A Fé auxilia na cura

Já aqui falei dos meus primeiros tempos de infecção e da maneira como a noticia me foi dada. O meu prazo de validade até morrer era relativo, podia durar seis meses podia durar um ano. O outro que não tinha dito à mulher, já tinha morrido e na altura não me ocorreu perguntar ao médico qual foi o seu tempo de duração.
Depois de receber a noticia, e sem saber nada de SIDA, disseram-me que tinha uma carga viral superior a 850.000 cópias de vírus mas que surpreendentemente ainda tinha 360 cd4 no meu sistema imunitário. Na altura essa informação era chinês para mim, pois era um ignorante em questões de HIV. Os meus conhecimentos sobre a doença eram que o organismo não conseguia combater qualquer infecção e se apanhássemos por exemplo uma gripe ela nunca mais curava e morríamos de gripe.
Não vou descrever neste texto os meus primeiros passos depois de saber que estava infectado, mas referir o que parece ter sido um milagre na minha recuperação. Nas acções que tomei, travei conhecimento com um seropositivo que na altura já tinha alguns anos de infecção e que foi quem me ajudou a dar os primeiros passos. Lembro-me ter-lhe perguntado um dia sobre os cuidados a ter em não apanhar chuva ou frio ao que ele me respondeu que me devia precaver como qualquer pessoa não infectada porque em nada éramos diferentes só tínhamos menos defesas.
A conselho médico, teria de iniciar a medicação imediatamente. Naquela altura a máxima carga viral que conseguiam ler eram as 850.000 cópias e quando isso acontecia especificavam como carga viral superior a esse número. Comecei a tomar a medicação e foi combinado passado um mês fazer novos testes para se saber o efeito da mesma na redução da carga viral e do aumento das cd4.
Neste período, continuei a ter contactos com o Amílcar (o tal seropositivo que conheci) e a frequentar reuniões em grupos de auto ajuda que ele dirigia. Ele lá me ia aturando e respondendo ás minhas nóias de recém infectado. Quando lhe falava dos próximos testes e de poder ter uma carga viral indetectável (na altura eram 500 cópias) ele dizia-me que se tivesse 200 ou 300 mil já era muito bom e que devia ter calma que as coisas não acontecem tão rapidamente como queremos.
Conforme ia tomando os medicamentos e os efeitos adversos iniciais da terapia se iam atenuando comecei a acreditar cada vez mais que a medicação iria fazer efeito. Sonhava com a medicação e quando a tomava imaginava os medicamentos na minha corrente sanguínea a fazer uma mortandade nos vírus que por lá circulavam. Cada toma dos medicamentos eram reforços a juntar-se ao exército do meu sistema imunitário que combatia o vírus invasor.
Visualizava um campo de batalha com milhares de mortos em que o inimigo estava a ser vencido com o reforço que de horas a horas ia chegando. Fazia outra toma com a convicção de que estava a bombardear o invasor e sentia-me um general comandando o meu exército. Eu tinha uma vontade muito grande de viver e sentia que não podia partir antes de ter cumprido a missão de preparar os meus filhos para a vida. Comecei a ter objectivos de vida de curta duração que queria atingir. Vivia um dia de cada vez intensamente e fazia planos a três meses, depois seis e a um ano. As minhas metas iam sendo alcançadas, e de imediato tinha planos para a etapa seguinte.
Passado um mês, chegou a altura de ir tirar sangue para fazer as primeiras análises depois de ter saído do hospital e assim saber como o meu organismo estava respondendo à infecção com a ajuda da medicação. Antes de sair de casa tomei mais uma vez a medicação, e ao tomá-la aquela certeza firme de que estava bombardeando o invasor e causando inúmeras baixas entre as tropas inimigas.
Para mim o ir tirar sangue significava uma visita às minhas tropas no campo de batalha. Sentia que o meu exército estava a destruir o inimigo, e esta visita (análises) servia para levantar o moral dos meus soldados e louvá-los pela sua bravura em combate.
Depois do tempo de espera, que as análises demoraram fui a uma consulta para saber os resultados. A médica recebeu-me com um sorriso, e perguntou-me como me sentia ao que respondi que a cada dia que passava me sentia melhor, que já não me sentia tão fraco e que os medicamentos já não me causavam vómitos. Com o mesmo sorriso anunciou-me que a minha carga viral estava indetectável e que estava com 1200 cd4, o que era algo espantoso sendo um caso raro. Referiu que muitas pessoas não infectadas, tinham cd4 em menor numero do que eu.
No dia em que soube os resultados fui a mais uma reunião dos grupos de auto ajuda.
Ao falar nos resultados dos testes todos ficaram admirados, e pensavam que eu estava a brincar e só dissiparam as suas dúvidas com a apresentação do boletim das análises.
O Amílcar prudentemente, falou-me que podia ter sido uma baixa inicial e para eu não me admirar se os valores no futuro se alterassem um pouco. O certo é que com o andar dos tempos a carga viral continuou sempre indetectável e as cd4 estabilizaram em valores entre as seiscentas e oitenta e novecentas. Os anos foram passando, e eu tenho estado bem relativamente, tive duas mudanças na medicação por efeitos adversos, e os retro virais que foram os meus heróis no início da infecção, passaram a ser o meu pesadelo devido aos efeitos secundários que provocaram no meu organismo e na minha saúde.
A fé que pus nos medicamentos e toda a força que pus na minha recuperação certamente operaram o milagre. As promessas feitas pela minha mãe no Deus em que acredita e nos seus santos trouxeram energias positivas que ajudaram a que eu me sentisse bem. A força do divino e da mente não deixam de ser iguais numa recuperação. É preciso acima de tudo acreditarmos em algo com todas as nossas forças e sem duvidar nem vacilar em momento algum.
O acreditar tem de ser genuíno, e temos de colocar todas as nossas forças nessa missão.
Quantas vezes os placebos, em pessoas que os vêem como remédios eficazes sem saber que não têm qualquer produto activo, operam curas? Afinal o que é que cura quando os tomamos sem saber o que são?
Acho que a resposta está no acreditar, com todas as nossas forças e a esse acreditar poderemos chamar fé. Tenha fé, e acredite sem procurar explicações. A cura e os milagres acontecem sem que saibamos a origem ou tenhamos qualquer explicação para o facto.

7 comentários:

Nela disse...

A Fé foi e tem sido o meu chão. Quer no sentido em que utilizas a palavra, quer no sentido espiritual (não religioso).

A Fé cura-nos, integralmente, como pessoas.

Grande guerreiro!

R.Almeida disse...

Olá Manuela. Tu também és uma grande guerreira. Hoje vi o teu post no é mais um bocadinhoe parece que revivi os primeiros tempos da minha saga com a doença.
No post anterior a Vegana deixou um comentário acerca da mãe dela que gostava que lesses. Baseado nele inspirei-me e escrevi este texto. Acho que bocadinhos de nós e do que passámos são massagens ao espirito daqueles que os estão passando neste momento e devem fazer parte dos nossos blogs.
Força amiga e tu também és uma vencedora. Nunca deixes de lutar.
Beijão :)

Anónimo disse...

Estou desta fez inteiramente colado a manuela:)a fe e uma umbrela para nos um capeu de chuva ela proteje-nos tanto a esperitual como a natural sim porque aquele que nao e espiritual tambem tem fe da cura"alguns nao todos".E ru2x acho que tu tens +- o meu tempo de seropositividade mas quando eu apanhei ainda nao existia a contassem da carga em Sao Jose apareceu bem breve depois da minha infeccao, es desse tempo ou e confussao minha, ou foi engano da minha medica,gracas a DEUS quando apareceu a leitura da carga e ate agora do meu caso ela teve sempre indetectavel , mas continua a a pensar em deixar os medicamentos

Anónimo disse...

Como este blog e livre devo comunivat estou conseguindo aki dos estates ouvir tv portuguesa coisa que devo dizer axo bem que portugas permitam isso ate os chineses italinos e muitos mais tem-em aki tv free deixo aki o website acho que ru2x nao fica bravo comigo e se ficar que me ligue 2012993633

Anónimo disse...

Ou Porra me ia esquecendo do website e o seguinte e bom tb para ti Ru2x porque tem muita tv americana que tu percebes , www.tvtuga.com

Anónimo disse...

“A fé é a expectativa certa de coisas esperadas, a demonstração evidente de realidades, embora não observadas.” (Hebreus 11:1)

Achei muito curiosa a descrição, dada a semelhança com o sentimento que eu senti quando iniciei o tratamento para o HVC. Cada “pica” que aplicava, momentaneamente, contemplava a seringa e pedia a Deus que colocasse a Sua Força no seu conteúdo para que o objectivo fosse cumprido o melhor possível…cada ribavirina tomada á refeição, era previamente contemplada e o seu conteúdo visualizado por dentro do meu organismo, pulverizando o danado do vírus. Bebia muita agua como recomendado, essa agua era também visualizada a cada golada, como produto de purificação percorrendo a minha circulação sanguínea…penetrando pelo sistema circulatório hepático, arrastando os detritos e purificando este órgão a sua passagem…ao mesmo tempo que com a minha mão acariciava ou massajava suavemente o lado afectado contribuindo para ajudar todo este processo 
Acredito que tudo isto tem um efeito muito positivo, muitos dizem que a cura vem em 90% na nossa mente, pela sugestão é certo e pela fé em Deus. Pela fé e pela oração feita, na qual a tua querida mãe teve um papel decerto muito importante. “E todas as coisas que pedirdes em oração, tendo fé, recebereis.” (Mateus 21:22).

Um abraço
Soieu

R.Almeida disse...

Ola Soieu,obrigado pelo teu contributo.Realmente a mente opera milagres. O dificil é controlarmos as suas capacidades e daí arranjarmos reforços naquilo que acreditamos sem vacilar para que a cura aconteça.
Dizem os chineses que se acreditarmos em algo com todas as nossas energias isso torna-se realidade. Espero que continues negativo ao HVC e que tenhas encontrado a cura.
Um abraço