Programa de troca de Seringas

É do senso comum, que o uso de um seringa anteriormente usada é uma das formas mais perigosas de se ser infectado pelo HIV. No interior da seringa o vírus está protegido e continua a ser infeccioso por períodos mais longos. Ao utilizarmos uma seringa já usada arriscamo-nos a ser infectados com a agravante de que o vírus entra de imediato na nossa corrente sanguínea e começa a reproduzir-se.
Em 1993 o Ministério da Saúde em parceria com a Associação Nacional de Farmácias, iniciou um programa de troca de seringas que teria uma duração de 3 meses. Os responsáveis pelo mesmo depressa se aperceberam que havia necessidade de que o mesmo continuasse devido á procura dos kits e decidiram continuar com esse programa , que se mantém até aos dias de hoje.
Em boa hora o fizeram, pois estima-se que em cada 10.000 chutos, se evitaram 7.000 novas infecções quer do VIH quer do VHC (Vírus da Hepatite C).
O kit inicial tinha algumas lacunas, foi melhorado passando a ter 2 seringas, e em 7 de Setembro deste ano foi feita a apresentação pública do novo Kit, para os Utilizadores de Drogas Injectáveis, com melhoramentos que o ajudam a desempenhar melhor a sua função, que tão útil é para se evitarem novas infecções. De referir no novo kit a inclusão do ácido cítrico em substituição do limão, e a carica necessária à preparação da substância para o chuto.
Numa altura em que se pretende fazer uma análise profunda ao impacto deste programa de troca de seringas, e em que a redução de riscos entre a população tóxico dependente parece ser uma preocupação dos nossos responsáveis por esta área, temos de reflectir se realmente se deu um passo em frente na prevenção da infecção pelo HIV/SIDA e também no da Hepatite C, ou se pelo contrário estamos na mesma situação em que estávamos anteriormente. Por um lado os UDIs ( Utilizadores de Drogas Injectáveis) têm um Kit mais completo para a administração das substâncias que usam, embora tenham de se adaptar á leveza da carica que facilmente esvoaça perdendo-se a preciosa droga e a ampola de água destilada deveria passar a duas ampolas uma vez que o kit está desenhado para duas administrações, mas isto são pequenos problemas facilmente ultrapassáveis se houver boa vontade. O ponto importante e sobre o qual nos devemos debruçar é se com este Kit vai aumentar o numero de tóxico dependentes a usarem-no.
Se nada for feito, pessoalmente creio que o impacto vai ser nulo e o número de utilizadores do Kit não vai aumentar. O aumento da eficácia do kit, poderá ter um ligeiro incremento especialmente devido à troca das caricas, pois uma carica usada poderá eventualmente ter material infectante.
É necessário os responsáveis por este projecto de prevenção serem inovadores e irem ao encontro da comunidade de utilizadores de drogas injectáveis, para que o mesmo se torne cada vez mais eficaz como arma no combate ao alastramento da pandemia do VIH, da Hepatite C e de outras doenças transmissíveis por esta via.
É bom saber que existem 1.341 farmácias, e 35 unidades móveis que efectuam a troca de Seringas, mas é necessário aumentar este número.
É necessário os nossos governantes terem bom senso, para compreender que cada cêntimo gasto em projectos desta natureza, é um investimento com dividendos muito altos e não uma despesa para os cofres do estado.
Uma apresentação pública como a do kit de troca de seringas, não passará de uma acção de fachada, caso os nossos responsáveis não acreditem genuinamente naquilo que dizem ser uma das suas preocupações e nada mais fizerem para desenvolver o programa.
Em próximos textos iremos abordar temas relacionados com o programa de troca de seringas e da sua aplicação junto das comunidades UDIs, com o único propósito de lembrar que há muito trabalho a ser feito e que a sua execução só poderá ser feita se houver boa vontade por parte dos nossos responsáveis governamentais.

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