Sem terra á vista

Como doente informado e activo, gosto de ir sabendo as novidades quer para o HIV quer para o HCV, no que diz respeito aos tratamentos destas doenças e de novos medicamentos que estejam em desenvolvimento.
Frequentemente vou a conferências levadas a cabo por laboratórios farmacêuticos, na ânsia de saber se há novas moléculas a serem desenvolvidas, com vista a soluções mais eficazes ou com menos efeitos colaterais, e se há estudos já em fase avançada de estudo para novas abordagens terapêuticas.
Hoje foi um desses dias e foi extremamente importante no que diz respeito a saber o que está a ser desenvolvido por um laboratório.
Em relação ao HIV, há moléculas em desenvolvimento inicial, ainda em fase zero de investigação e estão a trabalhar num inibidor de fusão já a ser comercializado no nosso país, no que diz respeito á sua administração ou seja uma única administração diária em vez de duas. O Estudo parece não ser muito convidativo a uma única toma, embora os efeitos da toma sejam semelhantes, pois há necessidade de duas picas na mesma e vantagens só são visíveis se o doente devido a problemas de trabalho precisar de o fazer, por sua própria conveniência.
Para o tratamento da Hepatite C há algumas novidades, mas a libertação do tratamento com interferon peguilado e ribavirina, com que os infectados com o HCV sonham é algo que ainda é apenas uma miragem ou apenas um sonho.
Estão em desenvolvimento inibidores de protease e polimerase para o tratamento do HCV, mas para acompanharem o tratamento actual e o tornarem mais eficaz e não como medicamentos que por si combatam e eliminem o vírus.
Interferons mais desenvolvidos e com administrações de entre 3 e 4 semanas, estão a ser desenvolvidos e um dia destes estarão por aí.
O Aumento das doses de ribavirina para 1000 a 1200 miligramas, com vista á redução do tempo de tratamento e mais rápida negativação do vírus, estão a ser estudados também.
Testes de RNA viral ás 4 e 12 semanas, tratamentos para 24 semanas e o aumento para 72 semanas de doentes respondedores lentos foram também abordados.
Tanto para uma como para outra patologia, os laboratórios continuam a trabalhar, mas noticias tipo bomba, que venham concretizar aquilo com que sonhamos ainda não há ou seja, como marinheiros que navegamos em águas turbulentas não avistamos terra nem gaivotas ou outras aves que nos indiquem que ela está perto.
Sabemos que a terra existe, só que falta-nos a bússola e o sol está encoberto para nos podermos orientar e poder rumar a um porto seguro. Vamos aproveitando os ventos e continuar a navegar enquanto a nossa embarcação o permitir. Até lá é tudo uma questão de acreditar na ciência, com uma fé igual á dos nossos ancestrais que acreditavam que o homem um dia poderia voar.

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