No dia mundial da SIDA, decidi estar afastado de eventos com palestras e discursos que não levam a lugar nenhum e são a passerelle de notáveis que aparecem na televisão a mostrar um trabalho que não foi feito, como se tudo estivesse bem e eles sejam os benfeitores de uma causa que certamente não é a deles, mas que serve em pleno os seus propósitos de saírem do seu cinzentismo natural.
Nos últimos tempos tenho visto e seguido o trabalho de apoio social a vitimas da infecção pelo HIV, que vivem no limiar da pobreza, sem tecto e sem dinheiro muitas vezes para terem uma refeição diária condigna, feito por uma associação não governamental, que sobrevive com dificuldades e decidi participar num peditório, sendo essa a minha contribuição para que esse trabalho continue.
Foi uma experiência nova, e o contacto directo com a população e o aperceber-me dos sentires da mesma em relação ao HIV e á SIDA.
Camisola da associação, um crachá identificativo e uma lata inviolável com uma ranhura para entrada das moedas, e sem dar por isso lá estava eu sozinho à entrada de um centro comercial.
- Alguns cêntimos… querem contribuir para ajudar? Sabe que para muitas pessoas esses cêntimos podem fazer a diferença entre ter uma refeição decente diária para muitos ou não…
Uma ou duas moedas de baixo valor dava um pessoa, outra, uma moeda de euro, outras pessoas davam um pouco mais, uma única nota de cinco euros e surpreendentemente e também caso único uma senhora dá 20 euros e deseja felicidades e continuação de bom trabalho. Reconfortante as pessoas que vão dando alguma coisa, triste que sejam tão poucas.
No fim do turno de 4 horas a lata não estava sequer meia, mas certamente com muitas outras meias latas ou mais cheias vai fazer a diferença que permitirá a continuação do trabalho de apoio social.
Analisando, o trabalho notei que muitas pessoas se afastavam, quando viam o laço da SIDA, pois eventualmente passando perto o vírus as pudesse infectar. Talvez não pensassem que eu estivesse infectado, mas quem sabe eu poderia ter apertado a mão a algum seropositivo e até ter agarrados à minha roupa alguns vírus que se poderiam soltar e transmitir-lhes a SIDA.
Um casal com 2 crianças, a quem me dirigi e que se afastou entrou numa loja de joalharia. As crianças ficaram cá fora e vieram-me perguntar para que é que eu estava a pedir. Eu disse-lhes que era para dar comida a pessoas que não tinham dinheiro. Elas apontaram para uma velhinha pedinte que estava do lado de fora do centro e perguntaram se era para dar comida àquela senhora. O pai vendo as crianças a falarem comigo, saiu da loja olhando-me com cara de poucos amigos e levou as crianças para dentro da joalharia. Eu retribui-lhe com um sorriso e com as mãos ia dizendo adeus às crianças que continuavam a olhar para mim enquanto eram quase arrastadas para dentro da loja pelo pai.
Um cidadão sénior, a quem tinham sido dados preservativos na banca da associação, dirigiu-se a mim dizendo: - Vocês não querem acabar com a SIDA senão davam preservativos de outra marca. Acrescentou que costumava comprar às grosas de preservativos de certa marca e que nunca se tinha rebentado um. Eu sorrindo perguntei-lhe se essa quantidade era para uma semana. Claro que veio o orgulho latino ao cimo e disse que noutros tempo sim.
Enfim, foi uma experiência enriquecedora em contactos humanos e um auscultar dos sentires do povo em relação à pandemia.
A informação sobre a SIDA tem que chegar a todos e campanhas são necessárias para atenuar o estigma. O povo continua a pensar que a mesma quando é mostrada através do laço identificativo é perigosa e que o vírus está por perto e pode atacar.
De resto pode continuar tranquilo, que ela não está presente mesmo numa escapadinha de momentos de prazer sexual desprotegido com parceiros desconhecidos.
Quando o azar bate à porta, é que se apercebem da sua ignorância mas aí já não há possibilidade de voltar atrás e terão de viver com ela.
Um Abraço e até ao próximo peditório amigos.
Nos últimos tempos tenho visto e seguido o trabalho de apoio social a vitimas da infecção pelo HIV, que vivem no limiar da pobreza, sem tecto e sem dinheiro muitas vezes para terem uma refeição diária condigna, feito por uma associação não governamental, que sobrevive com dificuldades e decidi participar num peditório, sendo essa a minha contribuição para que esse trabalho continue.
Foi uma experiência nova, e o contacto directo com a população e o aperceber-me dos sentires da mesma em relação ao HIV e á SIDA.
Camisola da associação, um crachá identificativo e uma lata inviolável com uma ranhura para entrada das moedas, e sem dar por isso lá estava eu sozinho à entrada de um centro comercial.
- Alguns cêntimos… querem contribuir para ajudar? Sabe que para muitas pessoas esses cêntimos podem fazer a diferença entre ter uma refeição decente diária para muitos ou não…
Uma ou duas moedas de baixo valor dava um pessoa, outra, uma moeda de euro, outras pessoas davam um pouco mais, uma única nota de cinco euros e surpreendentemente e também caso único uma senhora dá 20 euros e deseja felicidades e continuação de bom trabalho. Reconfortante as pessoas que vão dando alguma coisa, triste que sejam tão poucas.
No fim do turno de 4 horas a lata não estava sequer meia, mas certamente com muitas outras meias latas ou mais cheias vai fazer a diferença que permitirá a continuação do trabalho de apoio social.
Analisando, o trabalho notei que muitas pessoas se afastavam, quando viam o laço da SIDA, pois eventualmente passando perto o vírus as pudesse infectar. Talvez não pensassem que eu estivesse infectado, mas quem sabe eu poderia ter apertado a mão a algum seropositivo e até ter agarrados à minha roupa alguns vírus que se poderiam soltar e transmitir-lhes a SIDA.
Um casal com 2 crianças, a quem me dirigi e que se afastou entrou numa loja de joalharia. As crianças ficaram cá fora e vieram-me perguntar para que é que eu estava a pedir. Eu disse-lhes que era para dar comida a pessoas que não tinham dinheiro. Elas apontaram para uma velhinha pedinte que estava do lado de fora do centro e perguntaram se era para dar comida àquela senhora. O pai vendo as crianças a falarem comigo, saiu da loja olhando-me com cara de poucos amigos e levou as crianças para dentro da joalharia. Eu retribui-lhe com um sorriso e com as mãos ia dizendo adeus às crianças que continuavam a olhar para mim enquanto eram quase arrastadas para dentro da loja pelo pai.
Um cidadão sénior, a quem tinham sido dados preservativos na banca da associação, dirigiu-se a mim dizendo: - Vocês não querem acabar com a SIDA senão davam preservativos de outra marca. Acrescentou que costumava comprar às grosas de preservativos de certa marca e que nunca se tinha rebentado um. Eu sorrindo perguntei-lhe se essa quantidade era para uma semana. Claro que veio o orgulho latino ao cimo e disse que noutros tempo sim.
Enfim, foi uma experiência enriquecedora em contactos humanos e um auscultar dos sentires do povo em relação à pandemia.
A informação sobre a SIDA tem que chegar a todos e campanhas são necessárias para atenuar o estigma. O povo continua a pensar que a mesma quando é mostrada através do laço identificativo é perigosa e que o vírus está por perto e pode atacar.
De resto pode continuar tranquilo, que ela não está presente mesmo numa escapadinha de momentos de prazer sexual desprotegido com parceiros desconhecidos.
Quando o azar bate à porta, é que se apercebem da sua ignorância mas aí já não há possibilidade de voltar atrás e terão de viver com ela.
Um Abraço e até ao próximo peditório amigos.
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