Preservativos e Retrovirais com VIH

Às vezes fico atónito e desiludido, acerca da problemática da pandemia da Sida da sua prevenção e tratamento.
Defendo que globalmente todos os seres humanos devem ter direito aos tratamentos, e que a prevenção através de sexo seguro com preservativo é uma das formas de combater a infecção.
Já várias vezes escrevi acerca da posição da igreja católica em relação ao preservativo achando que a sua posição em nada contribui para o controlo da SIDA e acaba por ser um crime para a humanidade.
As recentes declarações do Arcebispo de Maputo, Francisco Chimoio à BBC que dizem:
"Os preservativos não são seguros, porque sei que dois países na Europa estão a fabricar preservativos com o vírus, de propósito. Eles querem acabar rapidamente com o povo Africano", deixam-me atónito e incrédulo.
Dom Francisco Chimoio recusou-se a nomear os países alegadamente envolvidos e ainda referiu um suposto fabrico de anti-retrovirais também contaminados com HIV.
Afinal o que é que a Igreja Católica quer em relação à pandemia da SIDA? Ensinar a castidade e que o sexo é pecaminoso fora da sua função reprodutiva, aos seus crentes é algo, que cada membro da igreja poderá aceitar e seguir, mas será isso a realidade vivida pelos seus fiéis?
Pessoalmente não acredito nisso, e portanto acho estas declarações nefastas e destruidoras do trabalho que pessoas independentes dos governos, preocupadas com o sofrimento do povo de Moçambique e da grave situação da pandemia naquele país, têm feito no sentido de haver tratamentos para os infectados bem como preservativos para conter a disseminação da infecção pelo HIV.
Daquilo que aprendi nas aulas de Religião e Moral dadas por padres, quando andava na escola, acho que as palavras de Jesus, quando estava nas mãos dos seus carrascos, estão actualizadas em relação a este senhor arcebispo e às suas declarações, “…perdoa-lhe Pai, que ele não sabe o que está a fazer”.
Os danos que eventualmente possam surgir devido às suas palavras, traduzidos em novas infecções e mortes, esses estarão presentes no chamado “Juízo Final”, isto se genuinamente acreditar na doutrina que ensina, a não ser que eventualmente e devido à sua posição hierárquica dentro da igreja católica tenha um passaporte directo para o céu sem ter que ser presente ao julgamento a que os crentes estão sujeitos.
As bases científicas para manter o vírus em condições de infectar alguém, dentro de um preservativo ou de comprimidos supostamente feitos para infectar pessoas, demonstram o pouco conhecimento (se é que tem algum) acerca do VIH.

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