Amor ao Próximo


Passamos uma grande parte da nossa vida, ou até mesmo a vida toda, se for preciso, pensando unicamente em nós. Os outros, incluindo os familiares a amigos, acabam por ser peças que utilizamos, para a concretização dos nosso sonhos e anseios, para a realização das nossas vontades. Não pretendo afirmar que o façamos propositadamente, o que ainda torna o propósito mais grave, na medida em que, prova ser inato no ser humano, a capacidade de utilizar os seus semelhantes para a concretização das suas vontades. Utilizamos os familiares por disporem de uma ligação genética a nós e porque achamos que têm a obrigação de nos ajudar, utilizamos os amigos, pois consideramos que se somos amigos deles, deverão ter a obrigação de serem nossos amigos, utilizamos os colegas de trabalho, desde que os consigamos utilizar e utilizamos até os nossos inimigos, na medida em que, os mantemos à distância, por forma a que não nos incomodem, para que os possamos classificar como tal.Mas, a vida desenrola-se sinuosamente e nunca em linha recta. Quando menos esperamos, surge-nos um obstáculo, por vezes dificil ou impossivel até de ultrapassar, e então, somos obrigados a repensar a nossa forma de ser e de estar definitivamente.No meu caso concreto, surgiu-me a infecção pelo HIV, como um grande, o maior obstáculo, com que alguma vez me deparei e desde então tenho prestado a maior atenção ao meu comportamento e tenho verificado que o mesmo se tem vindo a alterar progressivamente. Passei a dar mais amor à vida e consequentemente aquilo que a constitui, o próximo. Dar amor ao próximo é de facto gratificante. A minha vida é agora mais repleta de sentido. No mundo existe muito sofrimento nas mais diversas formas e cumpre-nos a cada um de nós, ter um efeito minimizador no sofrimento dos que nos rodeiam, contribuindo assim, para minimizar também o nosso próprio sofrimento. A entreajuda é de facto uma terapia complementar a todos os sofrimentos. Neste blog, dedicado essencialmente à causa da sida e das hepatites viricas, está sempre presente o espirito de entreajuda, extensível a outras causas, que porventura causem sofrimento aos nossos semelhantes.Sem desejar mal a ninguém, seria necessário que cada um de nós despertasse para o espirito de amor ao próximo e de entreajuda. No entanto, muitos de nós, só despertamos para esse espirito, quando efectivamente precisamos que o próximo nos dê amor a nós. E voltamos então ao inicio desta relação que caracteriza tão bem os seres humanos.Apelo a todos os leitores, para que se consciencializem da efemeridade da vida, na qual estamos todos de passagem, e na qual muitos de nós sofrem diária e desmesuradamente em busca de um próximo que lhes dê amor. Estendam os braços e abram as mãos, e partilhem da reciprocidade do amor ao próximo e constatarão que a vida será de facto menos pesada, menos sofrida, mais ampla e mais sentida. Aproveitem o virar da página 2007 e intitulem a página 2008, rabiscando no topo da mesma a menção amor ao próximo, e preparem-se para viver um ano intenso e gratificante, desta vez, de dentro para fora, e nunca mais simplesmente e apenas de fora para dentro.

Caloiro

4 comentários:

Nela disse...

Um excelente 2008.

Zé "Prisas" Amaral disse...

Pois é, RU2X,
deves saber que a maior parte desta malta está-se marimbando para o amor ao próximo.

Como diria o Zé, se não implementarmos valores a que estes gajos não estão habituados, que se lixe tudo o resto.

Na miscelânea social onde nos cabe viver, há de tudo. Provavelmente, como aí fora. Mas o sentido que podemos dar à nossa vida pode alterar muita coisa.

Quem não cometeu disparates? No entanto, as consequências somos nós próprios que as arcamos. E tens razão, e faz todo o sentido, quando dizes que a entreajuda é uma terapia gratificante.
Nós sentimos o mesmo.

Olha RU, na medida do possível, esperamos que o ano de 2008 te seja o mais favorável possível.

Recebe um abraço da malta do Núcleo e, em especial, do Zé.
Que fez questão de não deixarmos acabar o ano sem te dar uma palavrinha de incentivo e fazer saber que te apoiamos e compreendemos.

Bruno Miguel Martins

Odele Souza disse...

Ru2x,
Comentei seu post mais recente mas não posso deixar de comentar também este aqui, onde você convida as pessoas a "estenderem os braços e abrirem as mãos" em direção ao próximo. Estou torcendo para que o maior número possível de pessoas aceite seu convite, pois acredito profundamente no que aqui você defende.

Esse estender de braços e mãos ao próximo pode também partir de pessoas como eu e você pois mesmo com nossa situação especial, sempre haverá algo que podemos fazer pelo nosso próximo.

Uma vez eu li não sei quando nem onde, uma frase que desde então, volta e meia me vem à memória: Ninguém nunca está tão bem que não precise de ajuda nem nunca está tão mal que não possa ajudar alguém.

Um abraço.

Nuno de Sousa disse...

Ru2x,

Nada como dar as mãos a pessoas como o amigo, pelo seu significado, pela forma como representa pessoas que sofrem, e que precisam ainda mais de amor e carinho que qualquer outra pessoa, infelizmente hoje a nossa sociedade se afaste de pessoas com HIV qdo deveria ser o contrário, medo de?
São seres humanos que se sentem um pouco abandonados até emsmo pelas suas famílias e porquê?
Está na hora de dar a volta a esta situação, chamar a atenção, porque aqui estão grandes seres humanos como o amigo Ru2x.

Um forte abraço desde amigo e tem sempre aqui um braço e uma mão para o que entender.
Nuno