Paragem na Medicação Antiretroviral

Ao fim de vários anos de medicação antiretroviral, é normal os doentes de HIV ficarem fartos de efeitos adversos e quererem fazer uma paragem na medicação.
É uma decisão difícil de tomar pelo menos para mim, que já tive essa ideia várias vezes, mas encontro sempre barreiras por parte do clínico que me trata, e não tenho tido coragem para argumentar, talvez porque até ao momento os danos causados pela medicação no meu corpo e na minha saúde não são suficientemente fortes para me fazer actuar.
Já tive as minhas lutas no passado com duas mudanças de medicação e levei a minha avante, fazendo com que me arranjassem uma terapêutica diferente. A segunda mudança levou meses de negociação e acabou com um internamento hospitalar necessário por eu estar com uma insuficiência hepática devido à medicação, altura em que me deram razão e mudaram a medicação.
Quanto a parar a medicação ainda não estou motivado para negociar essa experiência, se bem que já tenha feito essa abordagem à minha médica variadíssimas vezes.
Mas afinal quais as vantagens e desvantagens de uma paragem terapêutica?
Certos medicamentos, ou a maior parte deles têm efeitos adversos no corpo humano. É legitimo que quem os toma tente reduzir os danos causados por períodos longos de tratamento. Doentes com cargas virais indetectáveis durante um período de tempo longo e com contagens de CD4 óptimas, podem tentar fazer uma paragem na medicação para desintoxicação desde que supervisionados pelo médico que os trata e com análises regulares ao sangue para saber como está o seu sistema imunitário e assim saber quando há sinais de alerta e qual a altura para recomeçar a medicação de novo.
A vantagem é fazer com que o organismo recupere dos efeitos nocivos da medicação.
Sobre as desvantagens é algo mais difícil de falar por não haver consenso entre a comunidade científica. Parece não originar resistências se a paragem levar em consideração a sobrevida de cada um dos fármacos na altura em que é efectuada e também pensam que as populações virais do tipo selvagem são as que tomam maior desenvolvimento durante o período de paragem. Não parece haver o perigo de se desenvolverem resistências virais à medicação que era tomada anteriormente.
Uma desvantagem para o doente na altura de reiniciar a medicação é a habituação do organismo de novo aos fármacos e sentir os efeitos iniciais dos mesmos.
Até agora os médicos argumentavam que uma paragem na medicação, levava rapidamente os doentes ao estado inicial antes da terapêutica antiretroviral, aliás esse argumento teve o seu peso na minha decisão para uma possível interrupção pois na fase aguda da mesma tinha uma carga viral astronómica.
Aparentemente agora (pelos menos alguns médicos) parece que não colocam tantos entraves, desde que o doente manifeste essa vontade de paragem. Espero bem que aqueles médicos que permitem essas paragens tenham justificações aceitáveis do ponto de vista científico e da conveniência para o doente. Ficaria completamente desiludido, se essas paragens fossem permitidas devido a pressões ou directivas das administrações hospitalares com vista a uma poupança, sem que o bem-estar do doente e da sua saúde tivessem sido considerados como prioritários nessa acção.
Gostaria de ver aqui expresso em comentários, histórias de companheiros que já tivessem tido esta experiência.
Parar ou não parar eis a questão. Mas se com fundamentos alguém tiver essa vontade e se o seu clínico estiver de acordo porque não?
Com mais de vinte anos desde que o HIV foi descoberto, parece que ainda se conhece muito pouco sobre ele e sobre a maneira de o combater eficazmente. Não tenho tempo para esperar outros vinte anos ou mais para que o conheçam e consigam descobrir uma terapia eficaz. Possivelmente e devido ao estado actual de conhecimento, não será o vírus que me vai matar, contudo tenho certas reservas e dúvidas que me levam a pensar que a minha morte possivelmente terá origem nos químicos que tomo para tentar controlar a reprodução viral no meu organismo.
Pode até acontecer, ter o azar de estar a almoçar tranquilamente e cair-me um avião no prato ou outro tipo de acidente, mas como ninguém sabe como vai morrer é algo que não me preocupa. Se nenhum acidente me acontecer, certamente não morrerei da doença mas da cura.

10 comentários:

Anónimo disse...

É verdade, há mais gente a morrer da cura do que da doença.
Mas fazer o quê?

Também podemos morrer de um acidente de viação, mesmo tendo todas as precauções, né?

Quanto á paragem da medicação, não te poderei ajudar.
Mas pelo que contas parece que ainda não há consenso sobre esse assunto.

E... que virus mais estupido é o hiv...

Fica bem!

R.Almeida disse...

Tão estupido que se suicida ao matar o seu hospedeiro.Dizem que veio dos macacos, eu pessoalmente penso que foi desenvolvido pelo homem e escapou-se ficando fora de controlo.Aliás uma coisa tão estupida não podia ser fruto da mãe natureza, mas isso não é importante. bjs

Nela disse...

Há uns bons anos, li um livro de ficção científica que se chamava: "Serão os nossos filhos mutantes?" e que conta uma sequência de acontecimentos parecida com o aparecimento da Sida e a forma como se espalhou e os "grupos" socias que primeiro foram afectados.

Enfim, era ficção. Como sempre, a realidade consegue ultrapassá-la!

Anónimo disse...

Obrigada pelo post Ruru! :))))))))
Não sei o que ainda te impede de tentares a paragem da medicação. Sobretudo se estás convencido (se calhar com certa razão) que nao morrerás da doença mas dos fármacos. S e bem que eu tenha uma terceira hipótese - o tabaco :P (eu sei, fui mázinha).
Em relação à Veganinha já sabes quais são os obstáculos e, mesmo assim, estou tentada a fazê-lo. Vamos nessa?

R.Almeida disse...

Claro que não podias deixar de espetar a tua farpa com o tabaco,mas sei que é por gostares de mim.
Vamos nessa se concordares, eu por em acção os meus planos, no que se refere a pediatras especializados no assunto, e investigadores eruditos nessa matéria.
Ou a coisa é feita a sério ou não brinco.Veijus

R.Almeida disse...

Manuela, há contornos recambolescos na descoberta do virus da SIDA, e dos testes para o identificarem. Verdades ninguém sabe mas vitimas contam-se aos milhões.Li há uns anos um livro chamado a morte do dolar, pena que fosse ficção.... e mais não digo.
Bjs.

Anónimo disse...

Desconhecia que andavas a consultar pediatras ;)

Anónimo disse...

O que são investigadores eruditos?
Existem duas versões completamente antagónicas acerca do mesmo assunto. Para ti os eruditos são os que estão só do lado da medicina convencional?

R.Almeida disse...

Nem todos estão do lado da medicina convencional isto no que diz respeito a investigadores.
Contudo os estudos feitos como é o caso SMART, não poderão ser ignorados antes de uma decisão. Isto se os resultados não foram deturpados ou manipulados, o que nada me admiraria.Uma coisa é certa a medicina não convencional movimenta também muitos milhões de dollares e se quer aumentar a fatia no bolo dos milhões certamente terá de investir em estudos crediveis para se afirmar.
Mesmo assim há muitos dissidentes alguns deles nomes sonantes a nivel mundial,que acabam por ser postos de lado devido ás suas ideias. Ou se experimenta e passamos a acreditar ou estaremos sempre na dúvida.

Anónimo disse...

Mais vale o equilíbrio, no meu ponto de vista e ires buscar um bocadinho a cada uma das teorias. É o que eu faço. Mas cada um deve fazer o que acha ser melhor para si. O desafio, contudo, continua de pé. Vamos nessa Ruru? Eu estou quase a dar o salto...