Fora a estrela da companhia. Brilhara em tempos nos palcos de todo o mundo. Todos falavam dela, da sua performance. Era procurada pelos media pois falar dela disparava as vendas dos citadinos e as audiências televisivas.
A grande estrela SIDA deixou de o ser.
Foi exacerbado o sofrimento, as dezenas de comprimidos diários a tomar, as visitas constantes aos hospitais, os internamentos e todo um sofrer que deixava qualquer um a pensar. A morte e os medos.
Anos depois, surgem os cocktails terapêuticos. A cura não vem mas consegue-se estabilizar a doença e manter o vírus suprimido. Onde há acesso à medicação, já não se morre. Passa a morrer-se da pretensa cura e dos danos que os químicos poderosos para a supressão viral provocam no organismo.
Continua o estigma e o medo de contacto com seropositivos mas é revelado de maneira menos intensa quase imperceptível.
Aparecem novas doenças, peças que vão ao palco das preocupações da vida. Podem matar menos mas ganham o mesmo glamour de tragédia mundial, que é desejada para se vender tempo de antena com grandes audiências e papel de jornal.
Qual o papel da SIDA no futuro? Os activistas e pessoas preocupadas lembram que ela continua a existir, mas poucos se lembram dela.
As grandes farmacêuticas juntam-se na investigação de novos fármacos para VIH para pouparem recursos e manterem vivo o fluxo de entrada de dinheiros para uma doença sem cura. Outras abandonam a investigação na área da SIDA e dedicam-se a outras áreas mais promissoras.
Um blogue temático sobre a doença deixa de ter tópicos de interesse que alimentem textos regulares quer sejam informativos ou testemunhos de atropelos aos direitos dos infectados, torna-se difícil de gerir.
Aos leitores que lêem o Sidadania, fica a herança de pertencerem à história de um blog que nasceu com propósito de divulgação da pandemia e ajuda aos novos infectados
Existem outros sabores e temas que fazem parte do labirinto da vida. Afinal qual a importância de se carregar um vírus hediondo, quando na diferença se encontram semelhanças que mostram o quanto os seres são iguais, pertencentes a uma espécie que se reconhece a si mesma como imperfeita e que o vai continuar a ser.
22 comentários:
Tens tanta razão!
Maria
Pois é amigo.Mas com textos frequentes ou não, com a sua permanência ou extinção, o teu SIDADANIA já disse a que veio,por ter passado para milhares de pessoas informações sobre SIDA/AIDS. Quanta gente não se esclareceu por aqui. Quantas ainda vêm ao teu sítio para se informar. Teu SIDADANIA é sem dúvida um blog de utilidade pública.
Raul, eu espero que esta não seja uma forma poética de dizer adeus.
Eu até compreendo que por vezes se sinta a necessidade de mudar, de fazer pausas, mas obviamente a Odele tem toda a razão.
O seu espaço faz falta.
Muita falta.
Eu tenho a certeza que em todas as pessoas que por aqui passaram se alterou qualquer coisa no respectivo modo de pensar sobre esta doença e na forma como passaram a lidar com ela.
Já partilhei tantas emoções com este espaço que não posso de forma alguma perdê-lo.
Vou confidenciar-lhe uma coisa : foi este espaço que me deu a dimensão exacta sobre algumas das minhas emoções.
Certa vez o Raul colocou num post a questão : como reagiria se o seu companheiro/a contraísse esta doença?
Lembra-se?
Por incrível que pareça eu nunca tinha respondido honestamente a essa questão a mim mesma.
Questionei-me de facto por força do seu post.
E pela resposta a que cheguei compreendi perfeitamente a dimensão de determinados afectos para mim.
Não quero perder a sua escrita Raul.
Entristeceria muitos amigos.
E pense em quantas novas pessoas ainda não vai sensibilizar para esta causa...
Todos nos cansamos às vezes.E eu posso claramente compreender que está cansado.
Mas ainda assim é preciso continuar, Raúl. É ...
Não encerre o blog. Seria de facto uma perda muito triste.
Um beijinho amigo.
Maria
Raulito
Nâo feches o blog se faz favor.
Tu melhor que ninguém sabes como divulgar esta doença.
E nós precisamos de esclarecimentos sobre ela.
Já muita gente passou aqui, para te ler e voltarâo para continuar a ler-te.
è util este blog, e faz muita mas muita falta.
Raul, lembra-te é seguir sempre em frente.
beijocas
Raul espero que este post não seja uma despedida! A tua escrita faz muita falta, pois à tua maneira vais lutando contra a preconceito e o estigma na primeira pessoa!
A SIDA existe e continua a fazer vitimas e a historia desta pandemia está longe de chegar ao fim, penso que em breve entraremos (ou ja entramos) noutra fase da doença: disseminação de virus resistentes á terapeutica... é um jogo do gato e do rato, o virus escapa e a ciência tenta ir atrás dele... A procura de uma vacina e da cura continua mas os resultados são lentos... a espera é dolorosa para os que vivem com esta doença á muitos anos...enquanto isso milhares de pessoas vão-se infectando por todo o mundo...
Beijinhos
BIBY
Não leio despedida nem por sombras.
Pode-se colocar algo de lado e afirmar que não se regressa a ele tão depressa desde que nada acabe com a palavra FIM. As relíquias devem ser salvas e recuperadas, relíquias que não os sapatos, a lanterna ou os móveis, apenas as que ficam inteiras como as memórias, os sorrisos, as palavras nascidas no centro do peito do ser que acredita em si próprio e na magia do destino que trará à sua vida uma nova história.
É o que vejo para o Sidadania. Um novo rumo. E o seu autor tem de se convencer que até os melhores escritores podem estar anos sem escrever para depois desabrochar uma escrita nova e surpreendente. Faz como eu. Vai até Oz, a terra de ninguém e de todos e banha-te nas fontes da tranquilidade o tempo que for preciso.
Quanto à estrela, nunca se apaga. De vez em quando vai querer que a lances para o estrelato sempre que se vestir com outro fato.
Beijo para ti.
Li e reli, como sempre faço e apresentas mais um texto inquietante, já que a humanidade toda ela é feita de "labirintos".
Fechares o blog? apesar de não concordar, tenho que aceitar e respeitar porque reconheço o teu valor neste espaço e nos outros, pelo muito que já divulgaste, pelo muito que fizeste a quem se abeirou perto de ti, pelo muito que aqui me/nos ensinaste.
Continua Raul, não desistas, faz uma pausa...mas volto a repetir...se for essa a tua vontade respeitarei na mesma e mantenho a minha postura de agradecimento pelo "Sir" que´demonstras ser através da escrita e que acredito "seres tal e qual".
Beijocas
Raul ainda sou nova por aqui, mas o meu pensamento não é diferente do da Fatyly. O seu blogue tem uma razão muito forte para existir, informar e desmistificar muitos medos e anseios.
Descanse o tempo que precisar, mas não se esqueça que faz falta por aqui.
Se resolver não voltar mais, é lógico que também respeito, mas por agora prefiro acreditar que a retirada é temporária.
Beijinhos e tudo de bom,
Ana Martins
Raul,
Estou aqui na madrugada e resolvo por passar por aqui para te ler um pouquinho.Bem,te ler é sempre muito interessante e acredite mesmo quando não escrevo aqui vez ou outra te leio.As vezes me afasto pq ler coisas tao verdadeiras incomoda e assusta tb(não dizem q a verdade dói?).Mas sempre q tenho alguma dúvida eu volto por aqui imediatamente.Tenho certeza q todas as vezes q alguém tiver dúvidas e precisar de orientação e apoio a este respeito vai lembrar de vc e do Sidania(tenha certeza disso!)e quem tiver a sorte de conhecer o Sidadania vai sentir como encontrando uma ilha de aconchego,vai entender q pode sobreviver e q existem pessoas q convivem com o mesmo problema(acredito q seja bom saber q não se está só nesta ilha!).E vou deixar um palpite,se resolver dar um tempo e parar com o Sidadania pra valer pq as vezes precisamos parar,pq as vezes precisamos dar um tempo sim,não feche o sidadania por favor,deixe-o aberto com todas estas informações viu?Este lugar vai sempre ser fonte de ajuda e por aqui com certeza mesmo q vc não esteja um outro alguem há de socorrer alguém q venha a precisar de socorro.Vá se precisar mas deixe as janelas do Sidadania abertas para saberem q aqui existe vida e informação.
Beijos
Maria Dias
Oxalá esta não seja a sua maneira elegante de nos dizer adeus. A Sida continua aí e o seu blogue foi um marco no caminho da desmistificação da doença, e também um aviso aos mais incautos. E continua a ter lugar neste caminho já que pouco se faz a nível oficial.
Um abraço e aqui ou em outro lado tudo de bom para si.
Passei por aqui e ocorreu-me desejar bom fim de semana e deixar um beijinho amigo.
Maria
(cheguei hoje. agora mesmo. porém não me esqueci. estive longe de um pc. mas ainda vim a tempo de lembrar o dia 13 (que tenho a certeza tb não esqueceu)...:)
Beijos. Raul.O brigada.
(piano)
Raúl,
A grande estrela só deixou de o ser para quem ainda nao teve contacto com ela... Posso assegurar (embora tu saibas bem) que para os que vivemos com ela, por muito que tentemos, recusa-se a assumir um papel secundário de faceta submissa e obediente. Ao longo de um dia, quantas vezes nos lembramos dela? Quantas vezes deixamos que nos limite a existencia, mesmo que de forma automatizada e até conformada?
Há mais coisas importantes na vida, nao posso negar tal evidencia, mas os que vivemos com este virus, jamais poderemos baixar a guarda e confiarmos numa pseudo-inocencia de fera domesticada. Vive-se com o HIV, mas de outra maneira... Por isso, todo o trabalho de prevençao e de aconselhamento sobre este tema nao pode passar a um segundo plano. Isso implica um risco enorme que actualmente está já a aumentar em numero de contagios... Eu penso seguir com esse trabalho, e confio que tu também.
Recebe um enorme e fraterno abraço,
Zé Ninguém
Olá Raúl, seja qual for a sua opção eu quero agradeçer o facto de ter aprendido tanto consigo. Aprendi a ler em discurso directo os sentimentos, frustações, esperanças, ilusões, desilusões de todos os seres humanos.
Doentes ou sãos, infectados ou não todos temos momentos de doença...e por vezes a "ausência de saúde" aparece sobre a formas mais inquietante...há doenças que substituem as pessoas..deixa de ser o " João, a Maria..." para ser a Doença a "estrela principal"...
Mas que sei eu?
Só posso aprender com os que sofrem...mas que não se escondem...com os que dão a cara e estendem a mão.
Por isso só posso, mais uma vez, agradecer o seu espaço, a sua CORAGEM E PARTILHA...e continuar por aqui a ler, a conhecer...a CRESCER...Consigo.
Um abraço...Grande.
Caro Raul,
o Sidadania foi premiado com o selo "COMPROMETIDOS Y MÁS, 2009", um prémio que visa destacar os blogues que de uma forma ou de outra lutem por um mundo mais justo e melhor.
Beijinhos,
Ana Martins
Desde mis BLOGS:
--- HORAS ROTAS ---
y
--- AULA DE PAZ ----
quiero presentarme
en esta nueva apertura
del eminente otoño.
Tiempo que aprovecho
ahora para desear
un feliz reingreso en
la actividad diaria.
Así como INVITAROS
a mis BLOGS:
--- HORAS ROTAS ---
y
--- AULA DE PAZ ----
con el deseo de que
estos sean del agrado
personal.
Momentos para compartir
con un fuerte abrazo de
emociones, imaginación y
paz. Abiertos a la comunicación
siempre.
afectuosamente :
SIDADANIA
jose
ramon…
---http://www.youtube.com/watch?v=sPSbe2ROlB0----
Um beijo, Raúl.
Um beijinho Raul, 24.09.2009, Maria
Recuso que seja o encerramento deste blogue, que te estejas despedindo!
Portanto, até já.
Um abraço.
Olá Raul
Sabes já li este post umas 100 vezes:))
Quando começas a escrever outro?
Espero que seja em breve.
beijocas
Saudades.
Beijos de Odele e Flavia.
xaudaxõoes! vô tumar conta desta xidade!!
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