
Uma visão justa de uma sociedade que assim se deseja mas que terá de percorrer um longo percurso para que isso aconteça.
Na escolha de opções, cabe a cada um escolher a que mais lhe convém sem pressões ou influências externas.

O que é injusto é que, por falta de estruturas de apoio social, obrigarem aqueles que não querem deambular pelas ruas, a viver da caridade dos bons samaritanos, algo meritório mas que não é solução.
Embora a minha vocação e a minha luta se dirija primariamente às pessoas infectadas pelo VIH que vivem em condições sub-humanas, reconheço que o problema é muito mais abrangente e todos deverão ter o direito à integração e à subsistência.

E aqui perco-me em sonhos irreais de Shangri-la, o paraíso perdido onde a fome não existe, a velhice não acontece e todos vivem felizes em paz e amor. Existem estruturas para o teu sonho desde que haja vontade política e os senhores do poder assim o decidirem.Certo é que essas estruturas pouco visíveis ou não funcionam ou funcionam deficientemente. Um banho, um abrigo, lavagem de roupas, uma refeição diária merecedora desse nome e um passe social de transportes é pedir muito?
Eu não penso assim. Penso que é uma medida a tomar de justiça social, e que as estruturas existentes nestas áreas devem ser flexibilizadas e adaptadas à realidade nacional. Quando estas estruturas existirem apenas em ONGs, estas devem ser apoiadas pelo estado e pelas políticas de justiça social.
Tens razão quando afirmas: “A sociedade das tensões é demasiado violenta.”
Uma sociedade nunca evoluirá, enquanto aqueles que vivem o problema da exclusão social, não forem ouvidos e tiverem parte activa nas decisões e politicas que visam sanar os mesmos.
8 comentários:
Raul
Neste momento nós temos uma grande fatia da população a caber no conceito de excluídos. Não me refiro apenas àqueles dois milhões que estão no limiar da pobreza mas a todos aqueles que não têm acesso a bens essenciais como um espaço de lazer e o acesso, ainda que intervalado, a espectáculos lúdicos e actividades formativas e culturais. Pequenas coisas que devem estar a cargo do poder local mas que fazem toda a diferença na qualidade de vida das populações.
As pessoas têm direito a viver/vihver e não a sobreviver/sobrevihver.
Agora a forma como cada um ocupa, ou deseja ocupar o seu tempo, isso é algo do foro individual que não deve ser padronizado desde que não se reverta em danos para terceiros.
Relativamente aos sem-abrigo deixa-me dizer-te também o seguinte: esse direito de se lavarem é coisa que muitos não querem praticar. Alguns estão há anos sem tomar banho e têm os poros tapados e quando certas Associações os obrigam à mangueirada a um banho forçado muitos apanham uma broncopneumonia e odeiam quem foi da ideia.
Por isso reafirmo que só é livre quem tem o direito de escolher e, assim sendo, a integração deverá ser uma oportunidade e nunca uma obrigação.
Abraço
Raul,
E não me parece que a justiça social seja assim tão difícl de ser realizada por parte do Estado. Gastam à rodo o dinheiro do povo e por fim cabe ao povo solucionar problemas de responsabilidade do governo. Nós para solucionar esses problemas teriamos que ganhar na loteria, mas os políticos ja têm os bolsos cheios com o nosso dinheiro. E pouco fazem para solucionar os problemas sociais.
Não quero dizer com isso que devamos "lavar as mãos" mas ao mesmo tempo que fazemos a nossa parte, temos que cobrar dos políticos que façam a parte deles.
Bom fim de semana Raul.
Raul
Pelo direito à diferença e reconhecimento das valências e capacidades de todos os infectados pelo HIV como cidadãos úteis, Viva o 1º. de Maio.
Abraço
Uma pessoa sente-se desconcertada perante o cenário da desigualdade que se verifica todos os dias. Tenta fazer o que pode, dentro dos seus meios. Em grande escala, representa uma enorme ajuda a longo prazo. Mas é tão frustrante perceber que se os que realmente podem, como o governo ou os exageradamente ricos, continuam a preferir viver no seu próprio deslumbramento e proveito, virando a cara a um problema que alastra a nível mundial. Como se existisse por aí uma tese a dizer “nasceu para moer na mó de baixo, paciência, é o destino dele, de Deus ou do raio que o parta”.
De vez em quando um ou outro faz saber da sua contribuição para um dia de sopa dos pobres, outra organização faz saber que vestiu e alimentou uns cento e tal sem-abrigo, etc, mas a solução geral para acabar com o problema não chega. Não imagino a maioria das pessoas a viver confortável sabendo que existem semelhantes nas piores condições. Vivem o dia a dia, mas surge aquela sensação que rapidamente fazem por esquecer entretendo-se nas tarefas. Na política passa-se exactamente o mesmo, o problema é colocado em ultimo plano na resolução e acaba por nunca chegar a ser discutido ou sequer ser feito um plano com soluções. E como estão todos bem lá no alto dos seus poleiros, continuam mergulhados na ilusão. É uma situação escandalosa e resume-se a uma simples equação: os que têm posses comem, os que não têm passam fome, ficam inválidos, viram-se para o extremismo ou morrem.
Perante a consciência de que o Mundo é cheio de desigualdades, é sempre bom ver alguém que diz: "Se me saísse o Euromilhões, a minha primeira prioridade seria ajudar os mais necessitados".
Sabes, Raul, a maior parte das pessoas diria: "Se me saísse o Euromilhões, comprava já um carro, fazia uma viagem, mudava de casa".
É sempre bom ver que alguém pensa de maneira diferente. Talvez seja um sinal de esperança de que nem tudo está perdido.
(Mas, Raul, se te sair o Euromilhões, gasta também uns trocos contigo, homem)
A diferença vergonhosa, entre os que Vivem e os que lutam para Sobreviver!
Uns gritam, outros choram. A maioria cala e cega.
É conveniente não ouvir e não ver.
Num remoto, recanto escondido pode existir algum resto esquecido de consciencia... Se ela acorda, pode incomodar!
Assim se vive, entre o esquecimento e a ignorancia...
Entre o ser esquecido e ignorado!
E há os que escolhem a Rua. Poetas desencantados, onde nenhum lugar é o deles. Sonham a liberdade, simplesmente!
O meu abraço
de revolta desencantada...
abraço de pirata bom. abraço materno.
abraço maduro e macio.
o meu abraço muito muito muito grato.
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