SIDA e a Arte

É comum ouvirmos, muitos médicos ao falarem de SIDA mencionarem o estado de arte, servindo este termo para exarcebar uma qualificação, que muitos não têm, para o tratamento de doentes com HIV.
Para mim a arte sobre sida reflecte-se em iniciativas de infectados que mostram o que é realmente viver com o vírus, e de testes a que se submetem como é o caso da exposição “Corpocobaia”
Seria bom termos em Portugal algo parecido na nossa agenda cultural.
Em cartaz em São Paulo, a exposição “Corpocobaia e a Delicadeza Grave da Vida” retrata por meio de fotografias o "deserto" das relações interpessoais com portadores do HIV. O trabalho é do artista Paulo Lima Buenoz, o qual disse que o nome da exposição se deve ao facto de se ter submetido, como voluntário, aos testes de um medicamento anti-retroviral em 1993, num hospital dos Estados Unidos. “Até hoje é um mistério alguns efeitos de remédios em uma pessoa, nosso corpo é cobaia”, declara."Corpocobaia" é composta de uma instalação multimédia, exibição de DVD, 35 imagens fotográficas em preto e branco, sete imagens fotográficas suspensas, impressas em tecido, além de outras imagens fotográficas plotadas em vinil transparente nas vidraças da galeria.Em pouco mais de hora e meia de conversa, Paulo Lima disse que sua principal inspiração, para realizar e trabalhar as fotografias, foi a natureza morta. “Tirei fotos da memória das coisas, desde seringas até um pão mordido”, explica.Paulo tirou as fotos dentro do hospital, quando começou a sentir-se mal com os testes. “Achei que deveria registrar de alguma forma, já que talvez eu não fosse durar muito tempo”, conta.O artista registrava imagens, todos os dias, de sua própria cama, ao acordar. Ele contou que tirou as fotos até dos próprios braços e pernas. As imagens foram digitalizadas e trabalhadas no computador. “Eu exacerbei alguns detalhes, por exemplo, trabalhei o tom de amarelo em uma cortina. Quando tinha um lixo vermelho (hospitalar), eu exagerava mais ainda a tonalidade para destacar o objecto”, diz.Durante a conversa com o público, o artista foi questionado se ter HIV é a mesma coisa que uma doença crónica, como diabetes. “Não é, as pessoas ainda têm medo do contágio. É muito mais complicado entrar numa roda de amigos e declarar ser seropositivo. A transmissão do vírus é por meio de um contacto muito íntimo e quem é portador, é alvo de avaliação moral”, disse.“Montei a exposição sem pretensão política, quis contribuir com o que sei fazer, arte. Quero mostrar que a Sida é muito mais do que tomar cinco medicamentos. Tudo isso tem problema, da mesma forma que se prolonga a vida, os problemas aumentam”, finaliza.
Fonte:Agencia de noticias AIDS

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