Guerra de um [outro] Mundo



É uma fortaleza autêntica onde se escondem todos os tesouros do mundo. Tem exércitos, polícia, fábricas, bibliotecas, sistema de esgotos, computador com upgrade automático e um governo não eleito que ninguém contesta e que trabalha para o bem da comunidade.
Não existem pobres nem ricos, todos têm o essencial e o excedente é distribuído por todos. Produzem-se bens e serviços que são importados ou exportados e transformados em riqueza.
Se alguém adoece, toda a comunidade se preocupa e tenta em conjunto resolver o problema para que a harmonia e o bem-estar se restabeleçam. Um paraíso num planeta que parece não existir.
Por vezes, uma destas fortalezas tem defeitos de organização que levam ao seu colapso e destruição. Os inimigos que vêm do exterior são combatidos eficazmente pelo sistema de defesa e vigilância e eliminados. Mas nem tudo é perfeito. Cometem-se excessos que levam ao enfraquecimento do sistema facilitando a intrusão de invasores cujo fim é destruir a comunidade. O governo prevendo estas falhas socorre-se da ajuda externa para a resolução do problema, embora nem sempre tenha sucesso.
Um dos maiores inimigos é um comando suicida altamente treinado que entra com passaportes falsos. O sistema de controlo e a polícia de fronteira conseguem detectá-lo e levam-no para o interior da fortaleza onde é sujeito a interrogatório em esquadras de alta segurança. É entregue ao corpo anti-motim para ser escoltado e expulso da comunidade. O problema começa quando os comandos invasores conseguem eliminar os guardas, vestem as suas fardas e disfarçados, corrompem os outros guardas da fortaleza. É o início da destruição de toda a comunidade. O governo prevendo a destruição da fortaleza pede socorro ao exterior. É importado material bélico sofisticado mas a solução é uma guerra sem fim à vista, em que o inimigo não desiste e por mais poderosas que sejam as armas, por mais baixas que produzam no inimigo, este nunca é totalmente destruído.


Esta fortaleza de corpo humano cujo governo é o cérebro, as esquadras de alta segurança, os gânglios e a polícia as células Langerhans debate-se longamente com o comando suicida VIH.


E este texto é apenas um pequeno ensaio do que seria um simples conto infantil para que as crianças compreendam, na tenra idade, como a SIDA acontece. Num tempo em que os contos de fadas foram substituídos por super heróis, soldados e guerreiros inter-galácticos, aqui encontra-se a matéria prima ideal para uma história de combate e luta que ao contrário de tantas outras que vemos na televisão e nos livros, deixa um ensinamento para a vida.


14 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

a força de alguém que se dó à vida nas outras vidas por vir.


conto de bem dizer sobre o corpo móvel que somos....mutantes na perseguição do saber.




beijo. R.

Unknown disse...

É uma maneira didática de explicar às crianças sobre a SIDA. Beijos no teu coração.

Sónia disse...

Uma abordagem bem diferente...só vem provar que existem muitas formas de se desenhar a vida e reforçar a certeza de que o mundo do faz de conta é também uma via didáctica. Parabéns pela imaginação. Beijo (lá mesmo)

Eme disse...

A ideia de um super heroi que nascerá um dia e para defenderá a fortaleza do vihlão tirando-lhe todo o poder e reduzindo-o a uma simples célula invasora à mercê dos macrófagos será de certeza o capítulo seguinte da história.

B e i j o.

São disse...

Excelente texto e imagens lindaaaas.

Um abraço grande.

Biby disse...

Mais um excelente texto Raul!
Lembras-te de te ter dito que achava interessante e pedagogico séries como a "Era uma vez a vida" em que havia os policias (globulos brancos) e os bandidos (virus bacterias, fungos)? Não entendo porque séries destas não voltam as televisões concerteza seriam muito mais educativas.
Beijinhos
BIBY

Maria Dias disse...

Passando para avisar que o Avesso está aberto novamente.O motivo de voltar atras foi nao ter conseguidoadicionar todos os blogs q acompanho e por conta de um não poderia me privar de ter pessoas como vcs me lendo e acompanhando mesmo só com o olhar.Obrigada por teu comentário no Avesso musical q ainda está em construção.Vou te escrever,tenho sentido necessidade de falar,estou triste.

Beijinho

Maria

O Árabe disse...

E precioso ensinamento, amigo. Como só poderia imaginar quem tem compromisso com a vida. Bom resto de semana!

maré disse...

também gostei da abordagem diferente.

e voltarei para mais ler
sobre o nós.porque do tanto que se diz, tanto mal se diz.

um beijo

Isabel disse...

obrigada R.


muito.




muito, e muito e muito!


.imf.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul

Este é um excelente texto que demonstra as tuas reais capacidades em transmitir ensinamentos e alertas que conduzam à prevenção do HIV entre as camadas mais jovens.
A tua experiência de vida é um património de que todos beneficiamos. Por isso vai em frente. Publica um livro e demonstra que em todas as circunstancias o ser humano se eleva quando se entrega a causas.

Abraço
Abraço

José Pires F. disse...

São necessárias mais abordagens deste género, compreensíveis e entendíveis por todos.

Mas, Raul, quem viver neste país, é levado a pensar que, finalmente, a SIDA está morta e enterrada, chegou o tempo da gripe e de outra coisa não se fala.

Felizmente restam os heróis que, na blogosfera continuam a fazer o trabalho que por inerência, compete ao Estado e também à Comunicação Social.

Forte abraço, amigo Raul.

isabel mendes ferreira disse...

e boa noite vida!!!!!

Mª João C.Martins disse...

Raul

Este é um exemplo de como todas as verdades, podem ser contadas e ensinadas às crianças. Basta ter mestria e arte para o fazer!

Um abraço