Questionando a competência médica

Ninguém sabe ao certo quantos são os infectados pelo vírus da imuno deficiência humana VIH em Portugal. Afirma-se que são perto de 30.000, mas o numero de sub- notificações persiste. Acho que pelo menos deveriam saber quantos infectados estão a tomar medicação retroviral, a qual é fornecida única e exclusivamente pelas farmácias hospitalares, ou de outro modo não há controle das compras e da distribuição dos medicamentos aos doentes. Pelo menos se reunirmos a informação dos medicamentos aos doentes ficamos a saber com exactidão quantos estão a ser tratados. Os doentes sem medicação seriam calculados ou por estimativa ou com uma base de dados baseada nas consultas hospitalares.
Embora importante sabermos o numero de infectados, há numeros a saber mais importantes e dos quais se fala pouco. Quantos são os que estão a tomar medicação anti-retrovirica e não têm o vírus controlado? Porque é que o vírus não está sobre controle e estarão ou não os medicamentos a fazer efeito?
Apreciei na palestra feita no 6º Congresso Nacional sobre Sida, a coragem do especialista Dr. Eugénio Teófilo, que referiu que nos hospitais portugueses cada um faz o que lhe apetece, notando que os fármacos usados no combate ao HIV, são complexos e que a sua prescrição deveria ser restringida a alguns médicos.
Eu nunca acreditei que todos os médicos, são omni sapientes em relação a todas as doenças e daí existirem especialidades para as diversas patologias. Desconheço até que ponto há uma especialidade chamada “HIVulogia”, mas não tenho dúvidas que muitos erros têm sido cometidos em relação ás terapêuticas prescritas a muitos doentes.
Realmente seria óptimo para os doentes, que tivessem médicos a tratar deles realmente competentes em relação a estas questões, ou de outra forma continuarão a ser cobaias, nas mãos de profissionais, sem qualificações para os tratarem.
No meu caso pessoal, e eu sou um doente em que até agora tudo (medicamentos) trabalhou no controlo do vírus, já mudei de medicação duas vezes, uma por ter problemas renais que me levavam ás urgências hospitalares semanalmente e que se arrastou durante dois meses, tendo sido eu a decidir parar com a toma de um dos medicamentos tendo informado o clinico da minha decisão, que o substituiu de imediato e outra causada pelo medicamento de substituição que tomei durante dois anos e que me provocou uma insuficiência hepática com ascite, que terminou com um internamento hospitalar, depois de durante um período de alguns meses me ter queixado inúmeras vezes de um mal estar e do inchaço abdominal.
Não questiono a competência, do clinico que me segue, mas uma maior atenção ás minhas queixas poderia ter evitado tudo isto.
Actualmente estou bem, mas caso venha a ter outros problemas no futuro certamente tentarei colher opiniões de outros clínicos e decidir eu mesmo o caminho a seguir.
Resta-me felicitar a coragem do Dr.Eugénio Teófilo, sem medo de polémicas com colegas de profissão, na certeza de que os doentes serão aqueles que mais irão beneficiar se algo for feito neste campo de especialização no tratamento do HIV.

1 comentário:

R.Almeida disse...

Publicado no site da RTP,e em acrescento transcrevo a opinião do especialista:
"Em Portugal passou-se dos oito ao oitenta. Há 10/15 anos, por várias causas, ninguém queria os doentes com VIH, hoje em dia há muita gente que quer tratar estes doentes, incluindo pessoas com pouca experiência", disse.

A inexperiência, considera ainda Eugénio Teófilo, leva a que "se cometam erros em termos terapêuticos e esses erros por vezes são caros".

"Se medicarmos mal um doente podemos estar a comprometer as opções futuras e obrigar a fazer terapêuticas muito mais caras, uma vez que se trata de doentes (com VIH/Sida) com múltiplas resistências", disse.