EUTANÁSIA E DIREITO À VIDA



Todos temos direito à vida e todos deveríamos ter direito a uma morte tranquila. Algo que fosse tão natural como o cair da folha no Outono ou como o pôr-do-sol numa tarde amena. Porém a vida, a vida natural, também não é justa para com as pessoas distinguindo-as com diferentes formas de viver e morrer. Formas que muitas delas não escolheram e nem sequer contribuíram para os desvios e as surpresas de percurso, coisas que o dinheiro não compra. Ou será que não compra totalmente?
A eutanásia é um tema fracturante.
Também aqui a religião tem uma influência preponderante incutindo nas pessoas que o sofrimento lhes é conferido por uma entidade superior com fins dos mais variados, desde o castigo dos pecados até à sua remissão para uma vida eterna no paraíso.
Para mim, que acredito que a morte é o fim, a eutanásia é uma decisão brutal que cortará o fio de esperança que ainda me prende, ou prenderia, a alguém que tivesse amado. É como se entregasse os pontos a uma morte que quis castigar, de forma lenta e com sofrimento, alguém que já não tinha como a enfrentar.
Por isso acho cruel e injusto que alguém tenha que decidir sobre o momento crucial do fim da vida de alguém que lhe é querido. É como que exigir que se tenha que pôr à prova um amor extremo, em que o decisor se magoa para a vida a fim de evitar a outrém a dolorosa agonia dum caminho sem regresso. Mas será que a eutanásia é mesmo o único recurso possível para uma situação extrema?
Quantas vezes os médicos não sabem já que o doente não tem cura e insistem em prolongar-lhe e vida e, logo o sofrimento, com medicamentos ou cirurgias que servem mais à investigação médica que ao doente sem si? Sim, porque uma coisa é tirar a vida e outra é não alimentar artificialmente o prolongamento para um fim inexorável.
E quantas vezes também, em situações terminais, não se fazem uso de todos os recursos que a medicina nos oferece, porque esses recursos são excessivamente onerosos para os cofres do Estado ou do cliente que não pode suportá-los?
Perdi um amigo ainda há pouco tempo. Foi surpreendido na curva da estrada, por uma doença que não perdoa e que se mostrou inflexível a qualquer tratamento. E, apesar de ser uma patologia conotada com um grande sofrimento, os cuidados paliativos permitiram-lhe morrer com dignidade. O percurso final foi feito a dormir e eu achei excelente.
Não sei se é possível, em todas as circunstâncias porém, em meu entender, é o mais desejável. Só em casos muito especiais em que a vida se prolonga de forma irracional, sem que o sofrimento ceda, nem a morte aconteça, se deverá dar ao doente a hipótese de poder escolher. Porque todos na vida, em todas as circunstâncias, devemos ter direito à escolha, princípio essencial da liberdade individual e que deverá ser respeitado. E, nestas circunstâncias, deverá ser o médico a cumprir a vontade do paciente.
Porém, casos haverá em que a situação clínica poderá não permitir ao próprio expressar a decisão de querer morrer, ficando a mesma na mão de terceiros. Terão estes legitimidade para o fazer?

A esta pergunta todos lembrarão o caso de Ramón Sampedro que esteve tetraplégico durante 29 anos e a batalha inglória que travou com a justiça, nos últimos 5 anos da sua vida. Batalha que só terminou quando Ramon cometeu o suicídio assistido porque alguém, por piedade, lhe pôs ao alcance os meios para o fazer.

Comentários e Complementos ao Texto:

Rato

PRÒS
  • As pessoas em sofrimento têm o direito de decidir quando devem morrer.

  • É errado manter pessoas sem esperança de recuperação vivas recorrendo a máquinas de suporte de vida.

  • O direito a uma morte com dignidade e sem sofrimento

  • Familiares e amigos não terão de assistir sem nada poderem fazer, à agonia e a uma morte lenta e dolorosa, das pessoas que amam.

  • Quem está em sofrimento tem o direito de desejar o fim da sua vida



  • CONTRAS
  • Poderá acontecer, no caso do doente terminal estar impossibilitado de comunicar a morte não ser o seu desejo

  • As pessoas poderão recuperar da doença. O diagnóstico médico pode estar errado

  • Os médicos são contra a eutanásia, por acharem que a sua missão é salvar e proteger a vida.

  • Há hospitais e cuidados paliativos que cuidam pelo bem estar das pessoas, sem que estas percam a dignidade nos momentos finais de suas vidas

  • Pessoas de fé cristã entendem que o sofrimento tem valor espiritual e é para a salvação das suas almas.

  • A eutanásia vai contra o mandamento da igreja que diz não matarás


  • Raul disse:Pessoalmente penso que numa situação de doença terminal, com um sofrimento atroz eu me decidiria por optar pelo suicidio assistido. Isto seria o que eu queria para mim, estando lucido e não estando numa situação sem esperança de cura. Será que mudaria de ideias se a vida me pusesse nessa situação? Não sei.


    Lidia disse:Porém, e apesar de sentir que não é fácil falar sobre uma matéria tão delicada, penso que é importante discuti-la.E sobretudo percebermos quais recursos que podem ser utilizados em casos extremos e, se estes falharem, a quem caberá a decisão.


    M. disse:...eu sou contra a eutanásia. Vi o meu irmão morrer de cancro do pulmão completamente lúcido e três horas antes de entrar em inconsciência ele ainda desejava viver. Estava com dores insuportáveis e a morfina não lhe valia.Mas nunca pediu eutanásia, apenas algo para a dor. Se é possível assegurar uma morte pacífica através dos cuidados paliativos, em caso de doença grave, para quê provocar voluntarimente a morte e não deixar as coisas seguir o seu curso natural?


    Sideny disse:Eu pessoalmente se caso algum dia
    me encontrar,num estado de doença
    terminal,escolheria sem duvida uma morte assistida.
    Sou sim a favor da eutanasia.
    Porque prolongar o sofrimento do doente quando,ja nâo hà mais nada a fazer?


    Sei que existes disse:Eu sou totalmente a favor da eutanásia, acho que cada um tem o direito de decidir se quer viver ou morrer... Mas como é obvio a eutanasia não é uma decisão fácil de se tomar nem de ser apoiada por outros... e há que haver teste psicológicos e/ou médicos para se ter a certeza que é uma decisão permanente e não apenas de momento...



    A Eutanásia em Portugal
    O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) elaborou, em 1995, um parecer sobre os aspectos éticos dos cuidados de saúde com os doentes terminais. O texto sublinha que «a primeira regra é que, enquanto há uma esperança razoável de obter cura ou melhoria do estado mórbido, com qualidade de vida aceite pela pessoa doente, são as regras da medicina curativa, científicas e éticas que devem ser seguidas pelo médico».
    Quando a esperança de cura ou melhoria é quase nula, o CNECV insiste que «são as regras da medicina de acompanhamento que devem prevalecer».
    «O objectivo primordial desta forma de cuidado médico é o de conseguir para a pessoa doente, em fase de incurabilidade, o maior conforto e bem-estar, tanto físico como psíquico e afectivo», pode ler-se no parecer.
    O parecer, a cargo de Daniel Serrão, do CNECV, conclui que «não há nenhum argumento ético, social, moral, jurídico ou da deontologia das profissões de saúde que justifique (...), pelo respeito devido à pessoa humana e à vida, os actos de eutanásia».(visaonline)


    Fatyly disse:Sou a favor da eutanásia, como fui a favor do aborto assistido. Nenhuma mulher faz um aborto como se de uma festa se tratasse e cabe exclusivamente à mulher enfrentar esse processo doloroso (conheci algumas) e em vez de ser feito num vão de escada, FINALMENTE poderá ser tratada e compreendida com toda a dignidade num hospital público.
    Porque infelizmente ainda "os cuidados paletivos" são uma gota no oceano e não chegam a todos, caberá sempre e tão só ao doente a decisão, decisão essa previamente já falada e aí os familiares nunca sentiriam "o peso da decisão".

    Navegadora disse: A eutanásia é mais um dos tabus da sociedade em que vivemos. Raramente é trazida a público uma reflexão sobre um tema que interessa a todos. Eu ainda me encontro presa a conceitos que gostaria de ver debatidos por juristas e outros especialistas.

    Maria Dias disse:penso que o ser humano, tem sim o direito de escolher se viverá por um tempo sofrendo ou se acaba com o sofrimento por vez.O caso de Ramom nos faz refletir e entender a opção pela eutanásia.Num caso de muito sofrimento...Dores...Impotência não sei se optaria por viver.Minha sogra com um cancer terminal no fígado desejava muito viver.


    Tulipa disse: Se é possível assegurar uma morte pacífica através dos cuidados paliativos, em caso de doença grave, para quê provocar voluntarimente a morte e não deixar as coisas seguir o seu curso natural?

    Luto por
    e
    defendo:
    O direito a uma morte com dignidade e sem sofrimento.

    O Guardião disse:...cuidados paliativos, que são insuficientes, quer no prolongamento de uma agonia sem nenhuma hipótese de sobrevivência sem o apoio de máquinas.
    Há reticências religiosas, ou simplesmente morais, mas a vontade do paciente terminal nem sempre é respeitada, ainda que manifestada em seu perfeito juízo.
    A questão maior é a do direito a uma morte digna.


    Silvia Madureira disse:No entanto, quem sou eu para saber o que é melhor ou pior para alguém? Avaliar situações? Definir sentenças?

    Deve ser o próprio a fazê-lo...e ser satisfeita a sua vontade.

    Essa tarefa nunca deveria ser colocada nas mãos de um familiar, porque isso é cruel para a pessoa...é injusto para com a mesma ter que tomar decisões desta magnitude...


    Arnaldo R. Trindade disse:Sou a favor do suicido assistido, creio que se a pessoa tem consciencia de que quer morrer e pede pra morrer, isso é direito dele e não nosso e por mais que no outro dia ele pense melhor e queira a vida,na próxima noite o sofrimento pode voltar e fazê-lo sofrer novamente e pedir pra morrer de novo, sou contra "matar" alguém que está inconsciente.

    Mary disse:
    Sobre a morte assistida, porque estamos a sofrer demais, só posso dizer:NÃO QUERO MORRER.
    Sofro mas acredito que posso ter esperança e amo a vida apesar de ter sido para mim uma puta de madrasta.
    Aliviem-me a dor. Não me matem mesmo que eu peça quando acho que já não suporto viver

    37 comentários:

    R.Almeida disse...

    Ando hà muito tempo, depois de assistir ao sofrimento prolongado de um familiar, ao qual nem a seringa de morfina com um dispositivo electrónico que lhe ia ministrando a droga, o libertava das dores que sentia, para escrever um texto sobre a eutanásia. Nunca tive coragem de o escrever e pedi à Lidia para o fazer por mim.
    Pessoalmente penso que numa situação de doença terminal, com um sofrimento atroz eu me decidiria por optar pelo suicidio assistido. Isto seria o que eu queria para mim, estando lucido e não estando numa situação sem esperança de cura. Será que mudaria de ideias se a vida me pusesse nessa situação? Não sei.
    Este texto servirá de reflexão para cada um de nós e para um expressar de opiniões de algo que existe, que é real, que é autorizado em alguns países e que doi pensarmos nisso.Gostaria de saber a opinião dos nossos leitores.
    Cada um terá a sua, haverá questões a colocar e o consenso de opiniões não é possivel,mas será apenas um expressar de pensares sobre um tema que merece que pensemos nele.
    Um Abraço.

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Raul
    Eu tive muita dificuldade em escrever este texto conforme te disse. Porém, e apesar de sentir que não é fácil falar sobre uma matéria tão delicada, penso que é importante discuti-la.E sobretudo percebermos quais recursos que podem ser utilizados em casos extremos e, se estes falharem, a quem caberá a decisão.
    Abraço

    Eme disse...

    Respeito quem é a favor mas vou ser mais sincera do que nunca: talvez um dia mude de ideias por alguma razão mas eu sou contra a eutanásia. Vi o meu irmão morrer de cancro do pulmão completamente lúcido e três horas antes de entrar em inconsciência ele ainda desejava viver. estava com dores insuportáveis e a morfina não lhe valia.Mas nunca pediu eutanásia, apenas algo para a dor. Se épossível assegurar uma morte pacífica através dos cuidados paliativos, em caso de doença grave, para quê provocar voluntarimente a morte e não deixar as coisas seguir o seu curso natural?
    ? Há de facto situações em que se assiste a um sofrimento agonizante que levam a que se queira pôr fim à vida com o intuito de parar o sofrimento. É óbvio que há aquele sentimento de pena ou piedade. Mas pergunto-me: pena por quem? Pelo doente de facto ou pela pessoa que o assiste (coloquemo-nos no lugar destas últimas)? O sofrimento é insuportável para ele ou para nós? Se de facto, o ajudássemos a morrer, não estaríamos também a acabar com o nosso sofrimento? Não estaríamos a escolher o caminho mais fácil? É mas cómodo “atirar”o doente para a inconsciência total do que assisti-lo prolongadamente! É mas cómodo para a sociedade regular este problema por meios técnicos do que recorrer a unidades especializadas como os cuidados paliativos para assegurar o bem-estar máximo do doente nos últimos tempos de vida. Pergunto-me por isso, se haverá aqui uma verdadeira compaixão ou se esta “piedade” não esconde outras ambiguidades, mascaradas por motivos nobres, valorizando a eutanásia em nome da “dignidade humana” e argumentando que o ser humano cujo fim está próximo ou que se encontra numa doença totalmente incurável que o lança para o vegetalismo, deve ser poupado ao sofrimento. Sou incapaz de ver as coisas por este prisma.
    Quanto ao pedido por parte de um doente e as polémicas que envolve a decisão.. compreendo, uns concordam que a pessoa em questão terá o direito de por e dispor da própria vida. Por outro lado, permanece a dúvida por questões éticas, morais e religiosas (só Deus pode dar ou tirar a Vida) que são sem sombra de dúvida as razões por que a eutanásia não é legalizada. Há que ter em conta inúmeros factores sobretudo a questão psicológica naqueles momentos de maior desespero, como numa altura em que um doente se encontra num sofrimento tal que reclama a morte aos gritos. Uma vez a crise passada, e mesmo sabendo que haverá mais, o doente rejubila por não ter ido para a frente. Não é tão rara como se pensa ocorrer uma situação deste género. A vida humana deve ser valorizada seja em que estado for e nunca passar a ser vista quase como objecto que podemos descartar. Para aquelas situações em que não se prevê o fim da vida mas em que uma pessoa considera viver em condições humilhantes, por se encontrar dependente dos outros para tudo, a vida torna-se insuportável. Pedem a eutanásia. Discordo totalmente. Porque na verdade, em muitos doentes interrogados em avaliação psicológicas conclui-se que o problema era um sofrimento mais moral do que físico: “ não suportava ver-me ficar assim dependente para vestir, comer ou lavar. É humilhante”. Ou outro que ouvira uma conversa da pessoa que lhe prestava os cuidados: “já não aguento muito. Passei a noite a levantar-me, já me doem os braços..”, etc..
    A capacidade para se sentirem diminuídos está estampada no olhar dos outros. E no entanto, um doente não teria a impressão de ser “menos humano” se estiver rodeado de uma “equipa” que sabe realçar a riqueza da sua pessoa, para além do seu sofrimento. É neste ambiente que um doente ganha uma imagem positiva de si próprio. Quando rodeados destes cuidados, ninguém pede o fim da vida. Se existir realmente a preocupação de aliviar o sofrimento, este é eliminado na sua maior parte. Além disso, numa situação em que seria aprovada a eutanásia num doente deste tipo, seria desumano perguntar-lhe quando quer morrer!

    A solução passaria por usar drogas para adormecer, não sendo mortíferas. Injectar numa veia uma solução de cloreto de potássio provocaria a paragem do coração e a morte imediata. Fazer o doente adormecer por administração de drogas é diferente e dar-se-á uma morte tranquila durante o sono, ou os sonos..


    ______________

    Abraços distribuídos

    sideny disse...

    lidia
    eu pessoalmente se caso algum dia
    me encontrar,num estado de doença
    terminal,escolheria sem duvida uma morte assistida.
    sou sim a favor da eutanasia.
    porque prolomgar o sofrimento do doente quando,ja nâo a mais a fazer.
    quanto aos cuidados pauliativos nem todas as pessoas têm acesso a eles,e as outras pessoas que tem de ficar nos hospitais sem poderem recorrer a esses serviços, onde podiam suavizar o seu sofrimento nesses serviços.
    o meu avo morreu com um cancro no estomago,e foi horrivel de ver, ele pedia que o ajudasem a morrer tal nâo era sofriment que tinha.
    ainda hoje recordo aqueles olhos azuis que eu tanto adorava,estarem encovados sem vida e com o sofrimento a nossa vista.
    beijo

    Sei que existes disse...

    Eu sou totalmente a favor da eutanásia, acho que cada um tem o direito de decidir se quer viver ou morrer... Mas como é obvio a eutanasia não é uma decisão fácil de se tomar nem de ser apoiada por outros... e há que haver teste psicológicos e/ou médicos para se ter a certeza que é uma decisão permanente e não apenas de momento...
    Beijocas grandes

    Fatyly disse...

    Antes de mais nada, dou os parabéns à silêncio pelo texto e aos comentários já feitos.

    A cultura de um povo não se muda de um dia para o outro e a prova está nas várias "actualizações", tal como o aborto assistido e a cremação dos corpos. Também antigamente só era permitido "o aproveitamento dos orgãos para transplante" a quem tivesse essa vontade expressa em documento. Hoje é precisamente o contrário, só não aproveitam nos que expressamente deixaram escrito no seu cartão de utente.
    Tal como ir para um lar, ser reanimado ou não, o desligar de máquinas ou não, etc.
    Vamos à eutanásia.
    Um assunto, que tal como todos os outros que refiro e mais, muitos mais, devem ser falados em família, normalmente e sem dramas, sem salameques e desde muito cedo, porque ninguém está livre do quer que seja.
    Sou a favor da eutanásia, como fui a favor do aborto assistido. Nenhuma mulher faz um aborto como se de uma festa se tratasse e cabe exclusivamente à mulher enfrentar esse processo doloroso (conheci algumas) e em vez de ser feito num vão de escada, FINALMENTE poderá ser tratada e compreendida com toda a dignidade num hospital público.
    Porque infelizmente ainda "os cuidados paletivos" são uma gota no oceano e não chegam a todos, caberá sempre e tão só ao doente a decisão, decisão essa previamente já falada e aí os familiares nunca sentiriam "o peso da decisão".
    Nós sempre falamos de tudo. O meu pai sempre disse: não quero flores, velas e quero ser cremado. Se ficar preso numa cama do hospital quero que desliguem tudo (quem poderia fazer isso? só os médicos) e reanimações ZERO! Teve um AVC sem nunca ter perdido "o norte" aos 46 anos, felizmente sem deixar sequelas. Aos 78 teve um enfarte do miocárdio fatal - entre o dizer não me sinto bem e partir foram apenas 10 minutos. Bombeiros e INEM demoraram 5 minutos e quando chegaram já não tinha sinais vitais...e eu com a a minha mãe presente e aos pés da cama, foi ela que disse, perante o sinal do médico mais que evidente: não o reanimem porque ele nunca quiz - calei-me. O certo é que não o fizeram porque não havia mesmo nada a fazer. Segundo os dois médicos presentes e o seu cardiologista (que sabia das suas vontades porque eram grandes amigos) se eventualmente o tivessem feito e o coração voltasse a bater - as sequelas seriam: cegueira, surdez, paralesia total e em estado vegetativo. A dignidade do meu pai onde ficaria??? Alguma vez eu como filha iria contra a vontade dele, verbalizada pelo "seu amor de 50 anos" - católicos e praticantes, a minha mãe? Morreu em 10 minutos, em paz e sem qualquer sofrimento.
    O mesmo pede a minha mãe, eu, as minhas filhas e genros.
    E aqui realço uma parte do texto:

    Quantas vezes os médicos não sabem já que o doente não tem cura e insistem em prolongar-lhe e vida e, logo o sofrimento, com medicamentos ou cirurgias que servem mais à investigação médica que ao doente sem si? Sim, porque uma coisa é tirar a vida e outra é não alimentar artificialmente o prolongamento para um fim inexorável.
    E quantas vezes também, em situações terminais, não se fazem uso de todos os recursos que a medicina nos oferece, porque esses recursos são excessivamente onerosos para os cofres do Estado ou do cliente que não pode suportá-los?

    Matar por matar jamais, mas pôr fim a sofrimento horrendo é bem diferente!

    Adorei esta reflexão.

    Um beijo a todos!

    navegadora disse...

    Parabéns por este excelente espaço de reflexão e confronto com as nossas ideias e ideais. A eutanásia é mais um dos tabus da sociedade em que vivemos. Raramente é trazida a público uma reflexão sobre um tema que interessa a todos. Eu ainda me encontro presa a conceitos que gostaria de ver debatidos por juristas e outros especialistas. Entretanto vou alargando os meus horizontes lendo opiniões como as expressaa no seu blog.

    Maria Dias disse...

    Olá...

    É...Bem difícil decisão. Mas penso que o ser humano, tem sim o direito de escolher se viverá por um tempo sofrendo ou se acaba com o sofrimento por vez.O caso de Ramom nos faz refletir e entender a opção pela eutanásia.Num caso de muito sofrimento...Dores...Impotência não sei se optaria por viver.Minha sogra com um cancer terminal no fígado desejava muito viver.

    tulipa disse...

    A minha opinião é:
    As pessoas em sofrimento têm o direito de decidir quando devem morrer.
    Pessoalmente penso que numa situação de doença terminal, com um sofrimento atroz eu me decidiria por optar pelo suicidio assistido.
    Será que mudaria de ideias se a vida me pusesse nessa situação? Não sei.

    Uma coisa é admitir quando estamos com saúde e nem imaginamos o que outros sofrem numa cama de hospital e outra é sentir na pele o sofrimento...
    É errado manter pessoas sem esperança de recuperação vivas recorrendo a máquinas de suporte de vida.
    Mas, também penso que: Se é possível assegurar uma morte pacífica através dos cuidados paliativos, em caso de doença grave, para quê provocar voluntarimente a morte e não deixar as coisas seguir o seu curso natural?

    Luto por
    e
    defendo:
    O direito a uma morte com dignidade e sem sofrimento.

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Raul/Paulo
    Antes de me debruçar sobre os comentários relativos à "eutanásia" não pude deixar de corresponder à chamada de atenção e ir ve ro vídeo que acena com uma nova esperança aos infectados pelo HIV.
    É que eu acredito que a cura está para breve. Sinceramente acredito
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Sidney
    Minha querida, o teu comentário é terrivelmente doloroso porque vê na morte a solução para quem não tem acesso aos cuidados paliativos.
    Sidney nós temos que lutar para que toda a gente tenha acesso ao que de melhor e medicina tem para suavizar o sofrimento.
    E só quando admitimos que falha o que de melhor a medicina tem se pode falar em eutanásia.Não antes. Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    M.
    A vida é um bem precioso que uma vez perdido jamais se recupera. Mesmo quem acredita que existe outro, mundo ou outras vidas, admite que a pessoa perde a sua identidade, as suas referências e os seus afectos.
    Aquela pessoa, uma vez morta,deixou de fazer parte deste universo maravilhoso que por vezes não apreciamos devidamente quando usufruimos dele em abundância. Só quando a saúde nos falha, ou a dum familiar, começamos a questionar o valor das coisas mas quase sempre numa perspectiva de vida e não de morte.
    Pessoas que tentaram o suicídio repetidamente, e não o conseguiram, optaram por viver, algumas muito mais limitadas e mesmo assim começaram a apreciar a vida.
    Porque o querer morrer pode não ser um desejo contínuo. Num momento queremos terminar com a dor mas noutro apreciamos o que nos fica depois da dor ter dado tréguas.
    Entendo perfeitamente tudo o que disseste. Senti as tuas palavras.
    Eu quero ajudar as pessoas a viverem e a aceitarem naturalmente o fim quando ele acontecer.
    A eutanásia... eu não sei M, eu não sei, talvez numa situação extrema. Não sei.

    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Sei que existes
    A liberdade de escolha deveria ser um direito inalienável, mas quantos de nós a exercemos ao longo da nossa vida, e quantas vezes abrimos mão dessa liberdade? Será que perante a morte somos capazes de decidir e sermos nós próprios nessa decisão? Ou será que remetemos para outra pessoa a decisão dum fim que nos assusta talvez tanto quanto o sofrimento? Será que a decisão de morrer é uma decisão livre e consciente por parte de quem a toma?

    Abraço

    sideny disse...

    lidia
    eu sou a favor da eutanasia quando ja nada ha a fazer ao doente,quando tudo o que se podia fazer nao resultou.
    a lidia sabe que nem todos os doentes tem acesso aos cuidados paliativos,muitos ficam a sofrer nos hospitais ate acabar o seu sofrimento,onde a medecina ja nada pode ajudar.
    nao vejo na morte solucao para quem nao tem acesso a esses cuidados,mas vejo na morte um acabar de um sofrimento para um doenteterminal onde os medicos ja nada tem a fazer .
    bej

    Arrebenta disse...

    Hei, que tal contar, e olhar de frente, para todas as maravilhosas alvoradas do Mundo, até que acabe -- será em breve -- mais essa pequena doença do corpo, que vos está a destruir irremediavelmente as almas?... :-)

    José Lopes disse...

    Este tema é muito delicado e vem trazer a lume algumas carências do próprio sistema de saúde, quer nos cuidados paliativos, que são insuficientes, quer no prolongamento de uma agonia sem nenhuma hipótese de sobrevivência sem o apoio de máquinas.
    Há reticências religiosas, ou simplesmente morais, mas a vontade do paciente terminal nem sempre é respeitada, ainda que manifestada em seu perfeito juízo.
    A questão maior é a do direito a uma morte digna.
    Cumps

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Fatyly
    São muitas as questões que colocas amiga. Não vamos chegar a uma conclusão com esta troca de impressões mas, certamente, concluiremos que os temas englobam muitas verdades diferentes e contraditórias.
    No que se refere ao prolongamento artificial da vida quando se sabe, à partida, que esse prolongamento é feito com dor e sofrimento, parece ser consensual que é preferível deixar que o fim aconteça naturalmente.
    Relativamente à eutanásia, ou seja à morte provocada por intervenção de terceiros com o fim de pôr termo à vida de alguém que se pensa não ter qualquer hipótese de recuperação, seja por invalidez extrema, seja por degradação fisica, aí eu tenho sérias reservas em afirmar que sou pela eutanásia.
    Sabes, Fatyly, eu sou cem por cento a favor da vida e abrir mão dela voluntariamente é algo que sempre me choca. Sobretudo quando se trata dos outros. Eu decidi fazer eutanásia a um cão que tinha cancro de pele e que eu não conseguia curar. E foi para mim algo de terrívelmente doloroso. E ainda mais quando mais tarde encontrei um outro caniche, pertença do dono do quiosque onde compro o jornal e que tendo aparecido com a mesma doença, foi possível curá-lo mediante um tratamento à base de produtos naturais que o dono leu numa revista brasileira das que tem para venda. Fiquei sempre com a sensação que podia ter salvo o animal ainda que ele estivesse em estado lastimoso.
    Conheci também um homem orgulhoso que falava que preferia morrer a ficar incapacitado. Esse indivíduo teve um AVC e ficou paralisado. Quando o fui ver confessava-me que, devido à fisioterapia, tinha esperanças de poder andar com canadianas e sentar-se numa cadeira, e poder ver o mar.
    Não, Fatyly, eu não consigo resumir na minha mente, nos meus valores, na minha sensibilidade, questões como a eutanásia, a um simples percurso de lógica. Podes dizer-me que estou a ser conservadora, como o sou em relação a outros temas que também focaste. E eu aceito. Tive uma educação conservadora e vivi integrada em ambientes familiares e de trabalho que eram conservadores, embora eu não me sentisse identificada com eles. E é isso que me preocupa. É sentir que posso não ser justa para quem sofre porque é mais fácil ter uma posição moralista quando se está do outro lado da barricada.
    Mas também não posso ir contra à minha consciência e àquilo que sou como pessoa. Estou no projecto "Sidadania" para ajudar a viver. Eu quero que cada pessoa se sinta capaz de ganhar o seu espaço, ter a sua dignidade e garantir a sua realização. A minha vida só faz sentido ajudando a viver e a superar dificuldades. Criando condições para uma morte digna através dos cuidados paliativos que devem ser extensivos a todos. Segurar a mão dos que caem e dizer-lhes que ainda há esperança até eles se convencerem e caminharem.
    Para mim a morte nunca é solução a não ser quando acontece porque sempre acontece.
    Sou contra o aborto embora neste último referendo tenha votado no sim por razões extremas. Numa situação limite poderei encarar também a hipótese de intervir no sentido da eutanásia, porém não consigo visualizar uma situação em que o faria.
    Fatyly, eu entendo todas as opiniões e por isso falamos e por isso sentimos. Mas eu sou pela vida e se alguém chegado sofresse, eu tentaria dar-lhe o melhor de cuidados paliativos e no intervalo das dores traria esse alguém para junto duma janela onde a natureza fosse visível e fá-lo-ia sentir a ternura e a beleza do que podia avistar para que entrasse na morte cheio de vida, pleno de tudo o que se teve.
    Alonguei-me demais, desculpa.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Navegadora
    Obrigada por estares aqui connosco. Efectivamente este espaço procura a abrangência de opiniões e de temas que se relacionam com o seu objecto central: a luta contra a discriminação dos infectados com o HIV e pela prevenção com vista a reduzir o número de futuros infectados.
    Outras causas se lhe associam e todos serão benvindos.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Maria Dias
    Efectivamente é difícil saber o que se faria quando não se está nas circunstâncias. Porém o que mais me choca não é a decisão mas sim o facto de não estarem todos em igualdade de circunstâncias os que sofrem de doenças terminais. Há os que têm acesso a determinados paliativos e os que não têm.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Tulipa
    Ninguém sabe o que fará num momento em tudo diferente daqueles que viveu.
    Porém entendo que a medicina deverá esgotar todos os recursos que conduzam a retirar o sofrimento. Só com esses recursos esgotados é que se deveria falar em eutanásia.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Sidney
    Eu sei que nem todos os doentes têm acesso aos cuidados paliativos mas acho que todos devem ter. Não posso sequer admitir que exista uma solução para os que podem e outra para os que não podem.
    Sidney a nossa dignidade começa por não abrirmos mão dos nossos direitos.
    Beijos

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Arrebenta
    Obrigada pela visita e pelas palavras.
    As nossas almas não se destruirão. Elas encontram-se e fundem-se na procura de amor e soluções para os que sofrem.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Guardião
    É isso amigo, uma morte digna que às vezes é vedada por experiências médicas que consistem em prolongar indignamente o que está condenado.

    Abraço

    Silvia Madureira disse...

    Olá:

    Assunto tão difícil.

    Penso que alguma liberdade nos foi concedida com o 25 de Abril mas essa liberdade deveria estender-se a outras questões...

    Penso que quem quer morrer, seja porque motivo for e mesmo que aos meus olhos ou de outros pareça descabido ...deve ter esse desejo cumprido...

    Embora julgue que as pessoas apesar de sentirem em determinados momentos que não servem para nada, por vezes enganam-se e...existe alguém que vai sentir muito a sua ausência...e querer viver é não só um acto de coragem como um acto de "não egoismo".

    No entanto, quem sou eu para saber o que é melhor ou pior para alguém? Avaliar situações? Definir sentenças?

    Deve ser o próprio a fazê-lo...e ser satisfeita a sua vontade.

    Essa tarefa nunca deveria ser colocada nas mãos de um familiar, porque isso é cruel para a pessoa...é injusto para com a mesma ter que tomar decisões desta magnitude...

    Penso que ningué merece ser traumatizado, com a perda de alguém e para além disto o sentimento de culpabilização que poderá sentir...

    Penso que cada cabeça sua sentença e deveria ser assim, até à hora de decidir entre morte e vida...

    Tema complicado, já tinha vindo aqui várias vezes, mas não me sentia com espírito para o comentar. Hoje lá me sairam as palavras.

    Temas estes...que precisam ser muito debatidos...

    Boa escolha...beijos

    Arnaldo Reis Trindade disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    pikenatonta disse...

    Assunto muito complicado... Mas muito importante de ser falado...

    Só para dizer que ofereci um prémio a este blog! :)

    Mary disse...

    Sobre a morte assistida, porque estamos a sofrer demais, só posso dizer:NÃO QUERO MORRER.
    Sofro mas acredito que posso ter esperança e amo a vida apesar de ter sido para mim uma puta de madrasta.
    Aliviem-me a dor. Não me matem mesmo que eu peça quando acho que já não suporto viver.
    E o que diz o Paulo? Não encontro os comentários dele. Beijos para a Lídia e para o Raul.

    sol poente disse...

    Amigos
    É hora de reflectir. Meditemso em todas as posições e sugiro um post a partir delas.

    Abraços

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Sílvia
    Eu sei que não é fácil falar sobre eutanásia porque cada posição tem tanta força e tanta verdade quanto o seu contraditório.
    Obrigada, querida, por te teres decidido pela opinião.

    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Arnaldo
    Concordo com o que dizes mas quando é que sabemos que a pessoa está consciente e o desejo de morrer é algo de consistente? Quantas coisas desejámos ardentemente num dado momento e noutro já não as queriamos? Quem me diz que mesmo na dor extrema não surja uma motivação, seja ela religiosa ou afectiva, que nos leve a mudar a decisão?

    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Pikenatonta

    Obrigada pelo prémio que é sempre um sinal de afecto e reconhecimento.
    A eutanásia será sempre um tema fracturante mas, mais importante que o tema, é o respeito e o acrescento pelas diferentes formas de o olhar.
    Abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Mary
    Sempre a vida. Mas para isso é necessário não alimentarmos a auto-comiseração e procurarmos o caminho. Não importa se longo ou se de momentos. A força dos passos e a intensidade das emoções inscreverão o nosso destino se assim o quisermos.
    Abraço

    Arnaldo Reis Trindade disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    7 Pecados Mortais disse...

    Actualmente, trabalho num sector que envolve pessoas com mobilidade reduzida e deficiência. Gostava que todos os leitores aqui presentes um dia tivessem oportunidade de ver, assistir e viver as várias experiências de vida, das famílias envolvidas. Até hoje nunca vi um olhar em busca de acabar com o sofrimento, mas sim um olhar em busca da salvação e esperança, carinho e amor. Tem sido de enaltecer a experiência vivida por mim...o assunto em questão é complicado e divido por vezes a minha opinião. Contudo como a Lídia disse e bem, os cuidados paliativos é um dos caminhos e a chave principal para um sucesso na obtenção de uma resposta para este tema tão delicado. Respeitando sempre as vossas opiniões o tema mostra mesmo muitos pontos de interrogação, há quem deseje partir a sofrer, como quem deseja ficar mesmo não tendo espaço para a dor.
    Abraços de um pecador.

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    Arnaldo Reis Trindade

    Pois, esse seria um caso a considerar.Mas é muito raro acontecer. As pessoas pedem a vida e algo que as cure ou minimize as dores.
    Dificilmente alguém mantém, de forma contínua, o desejo de morrer.
    Um abraço

    SILÊNCIO CULPADO disse...

    7Pecados
    Que bom encontrar-te aqui e saber que com o contacto profissional que desenvolves enriqueces ainda mais a tua capacidade humana.
    Eu sou pela vida e não pela morte. Se encontrasse alguém que não suportasse o sofrimento e quisesse pôr fim à vida seria para mim complicado. Mas acho que se deve sempre dar às pessoas o direito de escolher.
    Um abraço apertado

    Å®t Øf £övë disse...

    Lídia,
    Sinceramente eu sou a favor da liberdade de escolha individual.
    Agora também é verdade que principalmente os serviços públicos deixam muito a desejar na sua forma de tratar os doentes terminais. A maioria das vezes mandam-nos para casa, onde não têm condições para morrer com dignidade, só para que o hospital não tenha mais custos, e para que a taxa de mortes dentro dos hospitais seja menor. Vivemos num mundo hipócrita, em que se tenta passar a mensagem que morrem menos pessoas nos hospitais, logo os serviços estão melhores, graças ao sofrimento de muita gente anónima que para que esses resultados surjam são mandados para casa.
    Esse teu amigo, foi a excepção que confirma a regra.
    Bjo.