Inibidores de CCR5 nova esperança?

De vez em quando, aparecem notícias bombásticas sobre novos tipos de medicamentos, para o combate ao HIV. A esperança nos infectados renasce a cada novo tipo de medicamentos, muito em especial naqueles cujos vírus são resistentes aos medicamentos disponíveis no mercado.
Actualmente a esperança vem dos inibidores do correceptor CCR5, uma enzima necessária para que o vírus penetre as células CD4 e as infecte, para se poder reproduzir.
No entanto há vírus que utilizam outro correceptor este chamado CXR4 e ainda outros que indiferenciadamente usam um ou outro correceptor chamados Dual.
É um avanço no combate aos vírus, resistentes e mais uma ferramenta importante no tratamento da infecção, no entanto como em tudo na vida não há bela sem senão e eis que nesta nova classe de medicamentos existe algo que é preocupante.
O médico que nos trata terá de saber qual o tipo de vírus predominante no nosso sangue e se ele utiliza o CCR5 ou CXR4, para infectar as células e se reproduzir, ou de outra forma o doente poderá correr o risco de tomar um medicamento que não será eficaz.
É necessário fazer um teste chamado de tropismo e é aqui que os problemas começam.
Em todo o mundo só há um laboratório, que desenvolveu este tipo de testes e os resultados levam entre 6 a 8 semanas, tempo demasiado para quem está sem medicação e necessita de uma terapia de resgate para continuar a viver. O teste pode custar até 800 euros dependendo do câmbio do euro em relação ao dólar, pois este laboratório (sabe-se lá porquê) é nos Estados Unidos.
Além do mais, os Estados Unidos têm uma politica discriminatória em relação a cidadãos estrangeiros infectados com o HIV, à semelhança de outros países, e as amostras enviadas podem constituir uma quebra na confidencialidade de cidadãos neste caso europeus que podem passar a ficar registados em bases de dados que os identificam.
Tempo de espera demasiado, quebra de confidencialidade e preços que podem arruinar os sistemas de saúde europeus. Para quando um laboratório europeu que possa fazer este tipo de testes?
Será que na realidade os inibidores de CCR5, serão um passo em frente até se conseguir a supressão total do HIV, ou mais uma montanha a parir um rato? Resta-nos aguardar e ir confiando nos progressos da ciência.

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu inclino-me mais para a tese da parideira...

Pedro disse...

Dependendo do genotype viral este tratamento vai fazer, sem sombra de duvida, uma grande diferenca para uma significativa percentagem de pessoas infectadas.
De qualquer maneira ja temos no Reino Unido este tipo de lab em fase experimental.

R.Almeida disse...

Olá Pedro
Tanto o Maraviroc como o Vicriviroc, vão ter o seu lugar na história das terapias anti HIV por serem uma nova classe de medicamentos.
Em relação à genotipagem vírica a coisa torna-se complicada tanto mais que os testes de tropismo até agora utilizados, não são completamente fiáveis, e têm uma margem de erro inversamente proporcional em relação à carga viral o que pode dar falsas indicações de R5 positivos. Por outro lado a instabilidade do tropismo viral, leva a que se tenham de fazer vários testes para se comprovar que a população viral mantém-se R5, durante a terapia. Isto vai por os cabelos a arder às administrações hospitalares e aos SNS, devido aos preços.
Sei que há pelo menos 2 companhias que estão a desenvolver testes reactivos de tropismo que poderiam ser feitos em qualquer laboratório de hospital, que para alem de mais económicos têm a vantagem de se saberem os resultados numa semana.
Quando falas que no RU (UK) têm lab em fase experimental estás-te a referir a fazerem os testes da Monogram com o Trofile? Se puderes ser mais esclarecedor agradeço.
Um abraço

Pedro disse...

Sim estava a referir-me aos testes da Mono mas claro tudo isto e dito "off the record",e,tanto quanto tenho conhecimento os resultados ja se conseguem em menos de uma semana.
Um abraco
(vejo que dedicas grande parte do teu tempo a fazer research, quem me dera conseguir pesquisar tanto como tu...)

R.Almeida disse...

Activismo,Pedro e não sou só eu mas um grupo bem estruturado e com pessoas de muito valor cientifico.Eu sou apenas "Aprendiz de Feiticeiro".Vi as tuas fotos e um pouco de ti e da tua arte, tive azar não encontrar o teu email para te contactar, directamente.
Um abraço