS NOSSOS LEITORES POR VERDADEIRAMENTE O SENTIRMOS.

Detesto o Natal. É o que digo sempre e quase que a contrariar essa postura, ponho em todos os blogues do Grupo Sidadania, a decoração alusiva à quadra. Arvores de natal com luzes a piscar e uma velinha vermelha acesa decorada com folhas de azevinho.
A hipocrisia reinante por parte dos governantes, dos autarcas e de todos os intervenientes neste show de bondade e amor ao próximo que se manifesta apenas nesta época e não passa de propaganda eleitoral, ou marketing de promoção de imagem e que sempre abominei, já não é o que era.
A crise chega a todo o lado, mina toda e estrutura de uma sociedade e consequentemente muda certos pensares ao comum cidadão e sidadão que sou. Sempre fui contra o consumismo exacerbado que é vivido nesta época, contra os desperdícios de comidas e brinquedos que no dia a seguir faziam montanhas de lixo junto aos contentores, a comida por estar estragada e os brinquedos partidos.
O ritual de abrir presentes, o amontoar de caixas e de papel rasgado que a seguir tinha de ser rapidamente limpo, para se poder circular no espaço onde foram distribuídos os brinquedos, limpeza essa que por vezes misturava pacotes mais pequenos não abertos que seguiam directamente para o contentor do lixo.
Uma ida à cozinha onde a mesa estava posta com os fritos, os arrozes doces, aletrias e afins que se iam provando para juntar ao bolo alimentar já no estômago, constituído pelo bacalhau em pratos cada vez mais elaborados com natas e outros aceleradores de fermentação, que à mistura com vinhos e licores e mesmo refrigerantes, faziam uma mistura explosiva em que o pai natal desaparece de cena e todo o mundo começa a chamar pelo Gregório.
É a ironia da vida e desta quadra.
Hoje sim, visto a casaca de “Novo Pobre” , tomo a iniciativa para tirar a vergonha de tantos e tantos portugueses que teimam em não a vestir por vergonha, mas quando ela já é uma realidade em suas vidas.
Currículos, com licenciaturas, mestrados e outros graus académicos, não são necessários pois há vagas para todos. Quem procurava um tacho tem agora a sua oportunidade de ouro para o ter. Um tacho vazio, mas um tacho. Tacho conseguido sem a ajuda das poderosas “cunhas”. Afinal temos o que desejávamos ou seja acabar com as cunhas e ter um tacho.
Viva a eficácia dos governantes que nos deram o que desejávamos. Muito obrigado a vossa excelência senhor presidente (de qualquer coisa) por este jantarzinho, na cozinha pois havia falta de cadeiras na sua mesa. Obrigado pelo presente ( um tupperware da loja dos trezentos), que vou encher de comida para amanhã. Sempre são dois dias em que não terei de ir para as bichas de distribuição de alimentos dos profissionais da caridade nas igrejas, ou ir inscrever-me no banco alimentar.
Directamente de um país, em que o povo está sempre feliz, que gosta de agitar bandeirinhas seja a quem for, para festejar o que quer que seja, envio-vos os meus votos da felicidade, que ainda não consegui entender nesta quadra, mas isso é devido a uma deficiência que tenho na aprendizagem de me moldar ao presente estado de coisas.
M.& R.

34 comentários:

mariam [Maria Martins] disse...

Raul,

pois, TAMBÉM ABOMINO esse Natal, tão bem descrito, mas, Raul, esses Natais são apenas a imagem visível dos estados-de-espírito e de vida de tantos...
mas os votos que lhe deixo, são de saúde e são outros, de outro FELIZ NATAL! para si e os que mais ama, falo da ternura e dos AFECTOS, que não se compram não se medem nem se enjoam nunca!

um afectuoso e gigante abraço e o meu sorriso :)
http://olhares.aeiou.pt/utilizadores/detalhes.php?id=81699

mariam

R.Almeida disse...

mariam
ternura e afectos bem como abraços afectuosos e sorrisos lindos como o seu,são coisas que sempre aceitamos com agrado e que retribuimos com todo o carinho.
M.& R.

. intemporal . disse...

A Ti Raul, A Si Lídia e restante equipa do Grupo de Blogues Sidadania, o meu profundo desejo de Boas Festas (independentemente de gostarem do Natal, ou não).

Extensível às respectivas familias.

No Natal, a união familiar é um pretexto ímpar para o reforço dos laços familiares, que há muito se vão perdendo no tempo.

Abraços e Beijos!

[... e que para o ano, cá estejamos todos de boa saúde e com uns trocos nos bolsos...]

R.Almeida disse...

Paulo
A Equipe agradece as Boas Festas :)
O reforço dos laços familiares embora sejam relevantes não é o mais importante.A familia é o que nos sai na rifa e está definida à nascença e não temos a possibilidade de a escolher.
Cultivar as amizades escolhidas livremente e reforçá-las criando elos indestrutiveis é essencial.
Numa época em que o consumismo exarcebado invade as nossas vidas e em que tudo é descartável, chego a pensar que muitos de nós tomamos a mesma atitude em relação a valores e a sentimentos.
Um abraço e o desejo sincero que tenhas tudo o que nesta época festiva sasonal, é costume desejar aos amigos.
R.& R.E.

f@ disse...

Pois é...
Ainda a quadra natalícia vinha longe e já eu andava enjoada de tanto se falar e preparar...
Um dia o Pai Natal tira férias ou vai aparar a barba e é despedido...
depois vai ao centro de emprego inscrever-se no Carnaval... ou na Páscoa...
lol...

Desculpa estas tretas... mas como sempre digo o Natal é um dia do mês de Dez...
Fica nas nuvens beijinho infinito e abraço com mto carinho

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul

Este Papa Noel é assustador. Bolas, eu também sou contra o espírito consumista mas a ternura da festa em família (seja de sangue ou de amigos)ainda mexe comigo.
Por isso viva o Natal e a equipa do Sidadania.
Vivó Paulo que é aquela nota de arte, emoção e ternura que dão cor às nossas luzes.

Abraço

sideny disse...

raul
È verdade o pai natal tem cara de bruxa(bem ainda não vi menhuma)
e depois aquilo nem parece um cigarro,ehehehe.
O pai natal no fim do texto ja é mais simpatico, mas cheio de banhas coitado e a fazer strip.
uma moedinha para ele coitado 2euros.

desejo a todos um natal cheio de saude.
beijocas

Eme disse...

Não vá parecer que desejes um natal com a cara daquele santa clausula em cima. Por muito que detestes o dia Raul, eu sei que este ano tens um espírito diferente, estás mais sorridente apesar da ironia e creio que não tem mal que apesar de desejarmos que fosse diferente, mantermos um sorriso pelos que estão nesse dia a reunir-se ao pé de nós, a lembrar os velhos amigos, os ausentes, as crianças e ao mesmo tempo mantermos o coração em silencio e solidário para com os que desejariam estar no nosso lugar e não podem.

Beijos e Abraços para todos os que aqui conheci este ano e tudo de bom no natal e nos restantes dias

Fatyly disse...

Raul
Concordo com o que dizes, mas já agora se falas em consumismo porque pões o Pai Natal a consumir um cigarro? Quem não tem dinheiro não tem vícios.

Agora aguenta daqui o meu postal que vai que nem zagaia:
- Onde estavas quando eu passei fome, frio, sede, chuveirada de balas, desnutrida, cansada, sem lágrimas e com uma filha de meses nos braços?
- Onde estavas quando eu comi o pão que o diabo amassou e larguei o meu país à procura de algo melhor sem imaginar sequer o que seria?
- Onde estavas quando a minha filha mais velha esteve às portas da morte com o princípio do garrotilho?
- Onde estavas quando eu trabalhei tanto, mas tanto que tinha dias que ao me deitar não conseuia fechar as mãos?
- Onde estavas quando eu sofri o que sofri por não puder dar um presente nos anos, no natal ou até no fim do mês às minhas filhas?
- Onde estavas quando perdi os gémeos e estive com um pé cá e outro lá?

estavas na tua casa, com a tua vida e a fazeres o bem conforme podias!!!!

Que porraaaaaaaaaa pá, não te encontrei e não foram dias páaaaaaa foram anos e anos e numa reabilitação total voltei a chorar (como estou agora ouviste?) a sorrir, a acreditar e aprendi que não é na revolta que se adquirem bónus.
Não chegas aos países onde se morre à fome, não chegas a todos os que padecem, sofrem e morrem sem uma única palavra amiga. Não chegas aos milhares de famintos, mas chegas SIMMMMMMMMMMM até onde os teus braços podem.
Se durante a tua vida deres e conseguires pôr um sorriso no rosto de uma criança quando lhe dás um brinquedo mesmo usado isso é o quê? É NATALLLLLLLLL E FOSTE O PAI NATAL!
O país está uma merda, todos sabemos.
O país tem um governo eleito pela maioria do povo e há que aguentar o que eles "comem tudo, comem tudo e não deixam nada". Os cidadãos e os sidadãos devem mostrar no rosto, nos olhos, na boca, nas mãos TODOS OS DIAS o que alguns só mostram nesta quadra. Mas até nisso páaaaaaaa vê o lado positivo das coisas: pelo menos há um momento que "muitos distraídos e que giram apenas em torno do seu umbigo" páram em prol de alguém. Na noite de 24/25 todas as armas do mundo se calam, é verdade pá até na malfadada guerra Israel/Palestina.
Há consumismo sim senhora, mas faz como eu já fiz: bota um cartão com letras bem gordas e todo revestido de fita cola junto dos contentores (há sempre onde pendurar: SE TIVER BTINQUEDOS, ROUPAS E BOA VONTADE EM DAR ALGO QUE LHE SOBEJA DO MUITO QUE TEM, DÊ AQUI E ACOLÁ e já nem preciso de fazer porque já me conhecem e durante o ano faço o papel do PAI NATAL e neste mês até junto algumas renas para me ajudarem ouviste pá? Depois aqui nas quatro pastelarias há muitos anos falei, indaguei e perguntei o que fazem às sobras? e é com alegria que há uns 10/15 anos, todos os dias as ditas, bem como os 2 restaurantes na hora do fecho têm à porta quem leva o que sobra. A soliriedade é silenciosa e não precisa de pregões, nem associativismos porque cada um de nós poderá fazer sem estar à espera de ordens, despachos e carimbos!
Não suporto ouvir os discursos, os natais dos hospitais a solidariedade publicitada, mas desligo a televisão para ficar menos chateada, mas respeito a alegria de quem está nos hospitais e assiste ao espectáculo, respeito o brilho dos olhos das crianças quando vêm um embrulho tão lindo e recebido de alguém vestido de PAI NATAL!
Quanto à família, há necessidade de dar prendas a todos? por obrigação? jamais em tempo algum.
Com os meus sempre houve "acordos": a ceia é feita por todos para qe não há-ja 10 bolos, 14 disto ou daquilo. As prendas é: por exemplo este ano eu só dou às netas, a minha irmã irá dar a "moi", as minhas filhas aos maridos e vice-versa...e as normas e paródia dessa noite é a mesma de quando nos juntamos num almoço ou simples jantar.

Gosto do Pai Natal, acredito no que acredito e não é por acaso que tenho 58, hoje passou a 60 figurinhas dele que me oferecem. Tenho um do tal rapaz que dorme na rua, o tal que ninguém o consegue manter numa instituição e a quem de vez em quando lhe dava de comer (agora vai todos os dias buscar ao restaurante na hora de fechar). De certeza que foi gamado de algum lado, mas perdoei por ser toxicodependente e valeu pelo gesto. Isto é Natal ou não?

Estás revoltado, não gostas do Natal - eu respeito - mas se faz favor de comer o bacalhau com todos, sorrir, dar uma prenda a todos que te rodeiam feita de abraços e beijos ou até uma simples flor gamada de um jardim e amanhã vou voltar para ver se o Pai Natal ali de cima mudou, porque eu fumo (já muito pouco) mas mesmo revoltados (que respeito)podemos olhar o mundo de outro modo, porque...
EU TE AMO COMO AMO TODOS OS SERES VIVOS e todos que fazem da net um espaço de partilha, amizade, cortesia e aprendizado.

Dá cá o carrooooooooo pimba, plufff ohhhhhh mãe o mano estragou-me o Pai Natal!

Um grande abraço Raul, isso deve-se a algum ponto que está fora do sítio no bordado a ponto cruz que te fizeram...e bota um sorriso e se quizeres até podes bater-me ok?

Beijocas para todos desta Fatyly que disparou mas sem intenção de magoar. Magoei? prontossss dou um beijinho no dói-dói LOLLLLLL

Fatyly disse...

Olha os errossssssssss ortográficos...perdoai-me senhor porque escrevi à velocidade do pensamento sentido :)

Odele Souza disse...

Raul,
A Revista Veja desta semana, tem como reportagem da capa a situação dos habitantes de DARFUR, no Sudão, um lugar esquecido por toda e qualquer divindade e claro pelo simpático e gorducho velhinho PAI NATAL. A leitura atenta da matéria e as imagens dos refugiados é um sôco no estômago.

Mesmo para mim que já havia tomado conhecimento da brutal realidade do povo de Darfur, a leitura desta matéria me faz de novo pensar como a vida é desigual. E nesta época do ano, quando se vê tantos excessos e desperdícios, - como mencionado no seu texto - essa desigualdade fica mais evidente e mais cruel.

Deixo um abraço pra você e para seus leitores.

R.Almeida disse...

F@
Como era bom sonharmos com o pai natal e acreditar no presentinho que tanto desejávamos e iria ser o nosso único brinquedo durante o próximo ano.A procura do lucro fácil vulgarizou o pai natal, que deixou de ser aquela figura terna que nós amávamos. Resta-me ridicularizar o natal vivido por uma sociedade consumista e sem valores definidos. É o retrato dos tempos.
O natal SIDADANIA é o natal do João que está no Sidadania Dois, e que desejamos partilhar contigo e com todos os nossos leitores.
Um beijo aqui na terra até termos forças para voar às nuvens

R.Almeida disse...

Lídia
Este pai natal é a minha visão dos pais natais actuais que nos centros comerciais sentam as criancinhas e lhes dão um chupa e um balão., e dizem ohh ooh ooh.
Não condeno as pessoas que vestem o fato vermelho para ganharem o pão para as suas bocas, mas sim os grandes magnates que lhes pagam (quando pagam)e que estão por trás desta farsa arrecadando lucros enormes graças à crença e à bondade do povo. O natal que o Sidadania partilha é o do João, e é para essa vivência que nós existimos para tornar os "joões" mais felizes, pois eles existem e estão espalhados por toda a parte.
O charro é nosso e foi-nos roubado, pois aquele pai natal fuma charutos cubanos dos mais caros e pode-se dar ao luxo de ir á lareira e com uma nota de quinhentos euros acendê-lo, á boa moda do tempo do volfrâmio em que o dinheiro jorrava das pedras negras que iriam ser usadas no fabrico de canhões para a guerra.
Bom natal Velvet Hands e um beijo :)
Raul

R.Almeida disse...

Sideny
Realmente aquilo não é um cigarro.... os cigarros fazem mal à saude. Fico contente por teres gostado dos nekos.
Bjuuuuus.

R.Almeida disse...

M.
Sempre a tua doçura naquilo que sentes. A minha revolta contra o mundo e o que vejo poderá ser a mesma, mas alguém descobriu que não sou diabético e está constantemente a despejar sacos de açucar em cima de mim.
Daí o meu sorriso e o reconhecimento de que só com muito açucar conseguirei ser tragado devido ao meu azedume.
Assim sou do tipo agri-doce e reconheço que a cara do pai natal lá de cima é horrivel e só não retiro a imagem devido à beleza do charro,e da ganza que daí viria e que atenuaria a realidade e as agruras da vida.
Um beijo com o meu sabor agri-doce

R.Almeida disse...

Fatyly
Li o teu texto de fio a pavio e adorei o teu grito e o teu tau tau por sentir de uma maneira que não é a tua.
Estou certo que não leste o meu texto e tantos outros escritos por mim nesta época do ano e em outras, com a atençao que eu li o teu.
Quando perguntas onde eu estava quando as balas passavam perto de ti,posso-te dizer que estava mais perto de ti do que possas imaginar, mas estavas tão ocupada a fugir delas que não deste por mim agachado de G3 na mão vê-las passar e a disparar por vezes contra os que disparavam contra ti. Quem sabe se um dos meus tiros certeiros tirou a alguém a possibilidade de disparar contra ti.
Continuaria a responder a cada ponto, mas estaria num comentário a escrever um texto maior que o original.
Continuas a escrever e a certa altura do teu texto misturas-te com a revolta que sinto em tantas coisas, e passas a ser tu a minha voz falando por mim aquilo que não está certo. Tenho o meu modo de escrever e sou irreverente e possivelmente escrevo com um gosto agri-doce aquilo que tu escreves com tanta doçura.
Eu também te amo Fatyly e és daquelas amigas que não quero nunca perder. Para ti desejo-te o mesmo que para mim ou seja um natal com o mesmo espirito do que o "Natal do João", que podes ler no Sidadania Dois. É esse o meu espirito de partilha e de valores, e gostava que me dissesses se também é o teu.
Um beijo cheio do meu amor, que será diferente daquele que se apregoa nesta quadra, mas que é genuino e sentido da mesma forma que o João Carlos sentiu ao dar o carrinho que tinha no bolso do seu filho amado àquela criança filha de sem abrigos como ele, que personificam o verdadeiro pai natal e o menino jesus.
Com muito amor para a Fatyly do teu amigo Raul que não conheces, o desejo de um Feliz Natal

R.Almeida disse...

Fatyly
O texto anterior foi escrito de rajada, não foi revisto e pode ter erros ortográficos também. Ele é no entanto a minha expressão de sentir no momento em que o escrevi.
Beijo grande.

Nuno Raimundo disse...

Boas Festas e Bom Ano de 2009!

Fatyly disse...

Raul
Ora vês é essa dor que sinto? o suor e dor que deste de G3 em punho a desviares as balas defendendo populações indefesas numa guerra estúpida mas que acatamos/acataram/aceitaram/mas não calaram. É a esse ponto que quero chegar, que mesmo que escrevas agri-doce levas na carola porque todos somos humanos num mundo de desigualdades e ao contrário do que dizes li "de fio a pavio" os teus escritos e continuas fiel a ti próprio. Não quero que gostes do Natal, quero sim pôr "paninhos cheios de cinza de carvão morna" para teres menos dores, as mesmas que eu sinto, por não chegar a todos, por não ser uma super mulher!
Também li e comentei o Natal do João, e partilho todos os dias esse espirito "do carrinho no bolso". Pena é que não mores mais perto e dir-te-ia olhos-nos-olhos, sabes Raul aceita e encanta-te por veres que há pessoas que pelo menos nesta quadra são solidários.
Quando li o texto da Silêncio Culpado, lembrei-me do meu irmão João, que consumiu drogas no tempo em que eram "mortos" pela pide (safei-o das boas) e por ter sido obrigado a ingressar no exército angolano - após independência - deixou por completo porque se continuasse era fuzilado!
Nunca mais o vi, mas sei que tudo fazia em prol dos mais necessitados! A última história dele, não foi de um carrinho no bolso, mas numa saída com amigos (que comiam lá em casa por não terem nada e a minha mãe acrescentava água à mandioca) pela mata fora e num carro a cair de podre atropelaram uma vaca e os cinco unidos, meteram a vaca no carro e no quintal da casa dos meus pais - de noite -"depenaram a dita" e distribuiram pelo bairro...ironicamente na semana do Natal. A vaca tinha dono mas o Pai Natal conseguiu que não fossem descobertos.
Morreu no dia 11 de Fevereiro do ano seguinte, tinha 21 anos num acidente de moto e segundo o pendura teve a noção e gritou-lhe "SALTA", salvando-lhe a vida.
Teve honras militares e recordo-o todos os dias e acho que ele anda sempre a expiar-me para eu dizer e fazer o que puder por quem sofre. Ele dizia-me tantas vezes: porque raio só se deve pronunciar o verbo "amar" com quem namoramos e casamos? Mana eu te amo daí eu dizer (por vezes mal interpretada)a tanta gente... que eu também te amo.

Sim Raul eu partilho desse espírito de Natal do João Carlos até ao fim da minha vida, mas também sei deitar-me ao lado de tantas formas de sofrimento e tentar atenuar até onde os meus braços chegam. Mas também sei que sendo uma optimista nata, nego-me a baixar os braços, a ficar calada perante quem está desanimado, etc e fico por aqui porque muito mais havia a contar:))))

Apesar de não te conhecer, de não conhecer a tua familia, os que frequentam este teu/vosso espaço e os outros espaços, gosto muito de todos vós - AMO-VOS A TODOS - porque quer queiramos ou não, atrás de um nick existe o teclar de um ser humano que na minha forma de ser e estar na vida, RESPEITA mas por vezes ouve o que não gosta mas que digo/abano/digo COM TODO O MEU MAIOR RESPEITO.

Bom Natal rapaz e desculpa/desculpem se vos aborreci, mas já não tenho concerto:)

Ahhhhhhhhh deixa ficar o Pai Natal lá de cima (credo) porque o que está em baixo já lhe estou a fazer umas vestes de croché:)))

Beijocas

PS:não precisas de responder a este comentário, porque tens que ter cuidado e não abuses pááááá!

R.Almeida disse...

Odele
O mundo está cheio de miséria.O homem que o queria revolucionar foi morto faz tanto tempo.Será que volta ou isso é o desejo do povo?
Coitado dele se voltar. Não será cruxificado certamente, mas irá para Guantanamo, para a cadeira electrica ou para a câmara de gás acusado de revolucionário de ser um perigo para o mundo civilizado.
Mudam-se os métodos mas a base é sempre igual.
Realmente o homem tem capacidade para amar, mas não tem lucidez suficiente para amar o seu próximo.
Se todos somos iguais o rico pensará,que nada tem para dar ao mendigo pois ele não precisa por ser igual a si. Assim tudo continuará na mesma, as pessoas continuarão a passar fome e a morrer por não ter alimentos enquantos outros desperdiçam em bens desnecessários que a ninguém fazem falta. Curioso é que os pobres olham para os grandes carros e para os luxos e esquecem-se que o que eles precisam na realidade é o pão para as suas bocas e para as bocas de seus filhos.
É um mundo macaco, dificil de compreender. Continuamos com as macacadas, que o ser humano condena mas que não deixa de as praticar. Acha humano que em mais de dez anos de luta na justiça não se consiga um veredicto, que através de uma indemnização possa dar condições para que Flavia tenha a qualidade de vida que merece e lhe é devida por aqueles que por negligência lhe causaram uma incapacidade para a vida?
Afinal depois de tanta evolução continuamos a ser macacos ou degenerámos para uma espécie mais primitiva ainda.
O meu carinho e um bom natal para vocês.

R.Almeida disse...

NuNo
A gente agradece as Festas boas e o Ano Bom.
Agradece as visitas e a presença, num modesto espaço que só existe, porque as pessoas o visitam, se envolvem e aderem à nossa causa.
A SIDA não tem dono, é tua, é minha é de todos nós quer estejamos infectados ou não.
Um abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Os meus votos de feliz Natal vão em primeiro lugar para ti como proprietário destes espaços, como alma de muitas mensagens, alertas e solidariedades que por aqui têm passado. Aqui conheci pessoas fascinantes que irei visitar uma por uma, em sinal de reconhecimento pelo muito que me têm ensinado, pelas visões que me têm acrescentado, pela presença constante que me aquece quando sinto o frio da indiferença e do egoismo.
Mas nada teria sido possível sem ti, Raul, que encaminhaste os meus passos para caminhos desconhecidos onde outras pessoas percorriam em silêncio a dor solitária dos que, por um motivo ou outro, se podem sentir diferentes.
Esta experiência do Sidadania mudou muito a forma como eu encarava a SIDA/HIV e sei agora que nada será igual para mim na forma como ajo e reajo e me encho de esperança, torcendo pelos amigos, sempre que uma novo avanço científico acontece. Creio, por isso, muito firmemente, que o Natal aconteceu nos espaços do Sidadania, há já algum tempo e que esta época festiva apenas servirá para confirmar a grande missão a que nos propusemos de coração aberto e solidariedade em punho.
Por tudo isso, obrigada mais uma vez, Raul e um Feliz Natal.

R.Almeida disse...

Lidia
Deixa de me dar mimos que eu ando meio lamechas e não é preciso muito pra ficar com uma lágrima no canto do olho, como canta o meu conterrâneo Bonga.
Eu não sou proprietário de nada e muito menos do "Sidadania"
Se houver algum agradecimento a fazer esse agradecimento deve ser dirigido a ti pois tu foste e és uma pessoa maravilhosa que me deu muito mais do que aquilo que eu algum dia te poderei dar.
Tenho tanto a aprender contigo amiga....
um beijo carinhoso em teu coração, eu sei que tenho lá um cantinho reservado para mim, assim como no meu existe um lugar para ti. Se vires bem o passado recente, foi por ti também que andei a fazer obras no coração, a colocar canalizações novas e sistemas de irrigação, para que possas juntamente com outros amigos estar durante mais tempo lá a morar :)
És única e eu adoro-te.

Anónimo disse...

Raul,
passo para te desejar um natal feliz. Reza a tradiçaõ e não escapas!
Aliás, para mim o Natal é no trabalho, na escola, no desporto, nos hospitais, no governo... enfim, no dia-a-dia!

FELIZ DIA-A-DIA; e amanhâ aguentem o raio do bacalhau cosido, que eu só como ao outro dia em roupa velha.Mas há outo prato tradicional da Beira Alta, que se junta à nossa mesa, que eu gosto muito: açorda de feijão com bacalhau. Nós adicionamos um piripiri... que levanta a "moral". Depois quem quer come o bacalhau com todos... e vai um pedacinho de perú, seguido dos doces. Abertura de prendas e regresso a casa e até para o ano! Missão cumprida!
Espero que haja saúde e muita paciência...

Saudações e um sorriso

Arnaldo Reis Trindade disse...

Eu não gosto do Natal, mas preciso sentir minha familia reunida, mesmo que por causa de uma ou de centenas de farças consumistas que vem mudando a ideia desta festa durante milenios, sei que me faz bem estar junto de amigos e parentes nesta época e espero poder compartilhar este carinho com vocês, inclusive vc Raul, boas festa à todos e que o espirito dum natal onde se compartilha amor e não presentes se faça presente neste dia.

Abraço a todos e saudades de poder estar aqui sempre com vocês, peço desculpas e espero poder retornar

R.Almeida disse...

Caro Mário
Obrigado por cumprir a tradição epor me dar a conhecer a açorda de feijão, alogo de que nunca tinha ouvido falar, mas nós estamos sempre a aprender. Gosto do bacalhau cozido com batatas e couves por ser uma boa base alimentar, que não vira o estomago de pernas para o ar. Não é um dia com as suas tradições que vai alterar os meus hábitos alimentares, mas como não sou de ferro sempre abuso um pouco.
Um abraço e tudo de bom para o meu amigo e familia.

R.Almeida disse...

Caro Mário
Obrigado por cumprir a tradição epor me dar a conhecer a açorda de feijão, alogo de que nunca tinha ouvido falar, mas nós estamos sempre a aprender. Gosto do bacalhau cozido com batatas e couves por ser uma boa base alimentar, que não vira o estomago de pernas para o ar. Não é um dia com as suas tradições que vai alterar os meus hábitos alimentares, mas como não sou de ferro sempre abuso um pouco.
Um abraço e tudo de bom para o meu amigo e familia.

R.Almeida disse...

Arnaldo
Já somos dois, ou melhor eu gosto do espirito genuino do natal, mas abomino a exploração comercial que se instalou nesta quadra. Detesto as prendinhas por obrigação e o se ele me da um presente também tenho de dar.Adoptei a estratégia de guardar perfumes e outros presentes que não uso e que me oferecem e no ano seguinte embrulhá-los para dar a outras pessoas. Era o que faltava usar um perfume que não me diz nada....
hà excepções mas não vou falar disso.
Um bom Natal meu jovem amigo brazuka, juntamente com tua namorada e os que te são queridos.
Nota: O perfume que me vais dar eu vou usar :)
A nota não é para ti Arnaldo e é dificil de entender.... é que os menos jovens também amam.
Um bom natal é o que lhe deseja este seu amigo Portuga.

Biby disse...

Apesar de nao gostares do Natal aqui vão os meus sinceros votos de feliz natal.
O natal deveria ser todos os dias...algumas pessoas fazem-no: Raul e restantes menbros do Sidadania... este blog é a prova de que não precisa ser natal para dar-mos o nosso contributo na ajuda aos outros.
Tudo de bom para vocês...
Beijinhos doces
BIBY

São disse...

A vós , um bom Natal um 2009 bem melhor do que 2008.

Boas Festas.

R.Almeida disse...

Biby
Obrigado minha linda pela tua presença no Sidadania durante 2008.
Quando decidires abraçar a nossa causa de corpo e alma e se estiveres disposta a isso, recebemos-te de braços abertos dentro da nossa equipa.
Estamos plantando a semente mas temos um projecto delineado para ir para a frente.
Um beijo amigo e um feliz natal

R.Almeida disse...

São
Obrigado pela tua presença em 2008 e pelos votos formulados.
Que tudo o que desejas se realize em 2009 são os votos da nossa equipe.
Beijos e abraços

lisse disse...

M. Raul e Lidia
Esquecendo as falsas vestes de Natal, estou aqui, para partilhar convosco, o verdadeiro simbolo que ele representa e é por vocês vivido diariamente.
Obrigada, por nos mostrarem que nem tudo está perdido e que há em alguns de nós ainda, o genuino espirito do Amor

Abraço

ManDrag disse...

Salve!

Para todos no Sidadania, autores e leitores, os meus votos de Boas Festas, com Paz e Luz.

Salutas!