Medicamentos Essenciais à Vida

Num desabafo, um médico que conheci falava do seu desespero em relação a doentes de Sida, quando não tinha mais nada para lhes dar que pudesse travar o desenvolvimento da infecção e a consequente morte.
Isto passou-se alguns anos atrás, já na altura em que os cocktails de medicamentos e as tri-terapias eram comuns.
Com o passar dos anos, lançamento de novos medicamentos mais eficazes, parece que nos querem fazer crer que esse problema está resolvido, e que o desenvolvimento da infecção HIV para o estado de SIDA está perfeitamente controlado.
Contudo continuam a morrer pessoas com SIDA, e a progressão da infecção não está totalmente (muito longe disso)controlada.
A investigação e o desenvolvimento de novas drogas continua, e vão aparecendo novas esperanças. Alguns medicamentos já provaram a sua eficácia, mas ainda não são comercializados, mas em casos especiais poderão ser disponibilizados para salvar vidas.
Vamos vestir a camisola do médico que teve este desabafo quando não tinha mais nada para oferecer aos seus doentes que fosse eficaz, e os via morrer sentindo-se impotente para os tratar, e trazer essa situação para os dias de hoje.
No caso de um doente, em falência terapêutica o médico pode querer experimentar um novo medicamento promissor que já demonstrou eficácia clínica mas que ainda não é comercializado no nosso país ou ainda está em fase de ser aprovado pela EMEA. Existe a possibilidade através de autorização especial, desse medicamento poder ser posto á disposição do doente através de uma AUE ou AEX, ou sejam autorizações especiais ou excepcionais de utilização.
O grande problema é que um medicamento essencial à vida é necessário ser posto à disposição do doente em dias e a coisa não é tão fácil assim. A documentação necessária para a elaboração do processo e consequente autorização é complicada e demorada e pode acontecer que quando a autorização for emitida o medicamento já não seja necessário pois o doente deixou de ser doente e passou a fazer parte das estatísticas de mais uma vitima da SIDA.
Um médico que viva o problema humano da vida de seus doentes, poderá lamentar-se de ver mais um doente seu morrer pela demora na autorização e fornecimento de um medicamento promissor, depois de ter tido um enorme trabalho no preenchimento de todo o formulário para a organização do processo o qual não necessitaria obrigatoriamente de tanto papel.
Poupem no papel desnecessário para preservar o meio ambiente e a destruição de árvores, e acelerem as autorizações para poupar vidas. Afinal e se isto é uma questão de economia poupar uma vida não tem preço.

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