Demasiada informação, bom ou mau?

Será que é bom termos toda a informação, acerca do HIV à distância de um click na internet? “Nim”, acho ser a resposta mais adequada, pois se para uns ela é útil, para outros é extremamente nefasta, pois vai acarretar cargas negativas que podem ter um efeito contraproducente no desenvolvimento da doença e na aceitação da mesma.
Não quero com isto dizer que a informação ao alcance de todos, não deveria estar disponível, pois isso seria péssimo. Quero sim alertar para os perigos que uma busca em procura de conhecimento, pode trazer àqueles que tendo-lhes sido diagnosticada a infecção pelo HIV, vão à procura de informação sem terem a mínima noção daquilo que querem procurar para ficarem elucidados sobre a doença.
O mais comum é ficarem aterrorizados, com os efeitos secundários da medicação a curto e longo prazo e logo a seguir verem imagens terríveis que ilustram certas patologias associadas ao HIV. Depois lêem sobre resistências aos medicamentos, e começam logo a pensar em mudanças de medicamentos e que as opções terapêuticas se vão esgotar num período curto de tempo e consequentemente logo a seguir vão morrer.
Afinal o que é que um neo-infectado deve procurar saber acerca do HIV, quando inicia a medicação anti-retroviral?
Acho que o mais importante é saber os indicadores que lhe dão informação acerca da evolução da doença. A quantificação da carga viral será o primeiro factor a ter em conta, pois através dela ele vai saber que os medicamentos que estão a tomar estão a trabalhar no sentido de reduzir a quantidade de vírus no seu organismo. Cargas virais indetectáveis ou a redução das mesmas em comparação à carga viral inicial, são um indicador que está melhor e é positivo que saibam isso.
O numero de CD4s, vem a seguir, pois através desta informação vão ter a noção de como o seu sistema imunitário está mais ou menos fragilizado. No entanto este indicador é controverso e pode levar por vezes a que o doente fique perturbado no caso de ter uma redução na quantidade de células cd4. É importante saber que o número de cd4s é calculado através da percentagem das cd3/cd4 em relação ao número de linfócitos LY, os quais variam, devido a vários factores. Nas minhas últimas análises, o número de cd4 subiu, mas perdi 3,5 pontos percentuais na relação cd3/cd4. Estarei com um sistema imunitário mais forte por ter mais cd4s? Claro que não, embora isso seja o que a maior parte das pessoas infectadas pensa logo de imediato.
É bom as pessoas saberem depois destes indicadores base, o tipo de medicamentos que estão a tomar, e a maneira como eles actuam em relação à supressão do vírus dentro da célula, e actualmente com os novos medicamentos fora da mesma impedindo a entrada do vírus na célula. Efeitos secundários é algo que não devem ler antes de estarem completamente estabilizados em relação à infecção, ou correm o risco de sentir tudo aquilo que está descrito nas bulas dos medicamentos.
Acho que as pessoas infectadas devem aprender acerca da sua doença, mas essa aprendizagem terá de ser feita com regras, e passo a passo ou correm o risco de ficarem confusos e perturbados. O convívio com outros doentes infectados desde há muitos anos, pode ser algo precioso que deve ser considerado, tanto pela apreciação do seu estado físico e dos danos que a doença causou neles, bem como uma oportunidade única de se poder falar livremente e sem tabus acerca de SIDA, e da qualidade de vida que cada um pode ter estando infectado.
A infecção pelo HIV, é o ponto de partida para uma nova vida que não tem que obrigatoriamente ser pior que a vida que tínhamos antes da infecção, e nunca o ponto final nesta passagem temporária pelo planeta terra.

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