Genes Mutantes e Doentes não progressores

Um dos pontos de entrada do HIV, nas células cd4 para poder reproduzir-se são os receptores CCR5. Actualmente os investigadores estão a desenvolver medicamentos que bloqueiam estas entradas, mas ainda há muito a descobrir pois o vírus consegue encontrar outras entradas e infectar as células. Não deixando de ser um avanço no tratamento do HIV ainda não é a solução definitiva mas é sempre um passo em frente na pesquisa de soluções para o controle da infecção.
No entanto e em relação a este assunto, ao que parece a mãe natureza encarregou-se e com centenas de anos de avanço sobre a ciência, de criar algo semelhante e certamente mais eficaz que os actuais bloqueadores dos receptores CCR5.
Mutações genéticas em certos grupos étnicos, oriundos da Europa do Norte e Ásia Central, fazem com que haja indivíduos que aparentemente são imunes à infecção pelo HIV. A percentagem é mínima, cerca de 1% mas contudo existe. Se os avanços científicos conseguirem provar esta teoria, é possível que a engenharia genética consiga provocar mutações nas nossas células e tornar-nos imunes ao vírus.
O certo é que a máquina humana é complicadíssima, e pouco se conhece dela e da maneira como foi construída e desenhada para sobreviver e combater os agentes invasores. Todo o trabalho desenvolvido é feito com desconhecimento quase total da máquina humana e o que produz efeitos benéficos num determinado sector pode ser prejudicial noutro.
Ainda não há muitos anos, a comunidade científica da época achava que todos os males estavam no sangue e daí concluírem que as sangrias eliminavam as doenças. Muitas mortes houveram devido a tirarem mais sangue do que deviam aos doentes. Hoje essa prática não cabe na cabeça de nenhum médico, no entanto certos tratamentos actuais considerados altamente eficazes num futuro próximo poderão ser considerados autênticas aberrações científicas.
A medicina e as técnicas de apoio ao diagnóstico, desenvolveram-se extraordinariamente nos últimos anos graças à tecnologia electrónica. A procura e desenvolvimento de novos fármacos também tiveram um desenvolvimento enorme, contudo é comum falar-se em estado de arte no que se refere a terapias contra vários males quando o agente invasor é suprimido, sem se fazer referência aos malefícios causados pelas ditas terapias.
A velha máxima de ser preso por ter cão e por não ter aplica-se a cada doente. Presos a doenças crónicas, que não têm cura todos nós estamos. Cada um tem a liberdade e o direito de discordar das terapias a que se está a submeter e tentar o seu próprio caminho. Caso não encontre solução continua a ter o direito caso seja seu desejo de retomar a terapia de novo.
Nenhum médico pode afirmar convictamente que um abandono programado da terapia retroviral vai de imediato fazer disparar a replicação viral e destruir completamente o sistema imunitário. Fala-se em doentes não progressores, quando alguém que deixa a terapia durante períodos longos de tempo se mantém saudável. Fala-se também no desenvolvimento de outras patologias algumas delas com risco para a vida dos doentes, devido á toma dos medicamentos de combate à Sida. Descobriram que interrupções programadas, podem levar a população viral a voltar ao estado selvagem ou seja vírus sem mutações. Houve intenção de desenvolver um programa de interrupção chamado SMART com assistência médica, mas pelo menos no nosso país o mesmo não foi avante.
A questão que ponho baseado no exposto é porque razão, se fala tanto nos malefícios da medicação e no desenvolvimento de outras patologias e não se fazem experiências em doentes que manifestem esse desejo?
Uma interrupção ajuda a desintoxicar o organismo do doente, e certamente muitos doentes terão genes no seu organismo que lhes permitem estar um longo período de tempo sem medicação. Outros possivelmente terão um aumento de carga viral em poucos meses e uma baixa no sistema imunitário, e esses lá terão de retomar a medicação.
Uma coisa é certa e nisto o povo tem razão, é que enquanto o pau vai e vem folgam as costas.
Este texto não serve de encorajamento a que se deixe a medicação, a minha intenção é única e exclusivamente que se explorem todas as facetas de uma infecção causada por um vírus do qual ainda se conhece muito pouco.

2 comentários:

Matheus Luiggi disse...

AI essa doeu demais, CIDADANIA, CIDADÃO com "S"...ô ataque a língua portuguesa, matou ...rsrs

R.Almeida disse...

Olá Luiggi
Atento ou desatento à ortografia?
Um Sidadão não deixa de ser Cidadão e exercer os seus deveres para com a Cidadania.
Sidadania é algo mais profundo e reflecte a dedicação à causa da Sida. E como em bom português nos exprimimos aqui fica um ABRAÇO e cuide-se, que SIDAdão qualquer um pode ser. Acontece