TOBIAS II

No Tobias I, foi referida a parte de adopção de uma criança seropositiva, o rapazinho infectado pelos pais biológicos e entregue a uma instituição para adopção. É bom os leitores que não leram esse texto o façam de seguida pois poderão melhor entender esta história.
Na altura, alterou-se o género sexual dos intervenientes porque a história tinha uma forte componente de ficção. Por se pretender dar um carácter mais realista à história, irá alterar-se o nome das personagens que vão passar a ser Vegana e Veganinha .
Vamos relatar na primeira pessoa a vivência de uma mãe que adoptou uma criança infectada com o HIV.
Inicialmente, o que mais me angustiava era a perspectiva do momento em que ela se iria magoar e sangrar pela primeira vez. Tinha consultado alguns médicos, para me informar acerca do HIV, ainda durante o processo de adopção, que me haviam alertado para o facto de usar luvas sempre que precisasse de tratar de alguma ferida da minha filha. Assim, mesmo antes de ter ido buscar a minha filha "à casinha", como as duas chamamos à instituição onde ela estava, já tinha preparado, orgulhosamente, uma bolsa cor de laranja, onde tinha guardado umas luvas, algodão e betadine, sentindo-me, dessa forma, uma mãe precavida.
A primeira vez que a minha filha se feriu foi, cerca de um mês depois de estarmos juntas, nas escadas de um hotel onde tinha ido passar o fim-de-semana com o meu pai.
Olhei assustada para a ferida mas, como queria demonstrar ao meu pai, como era uma mãe responsável, mantive a serenidade e só quando entramos nos quartos para pousar as malas é que lhe comuniquei que ela se tinha ferido. Então, à frente dele, saquei, toda contente, do meu par de luvas e, com alguma dificuldade, lá consegui mergulhar o betadine no algodão e passar pela ferida da minha filha. Felizmente que, apesar de ser bastante esperta e espevitada para a idade, a minha filha não se apercebeu da figura patética da mãe.
Pouco tempo depois, ela voltou a ferir-se nas escadas rolantes de um centro comercial. Estava a chorar, com as mãos a sangrar e a minha única e triste preocupação era levá-la para o carro, onde tinha a idiota bolsa cor de laranja. Um homem, bem mais sensato e sensível do que eu, mal viu a criança tentou pegar-lhe nas mãos, tendo recebido, como resposta, um grito histérico "não lhe toque", como se o senhor recebesse um choque eléctrico e caísse fulminado caso tocasse no sangue da minha filha. A minha reacção foi tão disparatada e exagerada que me apercebi da figura ridícula que andava a fazer e, assim que cheguei ao carro, deitei a merda das luvas fora e tratei da ferida da minha filha como qualquer mãe o deve fazer. Com carinho, sem preocupação em entrar em contacto com o sangue e mexendo no algodão e desinfectante com a rapidez e desenvoltura que as luvas não permitiriam.
Outra situação que lidava com dificuldade, e ainda lidei por algum tempo, relacionava-se com as fezes da minha filha que, por efeito da medicação, eram imensas e super moles, pelo que era frequente passarem para a roupa e para a cama. Lembro-me de uma vez em que já estava tão farta de ter lençóis de molho atafulhados de merda, que, em vez de ter posto os sujos para lavar, peguei neles e deitei-os fora.
Felizmente, e ao contrário do que aconteceu com os fluidos líquidos amarelos, vulgo, mijo, a minha filha rapidamente passou a defecar na sanita, pondo termo ao meu tormento de merda.
Por fim, a medicação, inicialmente implicava várias tomas durante o dia e havia um medicamento que exigia que ela estivesse com o estômago vazio uma hora antes e duas horas posteriores sem comer, o que era complicado para uma criança, sobretudo estando numa creche e, ainda mais, porque as pessoas com que nos cruzamos nos mais variados locais, têm a estranha e inexplicável mania de se meter na vida alheia e de impingir comida às crianças, como se estas fossem animais enjaulados num jardim zoológico (e mesmos em relação aos bichinhos já existem restrições alimentares) e lá tinha eu que inventar mil e uma desculpas para tentar fazer com que as pessoas percebessem que a minha filha não podia comer a bolacha, o bolo, o rebuçado ou o caraças (esta palavra está escrita de forma soft para não ferir susceptibilidades que não era, seguramente, a que me aparecia na mente, no momento) do chupa que queriam obriga-la a comer, sem me consultarem, como se eu não existisse ou estivesse ali a fazer mero papel decorativo.
Para além destes aspectos de ordem prática, existiu um que, emocionalmente, foi o mais complicado de digerir: as idas ao hospital.
Da primeira vez que aconteceu sai de lá com o coração despedaçado e de lágrimas nos olhos. Não é fácil ver e ouvir a nossa filha, com pouco mais de dois anos, a gritar por estar a ser espetada por uma agulha para encher uns tubos (que, na altura, ganham a forma de baldes) de sangue, tal como não o é apercebermo-nos que as primeiras brincadeiras com bonecas consistem em fingir que são espetadas, por agulhas, nos braços, para lhes ser tirado sangue. Mas com o tempo habituamo-nos a isso e da segunda vez que tive que voltar ao Hospital, cerca de três meses depois, já não custou tanto quanto a primeira, até que as análises ao sangue deixaram de me afectar, e porque a reacção dela às picadas também passou a ser mais suave.
São estas as únicas particularidades, de que agora me recordo, que se relacionaram com a "doença?" (e ponho a palavra entre parêntesis e sob interrogação porque a minha filha raramente fica de cama, sendo tida, aos olhos de terceiros, como uma criança bastante saudável. E é, de facto, esta a minha convicção. Não obstante o HIV, a minha filha tem sido, felizmente, uma criança saudável pelo que o conceito de doença é, para mim, e como tantas outras definições, bastante relativo), dizia eu, que apenas senti o HIV da minha filha, nas situações que referi e que, no meu ponto de vista, não terão qualquer relevância na escolha de se ser mãe de uma criança seropositiva, porque são totalmente ultrapassadas com o tempo. Não são, senão, uma adaptação a uma realidade nova.
Ou seja, a experiência que tenho tido como mãe de uma criança seropositiva permite-me concluir, tal como acreditava no momento em que me decidi a adoptar uma criança seropositiva, não existir qualquer diferença relevante na vida de uma criança que alberga o bichinho a que se dá o nome de HIV, do que na que alberga os outros bichinhos víricos ou bacterianos mas que, socialmente, são tidos como legítimos.
A história continuará em próximos textos, e a mensagem que quero fazer passar, sobre a adopção de uma criança seropositiva ao HIV é, que não há que ter medo, nem rejeitar uma criança cujo pecado julgado pela sociedade é ter um vírus que lhe foi passado pelos pais biológicos que a abandonaram. Assemelha-se em muito ao pecado original ensinado pela igreja católica em que as crianças que morressem sem ser baptizadas iam para o limbo pois não podiam entrar no céu. Acho que já mudaram esse ensinamento e acabaram com o Limbo, assim esperemos que em breve a mentalidade das pessoas, candidatas a serem pais adoptivos também mude e adoptem crianças seropositivas sem qualquer receio.
A Veganinha é uma criança extremamente inteligente, meiga e amorosa por vezes, birrenta e teimosa outras vezes, como qualquer outra criança que está desenvolvendo a sua própria personalidade e crescendo para se tornar parte integrante da nossa sociedade quando for adulta. É saudável e resistente, mais até do que muitas crianças que conheço e não estão infectadas pelo vírus da SIDA.

Vegana & Ruru(RU2X)

54 comentários:

. intemporal . disse...

Eis um relato sublime que enaltece esta mãe e que prova que a vida e a felicidade são sempre possíveis, desde que se olhe em frente, ultrapassando obstáculos, vencendo barreiras, conquistando batalhas e ganhando guerras. Como recém diagnosticado, encontro aqui, um conforto maior, uma tranquilidade imensa, e apresento um fraterno bem haja a Vegana a quem a vida sorrirá sempre, fazendo com que o crescimento da Veganinha, seja laureado de luz, esplendor e felicidade.

Fatyly disse...

Um testemunho fantástico e ilucidativo numa sociedade ainda tão castradora. Acredita que um dia destes já não haverá o "limbo" que referes.

Admiro profundamente quem adopte, como admiro os avós que pelas mais diversas razões tiveram de ser pais dos seus netos.

E a Vergana e a muitas Verganas e Verganos que têm essa dupla coragem - adoptarem crianças com problemas a todos os níveis - só me ocorre fazer uma vénia e tirar o meu chapeú!.

Beijos aos intervenientes do texto:)

Michael disse...

Raul
Vou ser franco: acho extraordinário que se adopte uma criança seropositiva ou com qualquer outra doença ou deficiência grave. Em consciência acho que se deve fazê-lo mas considero que quem o faz são autênticos heróis. As dificuldades para criar um filho saudável e normal são mais que muitas, como será com um assim?
Certamente que este caso, tal como o do Tobias, diz respeito a pessoas que têm posses porque acho muito complicada uma situação como a que descreve.
Um abraço - estou a ser esclarecido e a interiorizar a tolerância e a aceitação - .

Vega disse...

Michal, a maior dificuldade da adopção está no facto de as crianças serem, por motivos óbvios, tendencialmente mais complicadas que os filhos biológicos mas, mesmo esta situação não é regra.
Uma criança seropositiva é apenas e tão só uma criança que tem a particularidade de ser possuidora de uns bichinhos que nem são tão dificeis de domesticar quanto isso. Não tenho uma situação económica precária mas não vejo qual seja a relação que possa existir entre o vil metal e o HIV. A medicação, para quem a tome, é totalmente cedida pelo Estado. As consultas são gratuitas e, tanto quanto sei, os bichinhos ainda não se deixam comprar, desaparecendo do organismo dos seus portadores mediante a exibição de umas quantas notas de euros.
Não se trata de adoptar uma criança seropositiva porquanto no normal processo de adopção não se escolhe a criança em si mas uma criança com determinadas características. Trata-se, antes, de o candidato à adopção não se negar a adoptar uma criança que seja portadora de HIV e, evidentemente que ao faze-lo está a escolher adoptá-la porque, infelizmente, são crianças não adoptáveis. Mas não vejo nada de extraordinário nisto. É sim extraordinária a sorte que tive por ter tido a possibilidade de ser mãe de uma criança tão temerária, inteligente, intuitiva e bonita, que consegue conquistar toda a gente onde quer que vá.
Na nossa relação é ela a mais protectora e quem mais inspira segurança e tranquilidade à outra, apesar de também me dar cabo do juízo.
Ser-se herói é impedir que uns bichinhos maléficos atinjam o objectivo de destruir células de defesa e a minha filha tem vencido, diariamente, essa batalha, com armas bastante inferiores às dos atacantes mas com um poder mágico infinitamente superior.
Agradeço as palavras que foram ditas mas não serei eu, certamente, que as merecerei. O meu papel é muito cómodo, jogo nos bastidores. A minha filha é que está no palco e até agora, tem tido uma actuação brilhante,de que muito me orgulho.
De uma mãe apaixonada

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Fico feliz que estejas de volta com essa força toda que pões no que escreves.
É muito interessante esta história de adopção que é no fundo uma história de aceitação, condição essencial para que o amor se verifique.
Nós quando amamos seja uma criança, seja um adulto, seja mesmo um animal, temos que nos preparar para o sofrimento que o amor nos traz. Não necessariamente por causa do HIV, note-se, mas porque vida é um composto de matizes que nem sempre têm os tons mais alegres. Porém há decisões que não sendo propriamente das mais fáceis não deixam por isso de ser gratificantes. Até porque nos ajudam a amadurecer e isto em qualquer época da vida em que ocorram.
Percebo no entanto certos receios, que o comentador anterior expôs com toda a honestidade, e numa coisa eu lhe dou razão: nesta situação, como em muitas outras, tem que haver respostas e apoios dos organismos estatais. É bom não esquecer que a maioria das famílias portugueses vivem nos limites e não aguentam dificuldades acrescidas. Mas isto nada tem a ver com o HIV.Contudo falarmos sobre estes receios é algo que ajuda a que nos habituemos às situações se bem que, e repito, as dificuldades não estejam circunscritas às crianças com este tipo de patologia.
Um abraço apertado

R.Almeida disse...

Lidia
O comentador anterior é co-autor do texto ou seja a Vegana,uma mãe orgulhosa,de uma criança seropositiva.No comentário em resposta ao Michael ela conseguiu por-me lágrimas nos olhos, porque a conheço e a amo pelo ser humano que ela é, e porque sei que o comentário é genuino, ele teve mais impacto em mim.
A mensagem que pretendemos passar é que as diferenças entre adoptar uma criança saudável (sem HIV) e uma criança infectada pelo HIV (que pode ser saudável, como é o caso da Veganinha)práticamente não existem,e não há razão para estas crianças serem rejeitadas pelo simples facto de terem um virus que por si próprio gera discriminação, estigma e exclusão social por parte de uma sociedade ignorante e cruel.
Os candidatos a pais adoptivos acima de tudo devem ter amor para dar aos filhos e a adopção de uma criança, ínfelizmente é vista por muitos como a compra de um artigo de supermercado que se quer sem riscos e com uma embalagem atraente.
As dificuldades económicas, bem como o apoio estatal que não existe, não podem ser monopólio das crianças infectadas e a existir deveria ser para todos. Há crianças não infectadas que passam a vida nos hospitais, e que estão doentes quase sempre.
Uma criança infectada pelo HIV não é uma dificuldade acrescida para os pais. Os medicamentos para o tratamento do virus, as consultas e as análises ao sangue são totalmente suportadas pelo estado.
Será que as dificuldades acrescidas são as idas ao médico de 3 em 3 meses e em muitos casos de seis em seis meses.Não terá um pai ou uma mãe esse tempo para cuidar de uma criança?
E se a criança não for infectada e tiver varicela ,sarampo e outras doenças de crianças, acrescido de inflamações na garganta etc...etc... como poderão os pais suportar essas dificuldades?
É preciso ter muito amor para dar e isso é o mais importante.
Concluo referindo apenas um facto que todos sabem: Existe discriminação,exclusão social e estigma em relação a todos os portadores de HIV.Aplicar todos estes predicados a crianças inocentes que nasceram infectadas parentalmente é um crime contra a humanidade.
Bjs
Raul

Silvia Madureira disse...

Esta mãe é uma vendedora de preconceitos. Preconceitos infundados, preconceitos injustos...mas que infelizmente existem.

Esta mãe é totalmente contra preconceitos e é de louvar a sua atitude. Mais do que isso...é de louvar o AMOR que tem pela filha e é independente de tudo o que as rodeia.

Concerteza é uma relação saudável e de mútua aprendizagem que demonstra mais uma vez que somos uns preconceitosos e analfabetos se n temos a coragem de adoptar uma criança seropositiva.

beijo

Fatyly disse...

Gostei muito do comentário de Vega e dos outros e de facto não associo a adopção ao factor monetário, mas que a adopção em Portugal continua a ser uma dantesca burocracia lá isso é verdade...como é verdade que muitos pais candidatos continuam a requisitar por encomenda de catálogo, como se uma criança fosse um bolo, uma peça sem defeitos.

Tenho um casal amigo que já adoptaram duas crianças de cor (outro estigma) e a segunda com um problema gravissimo, mas que foi totalmente sanado e hoje já corre e dá imensas dores de cabeça aos seus pais.

Sempre disse e afirmo que adoptar uma criança, principalmente as "menos queridas" é de facto um acto de coragem e quem o faz merecia o respeito de quem governa este país e sobretudo da sociedade civil.

Vegana ama a Veganinha e vice-versa - fantástico. O futuro ninguém sabe, mas quantos filhos biológicos e com tudo a que tiveram direito abandonam os pais? Sei de quem amou, ama e amará quem lhe deu colo, carinho e amor...do que quem lhe deu a vida num acto sexual.

À bocado fui tomar café com um casal amigo e vizinho das redondezas. Têm dois filhos e agora de vez em quando ou sempre que for necessário, tal como eu - Avó em SOS, ficaram com "neto adoptivo" que tem paralesia cerebral e que está bem constipado. Um quadro pintado de amor incondicional e andamos nós tão preocupados com o visual, com bens materiais XPTO...quando no mercado dos sentimentos há tanta coisa por vender, dar e sobretudo fazer.

O meu maior abraço a todos e desculpem a ousadia...mas um super grandão a Veganinha:)

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Comoveste-me profundamente com o teu comentário. Senti vontade de adoptar uma criança portadora de HIV tendo em conta que ninguém merece ser discriminado e muito menos uma criança inocente.
Só não me candidato porque além do meu filho tenho mais outro de 15 anos, que me foi entregue pelo tribunal, e é já muito para esta cota.
Um abraço muito apertado

Eternamente disse...

Que maravilha de testemunho este da Vegana. Palavra que chorei. E o que diz o Raul então!...
Juro que passarei a palavra e se eu souber de alguém que adopte uma criança portadora de HIV, eu conto.

Odele Souza disse...

Oi Raul,
Deixei um comentário aqui ontem, mas como não o vejo publicado deduzo que não ficou gravado.

Aprendo com as palavras de Vegana e aprendo com os comentários.Na verdade acho que Vegana é mesmo uma exceção pois a maioria das pessoas quando decidem adotar uma criança, as contaminadas pelo vírus da SIDA/AIDS, nem ao menos são consideradas. No meu blog Oficina de Palavras, tem um post com data de 8 de Fev-2008,- "Preconceito e Desinformação", onde falo de Julia, uma criança, hoje com 9 anos e que foi abandonada pela mãe ao nascer. A mãe foi quem passou o vírus para Júlia. Mas o que me impressionou é que apesar de Julia ser loira, linda e de maravilhosos olhos azuis, quando a diretora do orfanato onde Julia está diz que ela é soropositiva, os interessados na adoçao dela desistem no ato, e na cara dura dizem:-Ela tem Aids? Que pena, tão bonita, mas se tem aids, não quero. E Julia vai crescendo no orfanato.

Criei um vínculo de afeto com Julia e na impossibilidade de adotá-la pela complicada situação que já tenho em casa, com minha filha em coma que me exige atenção 24 horas, pedi à Diretora para ser madrinha dela. E como madrinha posso trazê-la para passar um fim de semana ou mesmo alguns dias de férias comigo. Éla é uma ciança adorável, mas tive problemas com uma Auxiliar de Enfermagem que me ajudava a cuidar de Flavia. A tal auxiliar se mostrou extremamente incomodade pela presença de Julia chegando a trazer da casa dela prato e talher para não usar os de minha casa, por receio de ser contaminada por Julia.
Se a desinformação é condenável em outras profissões, em pessoas da área da saúde é inaceitável.
Bem, essa Auxilar não trabalha mais aqui em casa o que acabou por deixar o ambiemte mais leve e mais agradável para Julia quando nos visita.

Acredito que campanhas na TV, em rádios e jornais poderiam ddiminuir o preconceito que ainda existe contra as pessoas contaminadas por AIDs. Falta ação dos governos nesse sentido.

Um beijo, Raul, Vegana e Veganinha.
PS: Fiz um post no Oficina de Palavras e outro no Sol Poente, direcionando as peesoas pra cá.

Teu mais que tudo disse...

É impressionante este post e também os comentários aqui exarados.
Tenho 3 filhos e muita falta de tempo mas logo que me seja possível vou fazer um post a chamar a atenção para o Sidadania e para a adopção de crianças seropositivas.
Vou visitar a Odele. Cada vez gosto mais dela.
Abraço Raul e coragem, homem porque você há-de vencer a porra dessa doença

René disse...

Estes relatos tocam mesmo o coração mais duro.
É o post e é o que dizem a Vegana, o Raul e a Odele, entre outros.
Esta tomada de consciência é fundamental para ajudarmos a construir um homem novo que saiba amar o seu semelhante. E não há amor em mentes fechadas pelos preconceitos que estigmatizam.

R.Almeida disse...

Odele
Quando no seu comentário falou da assistente de enfermagem, eu pensei... se fosse comigo ela não entrava mais em minha casa, mas depois verifiquei que isso tinha acontecido. A ignorância dela não devia ser só em relação à Sida/Aids e acho poder dizer com toda a certeza que não seria a pessoa certa para a ajudar a cuidar de Flavia.
Quanto a Júlia porque não tentar com as entidades do seu país tomar conta dela sem a adoptar e dar-lhe muito amor que eu sei que você tem.
As crianças precisam de amor estejam infectadas ou não e as instituições onde crescem, por muito bem que trabalhem não conseguem transmitir o calor humano e o carinho que elas necessitam.
Beijos
Raul

SEMPRE disse...

Raul & Vegana

Este texto tocante e os comentários que gerou dizem-nos que não podemos ficar parados e que é sempre possível, através das palavras, ir muito mais além.
O Sete Pecados Mortais e o Moendo Café associam-se à divulgação desta temática através do Banner para o Sidadania e publicando, em post,um texto da Lídia/Silêncio que sairá amanhã no Noticias da Manhã.

Fica aqui também um abraço muito apertado para a Odele que, no seu comentário, revela a grande MULHER que ela é.
Força Odele, força Raul e força Vegana. Com vocês se construirá um mundo melhor.

. intemporal . disse...

Há que dismistificar de uma vez por todas, e combater preconceitos, relativamente às pessoas infectadas pelo HIV, sejam crianças ou adultos. Segundo o médico que me segue, um especialista de mérito reconhecido na àrea do HIV/SIDA, um portador de HIV, nem sequer é clinicamente classificado como doente. É portador de uma infecção que pode provocar doença, mas nem por isso é doente. Para tal, deverá seguir as orientações médicas, fazer a sua medicação, e levar uma vida puramente normal sob todos os pontos de vista. O HIV controlado não apresenta sintomatologia para o seropositivo e o seguimento desta patologia baseia-se essencialmente no controlo dos efeitos secundários da medicação, pois qualquer medicação, seja para que fim for, não é isenta de efeitos secundários. A partir do momento em que a carga virica se encontre indetectável pela medicação, as defesas sobem para valores que conferem ao infectado uma imunidade normal, pelo que, o portador de hiv será susceptível ao aparecimento de doença, como qualquer outra pessoa. Sob o ponto de vista dos seus relacionamentos sexuais terá apenas o dever e a obrigação de proteger com quem se relaciona e também de se proteger a si próprio, contra possiveis reinfecções, que serão sempre muito graves, para o controlo da patologia. O virus é sempre diferente de pessoa para pessoa. Por tudo isto, e até por muito mais, não hesitem em adoptar crianças seropositivas, ou em se relacionaram com pessoas portadoras do virus. Essas pessoas, são pessoas como outras quaisquer, que dispoem de formas de proteger e de serem protegidas, e que vivem também com o mesmo intuito de qualquer ser humano,o de serem felizes, com ou sem HIV, como obstáculo.

M.MENDES disse...

Paulo
Compreendo essa tua vontade de desmistificar a carga negativa da doença. Mas essa carga existe e não podemos ignorá-la.
Por isso mesmo tem toda a pertinência este post que informa sobre aspectos que eu, apesar de já ter ultrapassado o meio século, não tinha conhecimento. Garanto-to-te que teria muito receio que a minha neta de 8 anos brincasse com uma criança seropositiva mesmo dizendo para mim próprio que ela não corre perigo e que seria uma crueldade afastá-la da outra.
Mas para eu demonstrar um comportamento que não seja segregador tenho que contar até cem.
Ao ler estes textos vou ficando mais tranquilo e familiarizado com o assunto e encaro já a situação com mais naturalidade.

Um abraço

R.Almeida disse...

Caro M.M.Mendonça
Eu não o censuro, nem lhe chamo ignorante pelo seu receio. Demonstra o grande amor que tem à sua neta. A culpa não é sua mas sim daqueles, que no inicio da pandemia e desconhecendo um vírus novo, que matava as pessoas aos milhares lançaram alertas que desenvolveram todo o estigma associado à doença, que se mantém até aos dias de hoje e já se passaram 30 anos ou um pouco mais. Apenas com intuito didáctico, o vírus HIV é um vírus muito frágil e que sobrevive durante muito pouco tempo fora do seu habitat natural ou seja o corpo humano. Estima-se que só cerca de 3% das pessoas que têm contacto com o vírus (através de sangue ou sémen) ficam infectadas, o que significa que se fosse um vírus resistente e agressivo a população mundial estaria na sua maioria infectada.
Tentamos desmistificar o HIV e a sua transmissão, mas compreendemos os receios infundados da população mal informada. Criticamos os governos e as entidades responsáveis pela pandemia pela falta de informação e de campanhas de esclarecimento e prevenção que deviam começar nas escolas antes das crianças iniciarem a sua vida sexual activa. Proteja a sua neta com todas as suas forças, aprendendo o mais que puder sobre o HIV, e o seu modo de transmissão, para que dentro de poucos anos quando ela for uma adolescente se possa proteger a ela mesma, pois isso ela e tantas outras crianças, infelizmente não vão aprender na escola. Até lá deixe-a ser criança e brincar com outras crianças mesmo que estejam infectadas, pois o perigo com toda a certeza não virá daí. Um abraço amigo e continue a amar a sua netinha pois as crianças precisam de muito amor.
Raul

Helenya disse...

Mendonça admiro a coragem com que assumes os teus receios, sem medo de enfrentar a crítica. Para mim, o problema do HIV, para além da questão social, que é flagrante e inegável, não está na mera ignorância (que desaparece quando surge a situação, de modo directo ou indirecto)mas a cega e teimosa ignorância (que nunca desaparece).Quando me foi colocada a hipótese de adoptar uma criança seropositiva, aliás, quando me foi perguntado se não me negaria a tal e eu respondi que, em princípio não,mas que me iria informar sobre o assunto, fui a casa do meu pai comunicar-lhe a minha decisão e a atitude dele foi radical e agressiva.Opôs-se, determinantemente, à ideia e disse-me que se eu avançasse com o processo,nunca iria receber a minha filha e não iria permitir que ela brincasse com as minhas sobrinhas. Depois de uma discussão acesa, deixei de falar com ele e de visitá-lo durante uns meses, que lhe foram muito dolorosos. Voltei a frequentar a casa,de forma gradual mas sem nunca mais se falar na adopção. Só quando, na segunda entrevista, dei a certeza à técnica de Segurança Social e fui, de seguida, a casa da minha irmã obter o apoio dela, voltei, toda contente, a casa do meu pai, com esse trunfo e disse-lhe que tinha dado luz verde para o processo prosseguir para a adopção de uma criança seropositiva. Ele, então, respondeu-me calmamente que tinha andado a informar-se acerca do HIV e que já sabia que não havia perigo de contágio só pelo facto de as crianças brincarem entre si e que se a minha irmã não tinha levantado objecções ele também iria aceitar a minha filha como neta dele. Nessa altura, percebi como tinha sido intolerante. O HIV é um virus recente, é natural que o meu pai o receasse e desconhecesse as suas formas de contágio, porque, não obstante as campanhas e informação existente e que nunca são suficientes, ele nunca tinha sido confrontado com esse problema mas o que é louvável é que procurou esclarecer-se. E, apesar de nunca lho ter dito, sempre o admirei e admirarei por isso. Hoje em dia é um avô orgulhoso desta sua neta que considera tão endiabrada quanto inteligente.

M.MENDES disse...

Raul
Não pretendi atingir ninguém quando fui sincero. Cheguei aqui e achei por bem mostrar-me com os meus receios porque se todos começarmos a dizer que lindo post e que coisa linda foi adopção, mesmo que não se sinta assim, não estamos a contribuir para o esclarecimento nem para melhorarmos a opinião.
O que quero dizer é que não discriminei ninguém nem impedi a minha neta de brincar com quem quer que seja mas fico vigilante e assustado por dentro. Não consigo evitar isso embora não demonstre. Para mim até é bom que me tirem os fantasmas, repare, mas tenho que confessar que os tenho. Sou militar e não me prendo a pieguices mas a ideia que fui formando do HIV, e conheci na tropa quem tivesse, não me dá essa tranquilidade toda.
Percebo que fique susceptível a esta minha sinceridade e não gostaria porque o aprecio muito. Mas se o post está para ser discutido tem que ser discutido mesmo. Senão não ganhamos terreno.
Desculpe lá e um abraço

R.Almeida disse...

Mendonça
Foi óptima a tua abordagem,e o debate com a tua contribuição ganhou vida.Eu compreendo perfeitamente os teus receios e se recuarmos 11 anos no tempo na altura em que me deixei infectar (por ignorância e por pensar que o bom aspecto e uma aparência saudável eram a confirmação de ali não existir HIV)eu pensava da mesma forma.Aqui pretendo apenas dismistificar o HIV mas de maneira responsável e didáctica,para que as pessoas compreendam a pandemia.
O Excelente comentário de Vegana em que fala da reacção inicial do pai dela complementa o meu. Eu tenho um neto também,que adoro e com quem brinco e já aconteceu ele ferir-se e eu tratar-lhe do doi-doi. Se não acreditasse naquilo que escrevo podes crer que não lhe tocaria. Eu também te aprecio e acho que esta nossa troca de comentários vai desenvolver e solidificar a nossa amizade.
Um abraço de um ex-militar agora combatente por outras causas.
Raul

Teu mais que tudo disse...

Amigos
Verifico que por aqui o debate está animado e isso é bom. Só a verdade é revolucionária e trará a paz e a construção.Posto isto confesso que a sida/hiv também me faz confusão. Não iria ao ponto de o demonstrar na minha vida privada se estivesse confrontado com a situação mas não sei se teria coragem para adoptar uma criança portadora do HIV. Admito que pudesse fazê-lo mas não tenho a certeza.Não é bem o receio do contágio mas o de ver essa criança sofrer à medida que se apercebe que tem uma doença que a segrega. Dizer que tem HIV ainda faz impressão. Como é que essa criança se relaciona com o sexo oposto quando for crescida?
Eu peço desculpa se firo susceptibilidades mas sigo o Mendonça na procura de me desfazer de preconceitos. Mas se tenho preconceitos é porque a sociedade mos incute porque não sou de preconceitos.Quero contribuir activamente para este esclarecimento que considero de grande validade.
Raul, Paulo e Vegana, estou com vocês mas ajudem-me porque também preciso de ajuda para aceitar com normalidade uma pessoa portadora de HIV.
Um abraço a todos

. intemporal . disse...

O HIV deve ser entendido como uma patologia, como tantas outras que acometem o mundo atingindo os seres humanos. Aproveito para citar uma recomendacao de uma medica especialista em HIV que responde a uma mae de 3 filhos, a quem foi diagnosticado o HIV e que, se sente sem forca para prosseguir a sua vida e criar os filhos: "Precisamente tres filhos lindos - aí está uma óptima razão para não desanimar e ir em frente! Eles precisam de si saudável e cheia de força para os criar.
A infecção VIH é actualmente uma situação controlável e que não evolui para doença desde que siga as recomendações médicas....Pense noutras pessoas na sua situacao a quem foi diagnosticado um cancro da mama, uma leucemia ou mesmo um lupus ou uma artrite reumatoide - o tratamento e o sofrimento fisico associado a estas doencas nao sera muito mais grave?
Compreendo o impacto psicologico que tem o conhecimento da seropositividade mas esta doenca tem que ser desmistificada e temos de combater preconceitos - temos que fazer os possiveis para a prevenir mas aconteceu, agora é preciso pensar positivamente e lutar por si e pelos seus filhos." Pelo exposto, caros leitores, arrumem de uma vez por todas os fantasmas associados ao HIV dentro das Vossas cabecas, e nao tenham receio dos portadores do HIV, tenham sim, receio do proprio HIV, protegendo-se dele mesmo, como todos aqueles que, de uma forma saudavel, se protegem do aparecimento de qualquer patologia, embora e infelizmente sem o devido sucesso.

Odele Souza disse...

Olá a todos,
Sempre fui leitora voraz dos comentários deixados nos blogs porque já encontrei preciosidades escritas que me levaram a conhecer, mesmo que virtualmente, pessoas incríveis. Este post demonstra a relevância dos comentários, que passam a ser tão importantes quanto o post que os gerou. Isto aqui é um debate pra ninguém botar defeito e de onde saimos todos enriquecidos.
Admiro a franqueza do M.M.Mendonça assim como a de Joseph ao nos colocarem suas dúvidas e receios com relação ao HIV. Acho que Raul, Paulo e Vegana estão aptos a dirimir dúvidas que muitas pessoas ainda têm com relação a esse maldito virus. Ah! Joseph como eu gostaria que o que você escreveu se tornasse realidade que Raul ainda vença "a porra dessa doença".
Mas enquanto esse dia não chega, através deste blog, vamos colar em Raul e aprender com ele. Paulo e Vegana também são craques no assunto e têm muitas informações a nos passar sobre o virus.

Vegana, gostaria de te colocar algo e ler depois tua opinião:
Já contei aqui que apadrinhei uma menina portadora do virus e que a trago para minha casa sempre que posso. Dentro de casa, não há problema, pois antes de apadrinhar Julia, li tudo o que pude sobre o HIV e sei como me relacionar com alguém contaminado. É tranquilo.
Mas Julia brinca no jardim com as crianças do prédio onde moro e quando isto acontece procuro ficar por perto e atenta. Nunca contei pra ninguém do prédio sobre Julia ter o virus por receio de que passem a discriminá-la e tenho quase certeza de que a discriminariam mesmo.Pergunto Vegana: Como agir nesse caso? Estou certa em manter segredo no prédio sobre a real condição de Julia? Estou certa em deixar que apenas as pessoas mais próximas saibam?

Obrigada pelo esclarecimento.

Um abraço.

Helenya disse...

Ola Odele!É com muito prazer que me dirijo a ti. Gostaria de ter o teu contacto pessoal e ceder-te o meu, se concordasses e se o Ruru não se importasse de servir de intermediário :)
Acho que só tu podes escolher a quem deves, ou não, contar que a Júlia é seropositiva, tentando agir de acordo com o que ela agiria, se tivesse capacidade de discernimento. Não existe perigo para absolutamente ninguém o facto de ela ser portadora de HIV aliás, tanto quanto eu sei, as únicas formas conhecidas de transmissão do virus, foram através do sangue introduzido directamente no próprio organismo, através de seringas ou transfusões sanguíneas, ou através da penetração. A prática sexual oral transmite outro tipo de doenças venéreas, a que também é preciso estar atento, mas não o HIV. Por isso é que me deixei da parvoíce de andar de luvas para tratar das feridas da minha própria filha(aliás nem as enfermeiras põem luvas quando lhe tiram sangue e sabem, perfeitamente, que ela é portadora de HIV. Repito, tanto quanto eu sei, e ainda sei alguma coisa porque me relaciono com médicos e falei com bastantes na altura da adopção, não são conhecidos casos concretos em que tenha havido transmissão de doença, para além vias que citei mas assumo que possam existir e eu desconheça,como é evidente.
Na primeira escola em que inscrevi a Veganinha falei do HIV porque seria complicado não o fazer uma vez que ela tomava medicação à hora de almoço. Tirei-a da escola porque a educadora atrasava-se na medicação com o ar mais descontraído deste mundo e se a medicação fosse dada um quarto de hora depois eu já entrava em parafuso. Voltei a contar, pelos mesmos motivos, na segunda escola, onde mudavam de fraldas a Veganinha com umas luvas, ao contrário do que faziam com outras crianças. Tirei-a dessa escola, ela deixou de tomar a medicação e não voltei a falar mais do HIV. Como sou muito cuidada com a alimentação e ela tem que faltar ciclicamente para ir ao médico, o que não é usual, digo que ela tem uma doença relacionada com o sangue e celulas de defesa, sem especificar mais.
Quase toda a gente com quem me relaciono a nível profissional e pessoal sabe do que se passa com ela apenas e tão só porque não quero que a minha filha conviva com pessoas preconceituosas e se, como já disse em comentário anterior, aceito a ignorância até determinado ponto,como eu própria já o fui até ter decidido adoptar, não tolero a cega ignorância e não faço qualquer questão de conviver, e ainda menos, de fazer com que a minha filha conviva, com pessoas desse calibre, o que é bem diferente de termos as nossas dúvidas e receios, mesmo depois de esclarecidos,como é o que se passa com o Mendonça e o Joseph que foram tão frontais e genuínos a exporem os seus.
(A diferença da minha atitude relativamente à escola e nas restantes situações é que nestas eu estou presente e apercebo-me quando surge uma forma ostensiva de preconceito e sei resolve-la - em quase 4 anos aconteceu uma única vez - e na escola não)

Helenya disse...

Só queria esclarecer que na parte em que escrevi que ela deixou de tomar a medicação quando mudou para a terceira escola, referia-me à toma da hora de almoço,que as restantes continuou a tomar.

R.Almeida disse...

Joseph
Não és o único a quem o HIV/SIDA, faz confusão e tem dificuldades em aceitar com normalidade uma relação ou convivência com uma pessoa portadora do HIV.
O estigma e a rejeição estão associados à doença e a culpa não é tua. É preciso formatar mentalidades e tudo o que vem do passado, e o certo é que as autoridades responsáveis na matéria nada fazem e continuam a alimentar esse estigma, e não sei se é por incompetência, por ignorância ou por malvadez ou porque se acomodaram a mais um “tacho”, que vem contribuir para os seus currículos académicos ou profissionais. Não temas ferir susceptibilidades pois não haveria debate se todos estivéssemos de acordo acerca da problemática da pandemia e dos seus efeitos discriminatórios.
Passando por cima do receio do contágio, vamos focar o desenvolvimento da criança e o estar preparada para enfrentar a adolescência e as primeiras relações sexuais que cada vez acontecem mais cedo. Qual a altura certa para falar a uma criança infectada acerca do seu problema e da maneira como se deve proteger a ela própria e aos seus amiguinhos/as com quem vai ter as suas primeiras experiências sexuais? É complicado e aqui gostava da colaboração da Vegana acerca de como vai proceder quando chegar a altura certa. Enquanto essa altura não chega os pais tentam proteger a criança, falando de uma maneira soft e adaptada ao desenvolvimento da mesma, pois as crianças inocentemente podem criar situações embaraçosas para os pais que tentam esconder a seropositividade dos filhos para com terceiros, se houver conversas avançadas demais para a idade sobre a infecção pelo HIV. As crianças não guardam segredos e a qualquer momento e em situações inconvenientes podem desmantelar toda a estratégia protectora que os pais criaram para elas. É uma situação complicada para a qual os pais responsáveis devem estar preparados. Outro ponto a trabalhar é quando a criança entra na adolescência e tem consciência que tem uma doença que a segrega e que pode afastar amigos e pessoas de quem gosta. Mais uma árdua missão para os pais, mas que tem de ser ultrapassada.
Mas falando na educação dos filhos e pondo de lado o HIV, quais os pais responsáveis de crianças não infectadas que não tiveram problemas com os seus filhos, ou porque se julgam feios, porque têm um nariz grande, ou porque as roupas que vestem não são de marca, ou porque usam óculos e os outros meninos lhes chamam caixa de óculos etc.… etc.…?
No caso de pais de uma criança seropositiva existe a vantagem, de eles terem tempo para se prepararem para ajudar os filhos quando chegar a altura, para este problema específico. Nas outras crianças os problemas aparecem de repente e terá de haver improvisação para os resolver.
O texto vai longo e não sei se foi útil para ti, mas continua a por as tuas dúvidas.
É difícil num comentário abordar toda a problemática da educação e acompanhamento de uma criança, seja ela seropositiva ou não.
Um abraço
Raul

NÓMADA disse...

Raul/Paulo/Vegana
Temos que informar e ser informados para que consigamos viver com a realidade sem a temer como dum fantasma se tratasse.
É neste debate, onde os comentadorse de peito aberto expõem as suas dúvidas, que se consegue avançar um pouco na humanização e no conhecimento.
Um abraço

JOY disse...

Numa sociedade necessitada de pôr rótulos em tudo e mais alguma coisa, que cria barreiras,ás vezes intransponiveis a quem é diferente ,que não é este o caso, não posso deixar de manifestar a a minha admiração pela coragem e pela prova de amor pelo próximo dado por esta MÃE. Ás duas desejo as maiores felicidades

Abraço forte
Joy

Biby disse...

Olá Raul e Vegana!
Gostei muito de ler este post.
Mais uma vez verificamos que as pessoas infectadas têm que travar um luta dupla: Contra o virus e contra a sociedade que os discrimina. Nunca outra doença provocou tamanho grau de agressão social como esta, até para com crianças impedidas de ir para a escola, de frequentar a catequetese, de brincar com as outras crinaças.
Kubler-Ross relata no seu livro que uma comunidade no Highland impediu a abertura de um lar para crianças infectadas alegando "importação da doença para a comunidade" a contestação foi tanta que o lar não chegou a abrir! O medo da doença associado á má informação cria reacções aberrantes, mesmo contra as crianças que geralmente conseguem amolecer até os corações mais duros!
Muita força Vegana e parabens pela tua coragem.
Deixo um beijinho para os três...

Helenya disse...

A veganinha é uma criança diferente por vários motivos. Não é caucasiana, é adoptada e só tem uma mãe, o que provoca imensos comentários e reacções, quer de adultos, quer das outras crianças, mas ela é super bem resolvida e está habituada a lidar com as situações, não lhes dando qualquer importância ou respondendo à letra ou à bofetada(nesta última parte sem o apoio da mãe). Sabe que é portadora de uma doença grave e que tem que ter cuidado com a saúde senão pode morrer (informação que recebeu, de mim, há cerca de um ano atrás e a que reagiu com lágrimas e um forte abraço. O melhor de sempre!), mas também sabe que enquanto ela quiser, terá toda a saúde do mundo, pelo que leva a vida sem preocupação. Tem noção que a doença dela consiste em ter uns bichinhos maus que vão aparecendo dentro do corpo e que precisa de criar cada vez mais bichinhos bons para destruirem os outros e também já sabe que existem pessoas que acham que se estiverem juntas das que têm os bichinhos maus também os apanham, mas ela acha isso tão disparatado que desata a rir-se.Por isso penso - e espero - que quando ela chegar à pré-dolescência e ouvir os rótulos daquilo que já sabe, não irá ressentir-se.
Acabei de explicar-lhe que falavam dela no blog do Ruru por causa da doença que ambos têm, e que lhe enviavam beijos e ela retribui, toda contente (a mãe também e agradece por tudo o que tem sido dito).
Obrigada!

Odele Souza disse...

Oi Vegana,
O meu e-mail é público e está nos meus blogs, o "Oficina de Palavras" e o "Flavia, Vivendo em Coma. Estás sendo delicada ao mencionar a intermediação de Raul, mas talvez nem ele queira mais esta incumbência. De qualquer forma, estarei te enviando um e-mail através de Raul. Para mim será um prazer o contato direto contigo, pois acredito que como mãe de uma criança contaminada pelo virus HIV poderás me orientar quando eventualmente eu tiver alguma dúvida sobre que postura adotar com relação á minha afilhada Julia, também uma criança seropositiva.

Um abraço Vegana, um abraço Raul.

Mary disse...

Vegana
Acho-te uma maravilha Vegana de grande coração que és um exemplo que poderá servir de incentivo para outros te seguirem.
Depois de começar a ler o Sidadania sinto-me mais familiarizada com o Hiv e todas as implicações e já quase que consigo olhar com naturalidade esta situação que sempre me produziu algumas reservas.
Ainda não serei capaz de adoptar uma criança seropositiva mas já não teria receio de brincar com uma delas.
Eu percebo a empregada da Odele. O Raul acha que a pobre coitada só por ter medo do HIV já não serve para cuidar da Flávia. Eu acredito que serve e que tal como não se deve julgar quem é portador do HIV também não se deve julgar quem tem receios genuínos. Estou a ser honesta na forma como me esprimo. Tenho o selo do Sidadania no meu blog mas confesso que ainda não estou suficientemente madura para, por exemplo, adoptar uma criança seropositiva.
Admiro muito a Vegana, por isso.
Um abraço

Anónimo disse...

RU2X,

passei para agradecer o link do autismo.Gostei da frase em cima:Para ler e comentar.Como tal e este post faz pensar, aliás, como todos os que aqui estão, voltarei para ler com calma e dar a minha humilde opinião.

Um abraço do Mário

R.Almeida disse...

Mary
A questão da empregada da Odele, é que ela estava ligada profissionalmente à saúde e devia ter conhecimentos que outras pessoas não têm. Chegar ao ponto de levar pratos e talheres não achas que é exagerado? Supõe que ela tinha um contrato para cuidar de uma pessoa seropositiva,com iria actuar? Que tomasse precauções, usasse luvas e tudo o mais eu compreenderia e aceitaria.
Acho que indirectamente me estás a julgar e a achar que eu sou intolerante e discrimino todos os que não aceitam a seropositividade como algo normal e sem perigo para as pessoas.Acho que já mostrei a minha posição acerca da discriminação e estigma que existe contra as pessoas infectadas e defini as suas origens.Confesso que fiquei um pouco triste com o teu comentário mas aceito-o.
Um abraço
Raul

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
Nós estamos a discutir estas causas porque as nossas sociedades ainda não atingiram o desenvolvimento necessário para que a informação circulasse de forma transparente e sem ruídos.
A questão do HIV,como a do autismo, como a da velhice e tantas outras, põem-se porque faltam, da parte das instituições, competências que permitam incluir, naturalmente, as pessoas e proporcionar-lhe laços solidários e afectivos condizentes com sua condição de ser humano, pertençam ou não a grupos fragilizados.
Os blogues em que participo não chegam para os debates. E não me chegam porque algo está mal nesta terra injusta, algo que procuro contrariar gritando como posso. O mesmo se passa aqui. E tudo isto para dizer que a Mary é o resultado dum processo em que a sociedade cria estigmas, protege elites, fomenta estereótipos, etc. No Brasil é a mesma coisa.
Em sociedades evoluidas não seria preciso acenar com tanta bandeira para que reparem em nós, para que considerem os nossos direitos.
Somos vítimas do atraso, Raul, e só a comunicação nos pode libertar.
O que mais me aflige é pensar que se na blogosfera, que no fundo é sustentada por uma elite académica, há tanto preconceito nem quero imaginar certos meios do interior. Os próprios professores não estão preparados para lidar com estas situações.
Se há quem acredite no Pai Natal porque não há-de haver quem acredite no Papão?
Quando acabar o ciclo do autismo voltarei ao HIV nomeadamente ao problema da adopção. Mas, para já,e peço que também me ajudes, quero levar a questão do autismo até ao fim porque também há muito fumo à volta deste caso. Não menos do que aqui. Apenas de forma diferente.
Todas as causas são igualmente importantes porque todas nos respeitam e só juntos e de mãos dadas conseguiremos vencer os preconceitos.
Um abraço

Helenya disse...

Mary desculpa discordar de ti no que diz respeito à tal senhora, mas uma coisa são dúvidas e receios, outra é pura estupidez, como é o caso de alguém se recusar a utilizar talheres e pratos lavados que já tivessem sido usados por um positivo(gosto desta palavra) e acho que já é pedir demais que ele ainda se veja obrigado a aceitar e compreender semelhante comportamento. Eu como, muitas vezes, do mesmo prato da minha filha e com os mesmos talheres.Às vezes também tiro comida do prato dos meus amigos ou provo-a com os talheres deles, sem lhes perguntar se têm feito análises ao HIV, ou se têm herpes labial.
Se o bichinho se passasse com essa facilidade a industria farmaceutica não tinha mãos a medir com os retrovirais.
Mas os limites para o receio, preconceito e tolerância são muito flutuantes e dependem do critério de cada um, da sua própria vivência e sensibilidade pelo que não vale a pena andarmos a discutir sobre se é aceitável que alguém coma, ou não, do prato onde outro cuspiu ou se outrem nao passa na mesma rua onde há minutos atrás passou aqueloutro, com medo de ser contagiado por algum virus que tivesse parado para galar uma formiga.
O que interessa, penso eu, é que se evolua ao ponto de um positivo conseguir falar abertamente do seu virus,como um portador de qualquer outro virus, sem que os seus direitos sejam, automaticamente, coactados. O mais giro é que os tais outros virus são muito mais propagáveis do que o bicho papão do HIV. Enfim, curiosidades da vida...

Mary disse...

MARY
Não batam mais ao ceguinho. Estamos aqui para aceitar a verdade e não para combatê-la. O Raul ficou triste comigo e eu não percebo porquê porque sempre tenho sido solidária com a causa do HIV e sempre procuro que as pessoas com quem privo visitem o blogue e se informem e tentem não discriminar.Esta é uma parte do problema a outra parte é aquilo que sinto e penso desde há muito tempo. Vegana eu não penso se sou ou não sou contagiada é um receio instintivo e talvez sem um objecto concreto.
É como ter medo de andar de avião. Por mais que nos digam que o avião é seguro a gente tem medo.
Estou aqui a falar entre amigos e acho preferível mostrar o que me vai na mente do que me pôr a dizer o que alguns comentadores disseram e se calhar não sentem.
Concordo com o que diz a Lídia do Silêncio Culpado no que concerne a termos inculcado este receio porque foram anos a formatarem-nos a cabeça e não é dizendo que isso não faz mal que os receios abalam dum momento para o outro.
Sei que é duro, para quem está envolvido com a sida, ler um comentário destes mas eu não quero magoar nem o Raul, nem a Vegana nem o Paulo.
Quero que os meus receios saiam e os de toda a gente mas para saberem como é dificil saírem esses receios eu só vou dizer que não os tenho quando não os tiver mesmo.
A empregada da Odele não fez o que fez para chatear. A mulher tinha um medo irracional.

Percebam isto, sim, por favor.

Helenya disse...

Ok Mary eu percebo se também perceberes que um psicótico quando espeta a faca no coração de alguém porque naquele momento está a ter um delírio e a ver um monstro que estás prestes a atacá-lo também tem medo irracional e como tal, coitadinho, não fez isso para chatear e portanto em vez de ser internado compulsivamente ou ser sujeito a uma medida de internamento, seremos nós que teremos que nos fechar em casa para não corrermos o risco de nos cruzarmos com ele quando estiver em fase de descompensação da doença. E, por acaso,também acho amoroso e compreensível que não assumamos os nossos actos e nos escondamos nos outros, quer chamando-lhes hipócritas, àqueles que não têm os mesmos preconceitos que nós, preconceitos esses que escondemos sob o nome de receio irracional(irracionais são os animais pelo que o adjectivo até que está bem empregue)ou, então, argumentando que,coitadinhos de nós, há dez anos que andamos a ser enganados por aquela coisa abstracta e que às vezes dá tanto jeito ser invocada que se chama Estado e que nos anda a dizer que o HIV se contagia se nos sentarmos na mesma cadeira em que se sentou um gajo com o virus e, como nao temos capacidade de discernimento,coitadinhos de nós, acreditamos piamente nisso, durante mais dez anos, mas a culpa não é nossa.Não!É do tal Estado.
Finalizo Mary, agradecendo, mais uma vez, as tuas palavras simpáticas que proferiste a meu respeito e que até as compreendo na sua plenitude. Para ti eu sou uma gaja fora de série por albergar em casa, por ESCOLHA PRÓPRIA,vejam lá bem, uma arma letal.
Eu sou assim, humana e compreensível Mary, uma pessoa com instintos suicidas mas a tua participação para mim foi excelente. É a amostra pura e genuína do preconceito camuflado e não assumido em todo o seu esplendor. Ainda bem que a minha filha não te conhece.Ah e não leves a mal o que eu digo porque não é para chatear, coitadinha de mim, é só o medo irracional de que algum dia a minha filha tenha o desprazer de ter que lidar com alguém que tem o logotipo do HIV no Blog para mostrar "vejam lá que solidária que eu sou que até tenho pena daquele pessoal que tem aqueles bichinhos horrendos e o andam a espalhar pelo planeta. Eu aqui e eles ali longe mas até sou boa pessoa porque digo aos outros que os respeitem e não os discriminem.

Mary disse...

Vegana
Não é com agressões que irás conseguir pessoas que adiram à causa.É só isto que te digo.
Não sou psicóptica reservo esse conceito para quem não vê um palmo à frente do nariz a não ser o seu próprio problema.
Vim por bem e com boa vontade mas não volto a comentar no Sidadania. Também não apago o selo do meu espaço e continuarei a defender os portadores do HIV. Lamento muito que não queiram ver o óbvio e tratem assim um visitante bem intencionado só porque disse o que pensava.

Helenya disse...

Psicótico, é o nome clínico para quem sofre de psicose. Apenas dei o exemplo de alguém que pratica um acto criminoso sem ter consciência de tal por estar dominado pelo tal receio irracional que, a ti, tudo justifica. A psicose é uma patologia psicológica que provoca alterações de comportamento, se não for tratada. Como todas as doenças, merece o meu respeito pelo que não utilizo nomes clínicos para adjectivar quem quer que seja. Denominar-te de psicótica seria tão ridículo quanto de seropositiva, partindo do princípio que não te enquadres em nenhuma das classificações clínicas. Uma leitura atenta e não cega do que escrevi, teria evitado o equívoco. Quanto às invocadas boas intenções, delas está cheio o inferno, dizem.
Fica bem Mary!

José Lopes disse...

São testemunhos como este que nos dão uma visão mais aproximada da realidade que desconhecemos, embora não gostemos de o a dmitir, passando por ignorantes. Vale a pena ler para afastar os fantasmas que ainda persistem.
Cumps

R.Almeida disse...

Mary
Aqui, não és nem foste “Corrida à Pedrada”, como dizes. Aqui todos são livres de expor os seus pontos de vista, e de dizerem o que sentem. Aqui pretendemos desmistificar o HIV e todo o estigma associado ao mesmo. Aqui recebemos lições de vida e ensinamos aquilo que aprendemos com base científica.
Não te faças de vítima nem acuses os outros de te agredirem, pois os textos não são censurados e estão à disposição de todos para os lerem, interpretarem e tirarem as suas conclusões.
És bem-vinda, sempre que quiseres vir ao blogue e participar nele, mas vem despida de preconceitos e coloca as tuas dúvidas. Aceita o ponto de vista dos outros para que também possam aceitar o teu.
O assunto está encerrado da minha parte. Um abraço
Raul

G.BRITO disse...

Raul
A verdade dói, entendo. Mas só com a verdade conseguiremos acabar com os tabus.
Sou um aderente da causa e empenhar-me-ei até ao limite para vos acompanhar e acabar com os preconceitos estúpidos e desumanos que pesam sobre o HIV.
Mas para isso é preciso que pessoas como a Mary sejam acarinhadas e não sejam alvo de comentários como os da Vegana. Desculpem-se, se é espaço aberto e somos livres, é esta a opinião.
Abraço

R.Almeida disse...

Brito
Claro que é um espaço aberto, e cada um diz o que pensa.Como referi no meu comentário anterior a Mary é bem vinda e acarinhada, como qualquer outra pessoa.Acho que se está a levantar uma tempestade num copo de água e que estamos a sair do ponto focal que é concentrarmo-nos no que é importante para demonstrarmos que a adopção de uma criança seropositiva,não é nada demais. As crianças seropositivas, consideradas inadoptáveis e que crescem em instituições onde não têm o calor humano de uma familia bem o merecem.
Um abraço
Raul

Helenya disse...

A Vegana é assim, uma gaja cruel que não respeita opiniões válidas alheias e se atreve a discordar delas. Nada a fazer. Talvez a forca mas acho que não a permitem nos dias que correm. Lamentável!

. intemporal . disse...

A Vegana não é nada assim. O simples facto de ter adoptado uma criança seropositiva é prova disso mesmo. Simplesmente a Vegana é transparente, constituida de dentro para fora, e leva a vida cimentando-a em atitudes concretas, não sendo solidária somente da boca para fora, mas sim sentindo na pele o que significa estender os braços e dar as mãos, a quem deles mais precisa, neste caso uma criança seropositiva que tem todo o direito à vida e à felicidade. A todos aqueles que ostentam o selo do Sidadania no seu blog e que aproveito para agradecer, proponho uma reflexão profunda acerca do que isso significa na realidade...

peciscas disse...

A minha presença solidária e emocionada, perante a densidade destes testemunhos.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul
O tema que está em debate deve, em meu entender, manter-se em debate por muito mais tempo. E manter-se em debate noutros blogues solidários de forma a que o esclarecimento destrua as inibições em relação ao tema e aproxime os comentadores dos autores.
É que, olhando para os comentários produzidos, verifico que conheço quase todos os autores alguns até pessoalmente, através duma grande organização humanitária. Não compreendo,portanto, que haja ruídos de comunicação entre pessoas que estão todas do mesmo lado. Se nós não vencemos os ruídos entre pessoas da mesma sensibilidade como estaremos nós preparados para conquistar os que estão efectivamente no lado contrário?
Não podemos fazer análises ligeiras sobre os comentadores sem conhecermos a história de vida de cada um bem como algumas situações dramáticas que lhes estão subjacentes. Conheço uma MULHER que tem pavor à adopção duma criança com HIV. Sabem porquê? Porque ela é seropositiva. Foi contagiada por um namorado com quem tinha uma relação estável.A relação desfez-se e ela a seguir teve que enfrentar o desemprego e regressar a casa da mãe viúva. A mãe quando soube que a filha estava infectada pô-la na rua. E ela foi viver para a rua até que uma organização humanitária a recolheu e lhe arranjou emprego. Ela trabalha para essa organização. Arranjou casa e eis que a mãe teve um AVC e ela foi buscar a mãe. É humilhada pela mãe todos os dias e anda em casa de luvas e não pode tocar em nada que a mãe toque a menos que tenha luvas.
Ela tem medo de ter um filho que alguém machuque como machucaram a ela.
Vamos admitir que é uma história porque não vou identificar a pessoa. É só para que se perceba que o ser humano não é tão linear quanto isso e que é importante vencer esta barreira inicial e, eventualmente outras, e continuar a falar sobre o tema. Porque se o retirarmos do debate sem o esgotarmos perder-se-à a oportunidade de dar um passo em frente. E oportunidade perdida não regressa.
Esta é uma sugestão e gostaria de saber se vão manter o tema para o anunciar novamente no Silêncio Culpado.
Um abraço

Helenya disse...

Podem contar comigo, existindo real liberdade de expressão, em que nos podemos manifestar sem que os outros, após atirarem farpas, se escudem em sensibilidades descabidas quando não conseguem fazer valer o seu ponto de vista.Sou adepta de discussões acaloradas porque têm um cunho genuíno mas se é para, depois de se atirar a bordoada, bater em retirada, envergando a pele de cordeiro,perdoem-me mas para isso já não tenho pachorra.
Silêncio culpado, hoje saiu um artigo sobre a semiadopção que parece que vai um novo regime a instituir, em que as crianças que ainda mantêm laços com as famílias biológicas, em vez de se manterem em instituições, irão ser entregues a famílias de acolhimento.
Não me parece tarefa fácil, mas é, sem dúvida, uma solução, pelos menos a nível teórico, bem melhor que o actual excesso de institucionalização.
Bem, a Veganinha reclama a minha atenção (no fim de semana os horários não são respeitados)
Bom Fim de Semana!

Helenya disse...

Recado da Veganinha para o Ruru:
portaste-te bem?Se te portaste mal, quando formos a Lisboa não te dou uma prenda, se te portares bem, dou-te uma prenda quando formos a Lisboa.
(Já acabaste de escrever?Perguntou-me, atenta. Após a afirmativa, acrescentou: então agora escreve:)
Beijinhos

R.Almeida disse...

Lidia
Vamos continuar com o tema da adopção e também vamos estudar o projecto da semi adopção. É necessário fazermos algo para que as crianças seropositivas, as de outras etnias e crianças com qualquer deficiência,cresçam em instituições que por muito bem que trabalhem nunca lhes poderão dar o amor e o calor humano de uma familia. O reduzido numero de adopções de crianças nestas condições é preocupante. Estamos a trabalhar na colheita de informações sobre o assunto para que com mais profundidade possamos continuar a debater o tema.
Bjs
Raul

Anónimo disse...

Caros,

este tema da adopção é comum em tantas doenças e deficiências.Quem adopta deve fazê-lo por amor.Não porque é louro, bebé, saudável que nem um touro...

A luta interna da mãe foi compreensível, talvez por ter dúvidas iniciais e também pela falta de divulgação da SIDA.Importa saber lidar com ela, mas sobretudo considerá-la uma doença normal,e não exclusiva.

Saudações e um sorriso

Eme disse...

Vim ler-vos aqui :)

reflecti

Porque colei o selo do sidadania no citadel?

a- para ficar bem vista?
b- para mostrar que sou solidária?
c- porque não tenho receio?
d- porque adoro o raul e o paulo?
e- todas as hipóteses
f- nenhuma das hipóteses
g - só eu sei o que vai cá dentro


:)

apetexeu-me
e
exmo sr. Ru2xis

aguardo algo que é para ser colado no citadel.. lembras? querias trocar o lacito...

beijos