Não usar preservativo, sabendo que se está infectado é um tema difícil de abordar, tanto mais que não creio que as pessoas que o fazem o digam abertamente, receando a repulsa e condenação por parte das pessoas a quem eventualmente o possam dizer.
Decidi escrever sobre o assunto devido a um comentário tipo pedido colocado por um dos leitores do blog que transcrevo: “Gostava de ler algo sobre alguém que tenha tido relações desprotegidas com pessoas sabendo que contem o HIV e poderia estar a transmitir... será que poderá relatar algo que tenha conhecimento?”.
Vou relatar alguns casos dos quais tenho conhecimento. Os dois primeiros casos, referem-se a casais sero discordantes, em que o parceiro infectado tinha uma baixa carga viral e a infecção estabilizada. Desejavam ter filhos, e devido às dificuldades de lavagem de esperma, de comum acordo decidiram arriscar.
Caso 1: Manuel (Positivo) Maria (Negativa) – Tiveram sexo desprotegido até Maria ficar grávida. O bebé nasceu saudável, e Maria continua negativa. Não houve acompanhamento médico em relação ao HIV. Acerca da infecção de Manuel ele afirma que foi numa relação com uma trabalhadora sexual e que usou preservativo sem que o mesmo se tenha rompido e acredita que o preservativo deveria ter defeito de fabrico, pois não vê outra explicação.
Caso 2: João (Negativo) Joana (Positiva) – Os mesmos procedimentos e resultados. Desconheço se houve acompanhamento médico em relação ao HIV, sei que numa consulta de aconselhamento, foram desencorajados a levarem em frente o seu plano para que Joana ficasse grávida. João continua negativo. De referir que Joana foi infectada pelo marido anterior o qual morreu de Sida, sem nunca ter assumido a sua infecção e desse casamento nasceram duas crianças as quais não estão infectadas. Joana só soube que estava infectada após a morte do marido, por ter sido aconselhada a fazer o teste.
Por não querer entrar na intimidade dos casais desconheço se ocasionalmente ou rotineiramente praticam sexo desprotegido.
Em ambos os casos, os intervenientes tinham consciência de que havia risco do elemento seronegativo poder eventualmente ficar infectado. Os nomes são fictícios, para protecção da identidade dos intervenientes.
Um outro caso, entre homossexuais masculinos numa relação que durou cerca de um ano, em que o parceiro infectado não tinha conhecimento do seu estado serológico para o HIV. Afirma a pessoa infectada que nunca usaram preservativo e que durante esta relação nunca teve relações sexuais com outra pessoa. O seu companheiro não foi infectado tendo feito vários testes pois foi informado acerca do período janela, ou seja o tempo de incubação do vírus.
Como nem tudo são rosas, uma amiga minha teve apenas uma relação sexual sem protecção, vindo mais tarde a saber que esse parceiro era HIV+, e ficou infectada.
Da minha experiência pessoal, na fase aguda da infecção quando se deu a sero-conversão, antes de saber da mesma, tive algumas vezes sexo desprotegido com a minha mulher sem que ela tivesse ficado infectada. De notar que na altura em que soube que estava infectado a minha carga viral era superior a 850.000 cópias por ml. ou seja o máximo que os testes detectavam na altura.
Antes disso, e possivelmente já infectado tive sempre sexo desprotegido, sem que a transmissão da infecção tivesse ocorrido.
Nos dois primeiros casos, em que a procriação era o objectivo, as pessoas tinham a noção dos riscos que corriam. Os outros casos citados as pessoas infectadas não sabiam do seu estado serológico HIV+, mas o importante é relatar casos de pessoas infectadas com não infectados que tiveram relações sexuais sem usarem o preservativo.
Espero que ninguém que leia este artigo pense que a infecção é difícil e raramente ocorre, pois os dados estatísticos relativos a novas infecções mostram que isso não é a realidade. O bom aspecto físico de qualquer pessoa não significa ausência de infecção e é necessário tomarem-se precauções.
O único método aceite e eficaz para a prevenção da transmissão sexual, é o preservativo quer masculino quer feminino.
Podemos andar de mota sem capacete e nada nos acontecer, mas corremos o risco de em caso de acidente morrermos por não termos tido o bom senso de o usar. Acontece, que mesmo usando o capacete possamos eventualmente morrer, mas o certo é que na maior parte das vezes ele salva as nossas vidas. A infecção pelo HIV é semelhante, portanto cientes dos riscos que corremos cada um é livre para decidir se deve ou não usar o capacete.
Decidi escrever sobre o assunto devido a um comentário tipo pedido colocado por um dos leitores do blog que transcrevo: “Gostava de ler algo sobre alguém que tenha tido relações desprotegidas com pessoas sabendo que contem o HIV e poderia estar a transmitir... será que poderá relatar algo que tenha conhecimento?”.
Vou relatar alguns casos dos quais tenho conhecimento. Os dois primeiros casos, referem-se a casais sero discordantes, em que o parceiro infectado tinha uma baixa carga viral e a infecção estabilizada. Desejavam ter filhos, e devido às dificuldades de lavagem de esperma, de comum acordo decidiram arriscar.
Caso 1: Manuel (Positivo) Maria (Negativa) – Tiveram sexo desprotegido até Maria ficar grávida. O bebé nasceu saudável, e Maria continua negativa. Não houve acompanhamento médico em relação ao HIV. Acerca da infecção de Manuel ele afirma que foi numa relação com uma trabalhadora sexual e que usou preservativo sem que o mesmo se tenha rompido e acredita que o preservativo deveria ter defeito de fabrico, pois não vê outra explicação.
Caso 2: João (Negativo) Joana (Positiva) – Os mesmos procedimentos e resultados. Desconheço se houve acompanhamento médico em relação ao HIV, sei que numa consulta de aconselhamento, foram desencorajados a levarem em frente o seu plano para que Joana ficasse grávida. João continua negativo. De referir que Joana foi infectada pelo marido anterior o qual morreu de Sida, sem nunca ter assumido a sua infecção e desse casamento nasceram duas crianças as quais não estão infectadas. Joana só soube que estava infectada após a morte do marido, por ter sido aconselhada a fazer o teste.
Por não querer entrar na intimidade dos casais desconheço se ocasionalmente ou rotineiramente praticam sexo desprotegido.
Em ambos os casos, os intervenientes tinham consciência de que havia risco do elemento seronegativo poder eventualmente ficar infectado. Os nomes são fictícios, para protecção da identidade dos intervenientes.
Um outro caso, entre homossexuais masculinos numa relação que durou cerca de um ano, em que o parceiro infectado não tinha conhecimento do seu estado serológico para o HIV. Afirma a pessoa infectada que nunca usaram preservativo e que durante esta relação nunca teve relações sexuais com outra pessoa. O seu companheiro não foi infectado tendo feito vários testes pois foi informado acerca do período janela, ou seja o tempo de incubação do vírus.
Como nem tudo são rosas, uma amiga minha teve apenas uma relação sexual sem protecção, vindo mais tarde a saber que esse parceiro era HIV+, e ficou infectada.
Da minha experiência pessoal, na fase aguda da infecção quando se deu a sero-conversão, antes de saber da mesma, tive algumas vezes sexo desprotegido com a minha mulher sem que ela tivesse ficado infectada. De notar que na altura em que soube que estava infectado a minha carga viral era superior a 850.000 cópias por ml. ou seja o máximo que os testes detectavam na altura.
Antes disso, e possivelmente já infectado tive sempre sexo desprotegido, sem que a transmissão da infecção tivesse ocorrido.
Nos dois primeiros casos, em que a procriação era o objectivo, as pessoas tinham a noção dos riscos que corriam. Os outros casos citados as pessoas infectadas não sabiam do seu estado serológico HIV+, mas o importante é relatar casos de pessoas infectadas com não infectados que tiveram relações sexuais sem usarem o preservativo.
Espero que ninguém que leia este artigo pense que a infecção é difícil e raramente ocorre, pois os dados estatísticos relativos a novas infecções mostram que isso não é a realidade. O bom aspecto físico de qualquer pessoa não significa ausência de infecção e é necessário tomarem-se precauções.
O único método aceite e eficaz para a prevenção da transmissão sexual, é o preservativo quer masculino quer feminino.
Podemos andar de mota sem capacete e nada nos acontecer, mas corremos o risco de em caso de acidente morrermos por não termos tido o bom senso de o usar. Acontece, que mesmo usando o capacete possamos eventualmente morrer, mas o certo é que na maior parte das vezes ele salva as nossas vidas. A infecção pelo HIV é semelhante, portanto cientes dos riscos que corremos cada um é livre para decidir se deve ou não usar o capacete.
3 comentários:
Meu caro,
Sendo que fui eu que lancei este tema, vejo-me um pouco na obrigação de comentar o que escreveu sem querer com isto gerar uma discussão mas como referi na primeira vez que pedi que escrevesse algo sobre este tema, a minha ideia era “obrigar” a uma reflexão sobre a questão e não propriamente um manual das probabilidades quase percentuais da infecção seja entre casais, amigos, homossexuais ou hetero.
Em resposta ao meu comentário no seu blog o amigo lança-me o desfio de caso eu não fosse um infectado e tivesse uma relação casual dizer ao parceiro algo como: Temos de usar preservativo pois eu tenho SIDA e pede para depois contar como foi porque seria no mínimo curioso.
Pois, como diz este é um tema difícil de abordar e na minha opinião a dificuldade não esta na questão tão técnica sobre as probabilidades de ficar ou não ficar infectado mas sim na questão forte e envolvente da carga psicológica que recai sobre o ser que o é (seropositivo) quando tem relações desprotegidas com o ser que não é mas que não reflecte minimamente sobre tal.
Lamento não poder satisfazer a sua curiosidade no desafio que me lança mas posso caso me seja permitido expor no seu blog uma experiência bem real e que julgo que poderá ser proveitosa ou talvez até não mas que poderá obrigar a uma reflexão e quer queiramos ou não tocará a todos.
Sou seropositivo, deixei-me levar pela loucura que é o sexo, e sobre sexo poderíamos escrever muito porque haveria sempre formas de o classificar.
Sou seropositivo e escondo que o sou, quando tenho relações sexuais deixo-me levar pelo parceiro. Eles não me perguntam se tenho sida, eu também não digo porque não me perguntaram. Eu não tenho preservativos comigo eles também não. Vou assim espalhando esta Merda por aí ou talvez não (até hoje não tive queixas dos possíveis lesados)
Eu fiz o mesmo que eles corri o risco de me infectar não pelo prazer do risco mas pelo prazer do prazer.
Sinto que eles se deixam levar pelo prazer do momento e jamais um dia pensei que eram inconscientes das possíveis consequências. Inconscientes não são! Eu também não era e continuo a não ser. Algo perturbados talvez.
Chega o dia que um casal com filhos me propõe irmos para a cama. Fizemos de tudo entre os 3 sem protecção. E eu penso: (porra! É um casal com filhos) Ignorantes? Não são! Já infectados? Poderá ser. É o prazer do sexo, da loucura?
Quando é que isto para meu caro? Isto para? Campanhas, cartazes, anúncios, debates e que mais? E este grupo que gosta de sexo de uma forma indiscriminada?
Para terminar gostava apenas de deixar uma nota que não pude deixar de reparar. Curiosamente não foca nenhum caso de troca de seringas no texto.
Lamento manter o anonimato mas assim como a sida eu sou um anónimo.
Um abraço
Caro anónimo,gostei imenso do seu comentário e dos pontos que foca nele acerca do seu caso pessoal,e se esperava uma condenação ou algum escrito de repúdio por ter consciência de que eventualmente poderá ter transmitido o virus, não a vai ter,pois defendo que a responsabilidade entre pessoas adultas numa relação sexual é de todos os intervenientes infectados ou não.Não acredito que com tantas campanhas de informação,melhor ou pior desenhadas ainda haja alguém que não tenha consciência de que a Sida existe e que qualquer um pode ser infectado se não usar preservativo. Não condeno quem me infectou e desconheço se sabia que estava estava infectado ou não.Considero que a minha infecção não foi culpa da pessoa com quem tive relações sexuais desprotegidas, de minha livre vontade e que essa responsabilidade ou culpa só deverá ser única e exclusivamente atribuida a mim mesmo,que não me protegi.
Quanto à parte final em que cita não ter mencionado nenhum caso de troca de seringas,não estou a ver como o poderia enquadrar na transmissão via sexual.
Um abraço e gostava caso o deseje que escrevesse textos para publicação no blog sobre esta problemática pois poderão mais fácilmente ser lidos e os leitores fazerem uma reflexão sobre os mesmos.
Caro Moderador deste blog,
Se a minha forma de intervir fez transparecer que eu esperava algum comentário de condenação ou repudio gostaria de o frisar que vindo de sí e pelo que conheço pelo que vou lendo no seu blog não esperava nenhuma dessas reacções.
Em relação a troca de seringas de facto peço desculpa porque quando escrevi a participação mencionei a via sexual para a transmissão mas quando li a sua participação como parecia um manual das possíveis formas existentes pareceu-me que se tinha esquecido das trocas de seringas. (peço desculpa pelo erro)
Se esperava de mim um agradecimento pela palmadinha nas costas em relação as minhas atitudes também não o vou fazer.
Eu sou um coitadinho que tem uma doença e as pessoas que se envolvem assim desprotegidas são o que? Uns coitadinhos carentes?
É-me muito difícil lidar com esta situação sabe?!
Quanto aos textos, deixo-os a seu cargo.
Um abraço
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