As actuais noticias, em torno dos retrovirais e outros medicamentos para doenças crónicas estarem disponíveis nas farmácias, das tomas dos medicamentos com supervisão dos farmacêuticos e de fraccionarem as quantidades de medicamentos para períodos curtos, é algo que realmente me preocupa.
Não sei até que ponto cada um dos membros da comunidade, que estão na qualidade de doentes crónicos e precisam de medicamentos está contra esta medida do governo caso venha a ser tomada.
A Ordem dos médicos já se pronunciou contra esta medida e a associação de Farmácias parece estar disposta a recebê-la de braços abertos. Tenho a minha opinião formada do porquê de cada uma das posições e cada um terá as suas que podem ser iguais ou diferentes da minha.
A minha preocupação é nos efeitos que uma medida destas venha a ter sobre o consumidor final, ou sejam aqueles que necessitam dos medicamentos e têm todo o direito que eles lhes sejam entregues da maneira mais conveniente e discreta.
Estou completamente de acordo que seja exigido ao doente uma adesão correcta dos medicamentos, mas não tolero que tenha um guarda tipo policia ou guarda prisional a controlar se os tomo ou não.
Pessoalmente eu tomo os medicamentos, porque acredito que necessito deles para que o meu vírus esteja controlado. Aprendi e continuo a aprender sobre os indicadores do meu estado de saúde face á infecção e caso os medicamentos não estejam a resultar sou o primeiro a alertar o meu médico para o facto.
Sou um doente que aderiu á medicação, raramente perde uma toma, mas já aconteceu e que nos horários das mesmas, ás vezes tem uma flexibilidade baseada no que aprendeu sobre a concentração do medicamento na corrente sanguínea. Não vejo porque devo mudar e ficar escravizado com o pensamento nas tomas, mas tenho-as como ritual 4 vezes ao dia. Se compararmos a adesão e a toma dos comprimidos a uma religião posso dizer que rezo logo que me levanto, á hora do lanche, do jantar e quando me deito, todos os dias da minha vida sem saltar um.
O levantar pode ser mais tarde o lanche e o jantar também e a hora de deitar também podem variar um pouco. Se fizesse o mesmo numa qualquer religião poder-se-ia dizer que era um crente exemplar, quanto á adesão não sei se me posso considerar um doente exemplar, mas o certo é que a coisa tem funcionado.
O que aconteceria comigo se tivesse de ser controlado na toma dos medicamentos?
Não tomo os medicamentos por gosto, por viciação ou por vaidade. Tomo-os porque necessito deles para viver.
Já em tempos pensei numa interrupção programada da terapia sobre vigilância médica, o que significa que me chateia tomar sempre comprimidos e sei o mal que eles fazem ao meu organismo devido á sua toxicidade.
Talvez seja a altura ideal para essa interrupção. Claro que vou chatear o clinico que me assiste com testes e mais testes para saber o meu estado de saúde.
Certamente não vou suportar a humilhação de uma toma com guarda prisional para me controlar.
Não sei das vantagens desta medida para o ministério da saúde mas sei das desvantagens para o consumidor final.
Poupança? Claro com o abandono das terapias vão sair menos medicamentos. Mas com mais testes, mais consultas , mais internamentos hospitalares pelo aparecimento de doenças oportunistas e no futuro devido ao desenvolvimento de resistências pela interrupção da terapêutica ,tornando-se necessário o uso de outra terapia muito mais cara, vai haver poupança ou mais gastos?
Escrevi este texto demonstrando o meu descontentamento e repudio face a uma medida destas.
Não nos basta dizer que repudiamos, é preciso saber dizer o porquê do nosso repúdio e termos uma opinião formada, com bases sólidas para podermos argumentar. É uma oportunidade de ouro para todos os doentes crónicos, se unirem e fazer ouvir a nossa voz.
O Sidadania está aberto a todos que queiram enviar os seus pensares em forma de texto.
Há um movimento em marcha, a comunidade são as tropas. Temos de sair dos quartéis com as nossas armas, não podemos ficar passivos a atitudes desta natureza.
Ninguém pode ser herói nem pode pretender colher os louros em caso de vitória, mas tem de combater para que possamos vencer a batalha.
Não sei até que ponto cada um dos membros da comunidade, que estão na qualidade de doentes crónicos e precisam de medicamentos está contra esta medida do governo caso venha a ser tomada.
A Ordem dos médicos já se pronunciou contra esta medida e a associação de Farmácias parece estar disposta a recebê-la de braços abertos. Tenho a minha opinião formada do porquê de cada uma das posições e cada um terá as suas que podem ser iguais ou diferentes da minha.
A minha preocupação é nos efeitos que uma medida destas venha a ter sobre o consumidor final, ou sejam aqueles que necessitam dos medicamentos e têm todo o direito que eles lhes sejam entregues da maneira mais conveniente e discreta.
Estou completamente de acordo que seja exigido ao doente uma adesão correcta dos medicamentos, mas não tolero que tenha um guarda tipo policia ou guarda prisional a controlar se os tomo ou não.
Pessoalmente eu tomo os medicamentos, porque acredito que necessito deles para que o meu vírus esteja controlado. Aprendi e continuo a aprender sobre os indicadores do meu estado de saúde face á infecção e caso os medicamentos não estejam a resultar sou o primeiro a alertar o meu médico para o facto.
Sou um doente que aderiu á medicação, raramente perde uma toma, mas já aconteceu e que nos horários das mesmas, ás vezes tem uma flexibilidade baseada no que aprendeu sobre a concentração do medicamento na corrente sanguínea. Não vejo porque devo mudar e ficar escravizado com o pensamento nas tomas, mas tenho-as como ritual 4 vezes ao dia. Se compararmos a adesão e a toma dos comprimidos a uma religião posso dizer que rezo logo que me levanto, á hora do lanche, do jantar e quando me deito, todos os dias da minha vida sem saltar um.
O levantar pode ser mais tarde o lanche e o jantar também e a hora de deitar também podem variar um pouco. Se fizesse o mesmo numa qualquer religião poder-se-ia dizer que era um crente exemplar, quanto á adesão não sei se me posso considerar um doente exemplar, mas o certo é que a coisa tem funcionado.
O que aconteceria comigo se tivesse de ser controlado na toma dos medicamentos?
Não tomo os medicamentos por gosto, por viciação ou por vaidade. Tomo-os porque necessito deles para viver.
Já em tempos pensei numa interrupção programada da terapia sobre vigilância médica, o que significa que me chateia tomar sempre comprimidos e sei o mal que eles fazem ao meu organismo devido á sua toxicidade.
Talvez seja a altura ideal para essa interrupção. Claro que vou chatear o clinico que me assiste com testes e mais testes para saber o meu estado de saúde.
Certamente não vou suportar a humilhação de uma toma com guarda prisional para me controlar.
Não sei das vantagens desta medida para o ministério da saúde mas sei das desvantagens para o consumidor final.
Poupança? Claro com o abandono das terapias vão sair menos medicamentos. Mas com mais testes, mais consultas , mais internamentos hospitalares pelo aparecimento de doenças oportunistas e no futuro devido ao desenvolvimento de resistências pela interrupção da terapêutica ,tornando-se necessário o uso de outra terapia muito mais cara, vai haver poupança ou mais gastos?
Escrevi este texto demonstrando o meu descontentamento e repudio face a uma medida destas.
Não nos basta dizer que repudiamos, é preciso saber dizer o porquê do nosso repúdio e termos uma opinião formada, com bases sólidas para podermos argumentar. É uma oportunidade de ouro para todos os doentes crónicos, se unirem e fazer ouvir a nossa voz.
O Sidadania está aberto a todos que queiram enviar os seus pensares em forma de texto.
Há um movimento em marcha, a comunidade são as tropas. Temos de sair dos quartéis com as nossas armas, não podemos ficar passivos a atitudes desta natureza.
Ninguém pode ser herói nem pode pretender colher os louros em caso de vitória, mas tem de combater para que possamos vencer a batalha.
1 comentário:
Sinceramente não concordo muito com a distribuição da TARV nas farmácias!
Primeiro: risco da rua toda ficar a saber que se é seropositivo a não ser que a pessoa se dirija a uma farmácia longe de casa o que não faz sentido!Se todas as farmácias forem como a minha que toda a gente se conhece.
Segundo: risco de má adesão á TARV com consequente aumento das resistencias.
Terceiro: As idas ao hospital para buscar medicação permitem maior interação doente/médico/enfermeiro o que aumenta a possibiliadade de detectar precomente efeitos secundários, esclarecer duvidas, modificar comportamentos etc...
Para o Estado: sai mais barato porque de certeza que os seropositivos "mais socialmente condenados" abandonaram as terapias.
Gostava de salientar o excelente trabalho e a equipa do H Joaquim Urbano no Porto que consegui uma taxa de adesão de 95% na população toxicodenpendente conjugando no mesmo serviço, toma de metadona, toma de antituberculostaticos e TARV e medicamentos para a hepatite. A isto chamo matar vários coelhos de uma só cajadada. Assim é que se poupa dinheiro e se melhora a saude dos portugueses!
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