O nosso Muro

Apenas um muro, uma janela, um caixote de lixo e um bebedouro público com água fresquinha que não se vê na foto. Horizontes largos com pastos onde flamingos e outras aves se alimentam, enquadram um local mágico onde o passado é presente e o futuro existe.
É o nosso muro ..... é meu , é teu é de todos afinal. É o muro da SIDA e uma peregrinação á volta deste muro cheio de simbolismo para os seropositivos, em que mostra a vida antes e depois da infecção, é aconselhável para não falar em obrigação.
Inicie a volta ao muro, colocando simbolicamente no caixote de lixo que por lá existe todos os medos e todos os preconceitos que tenha em relação ao HIV. Depois comece a dar a volta ao muro em passos lentos, tendo a certeza que outros seropositivos e pessoas preocupadas com a SIDA, já estiveram ali ocupando o mesmo espaço físico que você está a ocupar naquele momento. Eles continuam lá em espírito, com as suas energias e é reconfortante sabermos que não estamos sós. Termine a sua peregrinação indo ao bebedouro público beber um pouco de água fresca, que representa uma lavagem espiritual e depois sente-se num banco debaixo de uma sombra olhando para as aves e veja cada uma delas como um companheiro de vida. Veja o futuro nos horizontes que estão á sua frente e tenha a certeza que os pode alcançar se quiser. Não estamos sós somos milhões e podemos ser uma força no combate á discriminação, só precisamos acreditar e estar unidos.Merecemos um monumento á SIDA e aos seropositivos, eu escolhi este muro na foz do Rio Trancão, devido ao seu simbolismo e carga energética mágica que possui. Cabe á autarquia oficializar este local como tal. A nós cabe-nos considerar este “o nosso muro” , para que ele seja mesmo que não oficialmente, um símbolo de esperança e de futuro para todos nós.

Leis Repressivas e o HIV



Em mais de vinte anos de luta contra o ostracismo e discriminação a que os portadores do HIV estão sujeitos, apenas modestas leis para proteger as pessoas infectadas foram feitas.
Numa atmosfera de completa ignorância e de indiferença (na qual se incluem numerosas organizações e instituições de combate á SIDA), levou apenas um ou dois anos, para que leis repressivas fossem aprovadas e todos os dias vão aparecendo novas leis que criminalizam a transmissão do vírus, transformando os seropositivos num perigo para a saúde pública. Os infectados deixaram de ser apenas pessoas que vivem com o vírus e passam a ser vistos puramente como factores de transmissão e potenciais agentes de contaminação.
Alguém tem de ser culpado pela epidemia, e os seropositivos parecem agora mais do que nunca ser os alvos preferidos para essa culpabilização.
Na altura em que a banalização da infecção pelo HIV, tem sido anunciada pelos meios científicos, produzindo os seu frutos diminuindo a discriminação,e na altura em que os governos se regozijam e se parabenizam, pelos progressos feitos na luta contra a SIDA, há os que pensam e acreditam que leis repressivas, vão fazer com que o medo das prisões, possa fazer com que o alastramento da doença seja travado.
È tempo de fazer ver ao mundo que os seropositivos, não são um risco de saúde pública.
Com os avanços no tratamento do VIH e do seu controlo, certamente não será através da repressão, humilhação, rejeição e medo, que se vai fazer com que o direito a que os seropositivos possam viver uma vida chamada normal, em que haja solidariedade e respeito pelas pessoas infectadas possa ser uma realidade.
Será que o manifesto da organização sidaction, distribuído na conferência de Toronto, pela luta contra a descriminalização pela transmissão do HIV vai ter algum eco junto dos decisores politicos mundiais?Vamos esperar para ver

Troca de seringas nas prisões


Os ministros da saúde e da justiça, aprovaram a troca de seringas nas prisões, seguindo as recomendações de um relatório sobre a prevenção de doenças infecciosas nos estabelecimentos prisionais, atitude que eu louvo.
Admiro-me contudo o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional ter criticado a introdução de caixas de trocas de seringas nas cadeias. Mais admirado fico por a direcção do SNCGP ter-se manifestado contra a troca de seringas admitindo a hipótese de convocar uma greve de protesto.
Tanto quanto sei o argumento para esta posição parece-se centrar no perigo de os guardas poderem ser atacados pelos reclusos munidos de seringas.
Pergunto eu se alguém me puder responder, se não há droga dentro das prisões e se os reclusos não têm seringas para tomarem as suas doses ? No caso da resposta ser afirmativa e das seringas já existirem lá dentro então onde está o risco?
Sou levado a pensar, que haja receio, que a procura seja tão grande, que pela quantidade de seringas trocadas alguém possa ter uma noção da quantidade de droga que é consumida nas prisões, e a eficácia da fiscalização e controlo por parte da guarda prisional da entrada de droga nas cadeias, possa ser posta em causa.

Perguntas e respostas-on-line

Inspirado pela inundação na casa de uma amiga minha, devido ao vizinho de cima ter problemas nos tubos da água, lembrei-me de perguntas colocadas pelos leitores nos painéis-on-line e no fórum de um site sobre HIV. Algumas eram tão patéticas, que mais pareciam ter origem em pessoas que queriam brincar com algo muito sério, ou que tivessem um prazer mórbido em fazer com que os infectados pelo HIV fossem considerados um perigo para a sociedade.
Esta pergunta que vou colocar em jeito de chalaça, comparada com muitas que por lá vi, até poderia merecer uma resposta, sem que a pessoa que respondesse á mesma perdesse o bom senso e respondesse de forma irónica.
Espero que não me venham a dar respostas á mesma no entanto ela aqui fica, para que alguém comparando-a com outras perguntas, se aperceba do pensamento e dos conhecimentos sobre o HIV que muitas pessoas ainda têm.
“Por cima da minha habitação mora um casal que tem sida. Acontece que os tubos na casa dele rebentaram e provocaram uma inundação da minha casa. Estou muito preocupada que as águas dos banhos e da sanita ,que caíram na minha casa, possam ter a sida, tanto mais que para limpar a água do chão eu andei descalça e tenho uns pequenos cortes nos pés que por vezes sangram. O meu namorado também andou descalço e no dia anterior esteve a cortar as unhas dos pés e a unha grande sangrou. Já não consigo dormir só a pensar nisto. Alguém pode ajudar-me? “
Em futuros textos a escrever, irei publicar algumas dessas perguntas feitas por pessoas reais, para que uns possam rir-se um pouco da ignorância e falta de cultura hivica, e para que outros possam achar que as perguntas são absolutamente normais.

testando isto ...


pois pois....
devagar aprendemos a trabalhar com isto. Ao principio parece complicado e aborrecido no entanto depois de nos habituarmos, temos imenso prazer com os resultados.
Devemos de ter cuidado a mexer nisto, para não estragarmos nada,mas depois de aprendermos a usar, isto é fantástico e dá um gozo porreirinho.
Parece que estou a falar do preservativo, e o texto pode aplicar-se a ele também.
Na verdade estou a escrever sobre a técnica de usar as ferramentas do blog, para o tornar mais agradável gráficamente e meter algumas imagens e outras coisas giras.
É que eu sou "Aprendiz de Blogueiro", e á semelhança do que aconteceu quando comecei a usar o preservativo depois de ter sido infectado, tudo parece complicado no inicio.

Como fui mordido pelo bicho

Uma das primeiras perguntas que fazem a qualquer seropositivo é como foi infectado.
Sabendo que a infecção só pode ocorrer através de relações sexuais não protegidas, através de sangue infectado (sendo a mais comum a partilha de seringas) ou por transmissão parental á nascença, parecem querer rotular as pessoas como pervertidos sexuais, drogados ou filhos de pais que se incluem nas duas primeiras categorias.
De qualquer maneira, ainda é comum afastarem-se, por pensarem que o HIV pode andar no ar e ao mínimo descuido serem mordidos pelo “bicho da Sida “, que vive nos casulos seropositivos.
Muitos infectados parecem alimentar estes mitos, arranjando desculpas tais como preservativos com defeitos de fabrico, distracções dos profissionais de saúde que distraídamente usaram uma seringa que já foi usada, ou por falta de stock destas foi ao contentor das seringas usadas buscar uma ou mesmo que foram infectados num sanitário “púbico”. Desculpas e mais desculpas conforme a imaginação de cada um, para terem um rótulo mais conveniente na qualificação a que se estão a submeter.Eu digo a verdade. Fui infectado por uma gaja que andava a passear os seus HIV, sem trela e sem mordaça. Por algum motivo os bichos não gostaram de mim e morderam-me.